Iniciação: Seis exercícios básicos por Rudolf Steiner
Para se compreender os exercícios, o ser humano é composto de 4 membros a saber: corpo físico (minerais), corpo etérico (vegetais), corpo astral (alma), espírito (EU). Ao nos referirmos no texto abaixo ao Ego, estamos falando da alma e não do Espírito que é eterno.
Na evolução e desenvolvimento da Alma da Sensação, da Alma do Intelecto e da Razão, da Alma da Consciência Espiritual novas qualidades são incorporadas por cada individualidade em seu Ego – ou seja, altas qualidades, qualidades superiores que advém de muito esforço pessoal. Uma conquista. Não use os conceitos de Ego da Psicanálise aqui.
De forma trimembrada ou tripartide, o ser humano consiste em
pensar, sentir e querer onde pensar se refere ao sistema neuro-sensorial,
sentir ao sistema circulatório e respiratório e o querer ao sistema metabólico
e membros.
1 Controle do
direcionamento do pensar
Certas qualidades são necessárias, na prática, para que o iniciado encontre seu caminho aos mundos superiores. Controle da alma sobre sua linha do pensamento, sobre sua vontade e sentimentos. O caminho no qual este controle deva ser adquirido é dual em termos de objetivos. A maneira pela qual esse controle deve ser adquirido através da prática tem um objetivo duplo. De um lado, a alma deve ser imbuída de firmeza, certeza e equilíbrio em tal grau que preserve estas qualidades, considerando que um segundo Ego nasce deste ser, ao qual deve-se fornecer (alimentar) com fortalecimento interior e consistência de caráter. Objetividade é acima de tudo o que se necessita para o pensar humano, no treinamento espiritual. No mundo físico-sensorial, a vida ensina objetividade ao ego humano. Se a alma deixar os pensamentos vagarem sem objetivo, a vida, de imediato a obriga a se corrigir, para não entrar em conflito com a alma. A alma deve pensar de acordo com o curso dos fatos da vida. Afastando o ser humano a sua atenção do mundo físico-sensorial, falta a obrigatória correção advinda dos fatos físico-sensoriais. O pensar se torna irracional quando o pensar individual é incapaz de ser o seu próprio corretivo. Assim, o pensar que está em treinamento pelo iniciado espiritual necessita ser capaz de dar a si mesmo, direção e objetivo. O pensar deve ser seu próprio instrutor tanto em firmeza interior como na capacidade de manter estrita atenção voltada a um objeto. Assim, “exercícios do pensar” adequados devem ser realizados com objetos simples e familiares (nunca desconhecidos e complicados). Concentre seu pensar (durante meses) diariamente, durante cinco minutos num objeto comum (por exemplo: uma agulha, ou um lápis, etc.) excluindo durante estes 5 minutos de concentração todos os pensamentos sem relevância para o objeto em questão, está treinando seu pensar para ser racional na ausência do físico-sensorial. Podemos alterar de objeto diariamente, importante é a concentração excluindo qualquer pensamento que nada tenha a ver com o objeto em si mesmo. Quem está acostumado ao pensar científico não despreze esta concentração. Nós fazemos na prática, os fatos se vincularem na concentração de um único objeto, por um curto período de tempo. Ao se concentrar em um objeto conhecido, temos certeza de pensar em conformidade com os fatos. Ao nos perguntarmos sobre a composição do lápis, como seus materiais são preparados, como eles são reunidos posteriormente, quando os lápis foram inventados e assim por diante, conformamos (moldamos) nossos pensamentos à realidade do lápis muito mais do que se refletimos sobre a origem do homem, ou sobre a natureza da vida.
