Missão, Caráter, Essência, Grail Triptych /Tryptychon Graal, Sonia von Homrich

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30 agosto 2019

Paraiso ou Cidade Sagrada. SvH


Paraíso ou Cidade Sagrada por Sonia von Homrich


Chamo a atenção dos amigos a um trecho do discurso do Embaixador Nestor Forster Jr., na cerimônia de outorga da Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco ao filósofo Olavo de Carvalho no dia 29 de Agosto p.p.
“Finalmente, dentre as inúmeras contribuições originais de Olavo de Carvalho à Filosofia Política e à Ciência Política, a definição científica do fenômeno da mentalidade revolucionária está certamente entre as de maior alcance. Objeto de aulas, artigos e palestras, a teoria formulada pelo Professor mostra que, desde suas origens mais remotas, nos movimentos messiânicos e apocalípticos dos séculos XIV e XV, todas as revoluções subseqüentes, da francesa à soviética, chinesa, cubana, etc.  possuem uma característica comum: todas essas revoluções projetos de reforma integral da sociedade, do mundo, da natureza, mediante uma inédita concentração de poder nas mãos da elite revolucionária, detentora exclusiva do conhecimento redentor, da mesma forma que os líderes gnósticos do passado se julgavam portadores das chaves para o paraíso, não mais no fim dos tempos, mas dentro do tempo histórico. E essa concentração de poder decorrente do alegado conhecimento de um suposto “mundo melhor” opera com base na inversão do sentido do tempo. O comum dos mortais vive em um presente em fluxo permanente, desde um passado que não pode ser mudado, e por isso pode ser conhecido, em direção a um futuro desconhecido, mas moldável de acordo com os desejos humanos. Para a mente revolucionária, como a descreveu o Professor, opera-se uma inversão fundamental desse sentido habitual do tempo que temos todos. É em nome de um futuro conhecido e anunciado pela elite revolucionária que ela concentra o poder no presente e reescreve o passado, que já não é mais imutável, mas é refeito constantemente em função do projeto futuro.”
Essas questões de presente, passado e futuro são bem importantes realmente,  embora os marxistas (sejam social-democratas, sejam socialistas de qualquer tendência) queiram mudar o passado, os fatos, os acontecimentos não se alteram. O passado é imutável, não importa quantas distorções sejam criadas – em termos de Noûs-Counselling, não atuamos para mudar o passado, mas sim mudar o presente. É no presente que somos criativos e conseguimos afinar nossas percepções, ascendendo-as para desenvolver uma consciência intuitiva a nível de Devachan, simplificando um assunto que exige maiores explicações.
Isso é feito tendo em vista o futuro que almejamos – as mudanças que almejamos no futuro são trabalhadas no presente de forma consciente. Isso também não é algo que se possa afirmar em poucas palavras, mesmo porque temos milhares de situações que mostram que não se planeja o futuro já que muito do que acontece no futuro não estava planejado em muitos casos é “serendipity” – então temos aqui diferentes níveis de compreensão e entendimento a serem desvendados.
Mas o que é mutável mesmo é o presente momento. Nele podemos atuar de forma co-criativa com o Divino, o Cosmos-Espiritual, ou não, depende de nosso livre-arbítrio.
O que vemos hoje nas decisões tomadas pelo STF? Por leis aprovadas pelo Congresso? A usurpação do entendimento de passado, presente e futuro. Então uso o discurso do Embaixador Forster Jr. para enfatizar a que me refiro “Para a mente revolucionária, como a descreveu o Professor (Olavo de Carvalho), opera-se uma inversão fundamental deste sentido habitual do tempo que temos todos. É em nome de um futuro conhecido e anunciado pela elite revolucionária que ela concentra o poder no presente e reescreve o passado, que já não é mais imutável, mas é refeito constantemente em função do projeto futuro.”
E aqui incluo uma imagem elucidativa. Muitos imaginam encontrar o Paraíso na Terra e querem criá-lo. Pessoas que se encontram sob a influência de forças poderosíssimas mas totalmente materialistas (Ahriman, Mefistófeles do Fausto de Goethe). Outros imaginam que só encontram o Paraíso fora da Terra e desprezam  (Lúcifer) a Terra, entrando numa falsa espiritualidade, desprezam quem consideram imperfeitos (excluem-se da evolução) já que não se permitem considerar que é na Terra que usamos nossa espiritualidade e materialidade, em nosso corpo físico, no momento presente onde somos ou queremos, ou ainda almejamos ser co-criativos para o bem último da humanidade, para o cultivo do amor universal (Cristo), o que jamais é uma metáfora.
Obviamente assuntos que exigem um aprofundamento demorado, o que não cabe neste artigo.
Então embora a procura do Paraíso ainda esteja viva na imaginação das pessoas, o Paraíso não mais é a meta do ser humano, mas sim Philadelphia. A construção da Cidade Sagrada que fazemos com um enorme esforço pessoal em nossas ações na Terra, ações estas que queremos sejam verdadeiras e com moralidade. Afinal a Terra tem que ser transformada em uma obra de Arte pelas mãos, pelas ações do ser humano (e não sem o ser humano).
Porque nosso ideal é a liberdade e não o controle obsessivo de todas as variáveis. Queremos uma liberdade que se equilibre com a responsabilidade quer como indivíduos, quer como cidadãos da Terra, sem que alguma destas variáveis se exceda. Uma equilibra a outra.
Nossa soberania é essencial, tanto a nível de individualidade como quando cidadãos – a soberania de nossa pátria, onde ser nacionalista é ser patriótico numa nova conceituação de 2019, contrapondo-se ao marxismo em todas as suas formas (Gramsci, Ecologia, Escola de Frankfurt, etc.)
Com nosso esforço pessoal construímos, edificamos numa escultura social, espiritual, cultural a Cidade Sagrada onde não mais seremos colocados longe dos deuses, mas com eles iremos conviver.
Então almejar o Paraíso é almejar a volta, o retorno ao passado que não construímos nós com nosso constante esforço enquanto vivemos na Terra, é não almejar o futuro e o futuro não é o Paraíso.
Bem, por hoje é só.