Gaslighting por Sonia von
Homrich
Gaslighting é abuso
psicológico. Aquele que abusa distorce as informações, omite informações que
ele seleciona, inventa, nega que perpetra abusos, cria situações estranhas com
a clara intenção de desorientar a sua vítima de tal forma que esta duvide de
sua memória, de suas percepções, de sua sanidade. A intenção é levar a vítima a
um “nervous breakdown” a uma crise de nervos, contínua.
Gaslightning tem como
objetivo convencer a vítima que ela não está saudável mentalmente para avaliar
a realidade por ela própria e o melhor a fazer é confiar na interpretação da
realidade que o abusador lhe impõe. Naturalmente isto faz a vítima tornar-se
dependente do abusador e a impede de conscientizar-se que está sendo vítima de
abuso.
Às vezes ambos os pais (ou apenas um deles) praticam gaslightning com
um dos filhos e não com os outros; também ocorre entre casais, “etiquetando” as
percepções com nomes que diferem da realidade – por exemplo, a rejeição de um
dos pais a um filho ou filha é sempre negada e à percepção de rejeição que é a
correta por parte do filho-filha é “corrigida” pelo abusador, negando a
rejeição e insistindo em seu imenso amor, cuidado, desvelo, a ponto de criar em
termos sociais a distorção, fazendo-se o abusador de vítima: incompreendido em
sua imensa bondade.
O que se intenciona através desta prática é levar a vítima a ter suas
percepções minadas.
No caso de infidelidade no relacionamento marital, é possível que
as reações do cônjuge que percebe as traições sejam etiquetadas como
exageradas, desproporcionais, uma prova de sua incapacidade psíquica – levando terapeutas,
advogados e juízes a um entendimento totalmente errôneo da situação enfrentada,
inclusive nos casos de violência, nos quais o abusador nega categoricamente ter
cometido alguma violência. E convence a Justiça que a vítima, mente.
Ocorre também em casos de violência no trabalho como, por exemplo, levar um funcionário a cair de costas e
justificar dizendo que o funcionário caiu, tropeçou por culpa exclusiva do
funcionário a consequente fratura de cotovelo.
O abusador constantemente quebra as regras de convívio e de moralidade,
conviver com o abusador é como andar no fio da navalha constantemente. O abusador destrói a imagem do outro – é um
destruidor de reputações – explora pessoas - realizando tudo com muito charme, muitas
vezes demonstrando que ele, abusador é uma pessoa muito boa, de boa índole, de
forma convincente prova que a vítima, mente.
O abusador nega de forma muito consistente alguma ação nefasta de
tal forma que a vítima duvide sempre, constantemente de suas percepções.
A habilidade da vítima em resistir às manipulações depende de sua
habilidade em acreditar em seus próprios julgamentos e com isto criar suas contra
histórias de tal forma que essa vítima adquira níveis superiores de livre-arbítrio.
Vivemos num mundo conturbado no qual esta tática de abuso é muito
utilizada na política e na guerra de informações. Crescer em termos de
consciência-acordada, expandindo esta consciência significa distinguir o falso
do verdadeiro, perceber as meias verdades, vivificar o pensar de tal forma que praticamos
o expandir da consciência-acordada e vivificada, estando sempre
presentes e alertas no momento presente.
Este desenvolvimento da consciência une o pensar ao coração
através de um novo direcionamento da força de vontade do ser humano, expandindo
o seu Eu (Eu-Sou) a níveis superiores de consciência, usando a Imaginação
Criativa, a Inspiração, a Intuição Cognitiva.
Tornando-se seres livres e responsáveis, capazes de conhecer a si
mesmos e sua essência cósmico-divino-espiritual, e assim crescer em criatividade.
E o que fazer com o abusador? Além de compreender o seu papel – a vítima
se fortalece por superação, por transcender, além da vítima aprender a perdoar
o abusador, também deve-se aprender a conter o abusador. Este traz malefícios que só se tornam
benefícios quando a vítima é capaz de transformar este mal em bem, porém perdoar
sem se perder em vinganças e ao mesmo tempo evitar manter o abusador no mesmo
espaço sociocultural pois este infecta tal qual uma bactéria, o tecido social, o abusador continua sendo um predador. Proteger
o organismo social mantendo o abusador afastado para que este não destrua o
progresso do bom desenvolvimento, da boa e verdadeira evolução humana.
Reconhecimentos a Rudolf Steiner, Rudolf Treichler, Evelyn Francis
Capel.