Através de simples exercícios do pensar adquirimos grandes habilidades para o pensar factual concernente às evoluções de Saturno, Sol, Lua muito mais do que através de ideias complicadas e aprendidas. Porque o princípio aqui não é dedicar o pensar sobre a matéria A ou B. Trata-se de fortalecer esta força interior para o pensar factual. Trata-se de aprender a não divagar os nossos pensamentos sem que estes se atenham a fatos quando não estando ligados ao mundo físico-sensorial. Trata-se de fazer o pensar funcionar com a mesma precisão que tem quando conectado ao mundo físico-sensorial, sem esta conexão. Quando nos instruímos em relação ao factual, através de processos físico-sensórios, facilmente pesquisáveis, então o pensar acostuma-se e funcionar de acordo com os fatos mesmo quando sua percepção lhe diz que seu pensar não mais está controlado pelo mundo físico-sensório e suas leis. Ao mesmo tempo nos libertamos do hábito de nosso pensar vagar sem relação a fatos, nos levando a não ter controle sobre o pensar.
2. Controle dos impulsos da vontade
A alma deve ser a administradora na esfera da vontade, assim como no controle do pensar. No mundo físico-sensório é a vida que administra enfatizando a necessidade A ou B do ser humano e se sente motivada a satisfazer estas necessidades. No treinamento superior o ser humano administra a si mesmo para obedecer apenas ao seu próprio comando, de forma estrita. Aquele que se tornar apto a assim direcionar a sua vontade, sentir-se-á cada vez menos inclinado a desejar o que é não essencial. A insatisfação e instabilidade na vida da vontade reside sobre o desejo por aquilo que não concebemos claramente a realização. Insatisfações podem trazer desordem à vida mental como um todo quando o Ego-Superior está para emergir a partir da alma. A prática aqui indicada consiste em por vários meses numa determinada hora do dia, realizarmos uma ação que nos impomos a nós mesmos. “A partir de hoje às 10 hs farei...tal ação “ Assim nos tornamos aptos a determinar a hora de determinada ação e sua natureza a ser realizada de forma a nos permitir de forma acurada a uma grande exatidão. Então ascendemos a nós mesmos acima da atitude danosa da mente que reside em “gostar disto, querer aquilo”, na qual nada fazemos para considerar a possibilidade de realizá-la. A grande personalidade de Goethe, fez um vidente dizer: "Eu amo aquele que deseja o impossível" (Goethe, Fausto 11). E Goethe diz a si mesmo: “Viver na ideia significa tratar o impossível como pensar sendo possível”. Para a demanda de Goethe e seu vidente Manto, só pode ser realizada por aquele que treinou a si mesmo a desejar o que é possível, de forma a estar apto, através de sua vontade muito fortalecida, a tratar o “impossível” de forma a transformá-lo através de sua vontade em possível.
3. Calma na alegria e na tristeza
Em termos do nosso mundo de sentimentos, a alma deve adquirir através do treinamento espiritual um certo grau de calma. Para este propósito a alma necessariamente torna-se a administradora sobre as expressões de alegria ou tristeza, de prazer ou dor. É exatamente ao que concerne adquirir esta habilidade que muito preconceito reside. Imagina-se que o ser humano deva se tornar aborrecido (chato) e sem simpatia em relação a outro ser humano ao treinar para não alegrar-se com a alegria ou sentir dor pela dor alheia. Mas este nunca é o ponto em questão. Com a alegria a alma deve regozijar-se, com a tristeza, deve sentir a dor. Mas deve adquirir sim a habilidade de controlar a expressão de alegria e tristeza, de prazer e dor. Empreendendo este treinamento, nota-se logo que a pessoa torna-se ainda mais sensível, mais receptiva para tudo que é alegre ou triste em seu ambiente do que anteriormente. Para se estar certo, para adquirir esta habilidade observe-se estritamente por um longo período de tempo. E permita-se ver que sua capacidade integral para simpatizar com a alegria e a tristeza sem perder seu próprio auto-controle aumenta e desta forma nos libertamos de expressões involuntárias de seus sentimentos. Não é a dor que se justifica que deve ser suprimida, mas o choro involuntário; não suprimir o horror à ação do Mal, mas sim a erupção da raiva cega; não é suprimir a atenção ao perigo, mas o medo infrutífero, etc. Somente através desta prática o iniciado adquire a tranquilidade necessária na mente para que a alma não impeça o nascimento do Ego-Superior e sobretudo, que durante esta sua atividade, para evitar que o sósia da alma surja ao lado do Ego Superior, levando a uma anormalidade na alma. Não engane a si mesmo. Muitos concordam que já adquiriram uma certa equanimidade na vida cotidiana e, portanto, não precisam deste exercício. Mas pode-se ficar calmo ao confrontar as coisas da vida cotidiana, e quando se ascende a um mundo superior, a falta de equilíbrio que até então suprimida se afirma ainda mais. Deve -se entender que no treinamento espiritual, o que já se possuiu anteriormente é de menor importância do que a prática com regras exatas, daquilo que falta. Embora essa frase pareça contraditória, é, no entanto, correta. Embora a vida tenha nos ensinado isso ou aquilo, as habilidades que adquirimos por nós mesmos servem à causa do treinamento espiritual. Se a vida nos trouxe excitabilidade, devemos quebrar o hábito; se a vida nos trouxe complacência, devemos, através da autoeducação, despertar a nós mesmos em tal grau que a expressão da alma corresponde à impressão recebida. Quem nunca ri sobre nada tem tão pouco um controle de sua vida quanto alguém que, sem nenhum controle, é continuamente dado ao riso fácil.
4. Positividade ao julgar o mundo
Positividade além de controle do pensar e dos sentimentos. Uma bela lenda sobre como Cristo Jesus, acompanhado por algumas pessoas, passou por um cachorro morto deitado na beira da estrada. Enquanto os outros se afastaram do espetáculo hediondo, Cristo Jesus falou admiradamente dos belos dentes do animal. Pode-se aprender a atitude da alma em relação ao mundo demonstrado por essa lenda. O erro, o mal, o feio não devem impedir que a alma encontre o VERDADEIRO, O BOM E O BELO onde quer que estejam presentes. Essa positividade não deve ser confundida com o não criticismo, com fechar os olhos arbitrariamente para o que é ruim, falso e inferior. Se você admira os "belos dentes" de um animal morto, vê também o cadáver em decomposição. Mas este cadáver não o impede de ver os belos dentes. Não se pode considerar o mau, bom, e o falso, verdadeiro, mas é possível adquirir a capacidade de não ser impedido pelo mal de ver o bom e pelo erro, de ver a verdade.
5. Atitude receptiva imparcial em relação à vida
O pensamento ligado à Vontade passa por um certo amadurecimento quando nos permitimos nunca sermos roubados em nossa receptividade imparcial, para novas experiências. Para a escolaridade da ciência espiritual, o pensamento a seguir ser desprovido de sentido "Eu nunca ouvi isto, não acredito nisto". Deveria ser seu objetivo, durante períodos específicos de tempo, aprender algo novo em todas as ocasiões a respeito de tudo e todos. De cada sopro de ar, de cada folha, a partir do balbuciar de crianças, pode -se aprender algo quando se está preparado para ajudar alguém num certo ponto de vista que não se utilizou até o presente. No entanto, será facilmente possível em relação a esta capacidade de se ampliar fora da marca. Não se deve de forma alguma desconsiderar, em nenhuma fase específica da vida, as vivências anteriores. Deve-se julgar o que se experimenta no presente pelas experiências do passado. Isso é colocado na balança, sobre o outro lado, no entanto, deve ser colocada a tendência do futuro iniciado de continuamente experimentar o novo. Acima de tudo, deve existir fé na possibilidade de que novas experiências possam contradizer as antigas.
6. Harmonia
Fonte: Rudolf Steiner. GA 13. An Outline of Occult Science – V: Cognition of the higher worlds. Initiation https://rsarchive.org/Books/GA013/English/AP1972/GA013_c05-01.html
A Ciência Oculta de Rudolf Steiner, em português: https://www.antroposofica.com.br/prod,IDLoja,472,Y,1233584289476,IDProduto,36787,antroposofia-a-ciencia-oculta---rudolf-steiner
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