21 novembro 2021

C-Longo da perspectiva da Medicina Antroposófica. Markus Sommer e outros colaboradores.

 Tradução Sonia von Homrich, 21 Nov 2021 - em curso

COVID- Longo ,  da perspectiva da Medicina Antroposófica – Sintomas e Opções de Tratamento. Síndrome do Covid-longo.
Recomendações de uma comissão internacional de especialistas para profissionais de saúde

Henrik Szőke, Markus Sommer, Eva Streit, Christian Grah, Madeleen Winkler, Philipp Busche, Severin Pöchtrager, Jan Mergelsberg, Carla Wullschleger, Katharina Gerlach, Rolf Heine, Robert Fitger, Harald Matthes, Georg Soldner

Último update: 27.09.2021

https://www.anthromedics.org/PRA-0993-EN

Autor correspondente: henrik.szoke@etk.pte.hu

Sumário

Um número crescente de pessoas são afetadas pela síndrome do COVID-longo frequentemente durando longamente, com prejuízo significativo de sua saúde. Diferentes imagens com danos por hiperinflamação prolongada, restrição funcional da musculatura, do coração, do sistema nervoso e dos órgãos sensoriais ocorrem. Um grupo relativamente grande de pacientes mais jovens apresenta sintomas da síndrome da fadiga crônica pós-viral/síndrome da encefalomielite miálgica (CFS/MES). Esses pacientes apresentaram mais frequentemente apresentam o curso de uma Covid-19 moderada  e podem, subsequentemente, desenvolver sintomas de longa duração de  de CFS/ME. Este artigo apresenta aspectos para a compreensão da desordem, bem como um conceito de tratamento multimodal da Medicina Antroposófica. 

 

Definições

Doença aguda COVID-19: as primeiras quatro semanas da doença.

Síndrome pós-COVID persistente (PPCS; CID-10: U09.9) ou COVID Longo: usado preponderantemente como sinônimo de pós-COVID, especialmente para sintomas pós-COVID que persistem além de 12 semanas (1, 2): sintomas residuais/danos permanentes ou sintomas pós-infecciosos existentes quatro semanas ou mais após o início da doença.  

 

Fatores de risco, gatilhos, prevalência

A gravidade da fase aguda e a mutação desencadeante (engatilhada) do patógeno não se correlacionam com a frequência e severidade do COVID-Longo. Três meses após o início da doença, aproximadamente dez a 65% de todos os pacientes adultos registrados por covid relatam sintomas persistentes (3, 4, 5). Na infância, esses sintomas ocorrem com muito menos frequência (6, 7).

Pacientes com sintomas graves apresentam alta incidência de síndrome pós-intensiva (PICS) complexa, os primeiros sinais dos quais já podem aparecer na fase aguda. Aproximadamente metade dos pacientes que recebem cuidados intensivos experimentam um sintoma de COVID-Longo (8).

A frequência, duração e extensão das sequelas pulmonares de longo prazo, a imunossupressão e o comprometimento geral da qualidade de vida estão significativamente relacionados à gravidade da fase aguda (9).

Pessoas com mais de 55 anos e com condições pré-existentes (grupos de risco conhecidos para progressão grave do COVID-19: angústia, exaustão, depressão, transtorno de ansiedade, sobrepeso, etc.) são significativamente mais frequentemente e mais severamente afetadas (10).

Esportistas competitivos também parecem ser mais afetados (11). A frequência de outros sintomas não apresenta correlação tão clara com o curso da doença, o nível de parâmetros laboratoriais inflamatórios ou a gravidade da doença aguda.

As crianças parecem ser significativamente menos afetadas pelo Pós COVID ou Covid-Longo. Devido a muitos cursos assintomáticos em crianças (12), apenas afirmações preliminares podem ser feitas (13). Em crianças, também, as condições pré-existentes podem facilitar os sintomas COVID-Longo (6, 7). Ainda não estão claras as consequências psico-sociais do longo confinamento nas crianças, que foram pouco estudadas.


Sintomas, patofisiologia e diagnóstico

Sintomas cardeais:

Cansaço/ Fadiga/ fraqueza geral;

Falta de ar/ Dispnéia, especialmente sob esforço, incluindo a sensação de constrição e dor no peito com ou sem restrição objetiva da função pulmonar (obstrutiva/ restritiva);

Palpitações sem o comprometimento objetivo da função cardíaca;

Dor de cabeça, especialmente durante/ após esforço;

Desordens cognitivas (concentração, memória, “névoa cerebral”, etc.)

Ansiedade pode acompanhar todas as desordens acima em formas específicas (veja abaixo).

Sintomas podem apresentar-se como tosse irritativa seca, na forma de dor (cabeça, músculos, juntas, peito) e miopatia (CIM). Com envolvimento cardíaco: infarto agudo do miocárdio, micro-infartos, fibrosis ventricular ou atrial, várias arritmias. Perda de cabelo e vários exantemas podem ocorrer na pele.

Em crianças os sintomas principais são fadiga, desordens do sono, desordens do paladar e olfativos e dores de cabeça.

A despeito das queixas gastrointestinais da fase aguda, elas aparecem menos frequentemente no PPCS - Persistent post-COVID syndrome – Síndrome persistente pós-Covid.

As doenças neurológicas de longo termo mais comuns (PCND) incluem: distúrbio do sono, tontura, distúrbios do paladar e olfato (14), polineuropatia (CIP), ischaemia/apoplexia devido à endotelite e coagulopatia, desmielinização autoinflamatória, encefalite (15). O sistema nervoso central parece ser mais afetado do que o periférico. Os transtornos mentais e psicológicos mais comuns incluem: distúrbios de memória, concentração prejudicada, falta de presença de espírito ("névoa cerebral"), intolerância ao estresse, ansiedade (16) e depressão, sintomas de estresse pós-traumático (TEPT) (17), transtorno/ desordem obsessivo-compulsivo (TOC), sofrimento subjetivo e deterioração na qualidade de vida (18, 19). Aqui, os efeitos nocebo (placebo-nocebo) também devem ser levados em conta, que podem ser atribuídos a medidas pandêmicas como o distanciamento social (20, 21). 10 a 15% dos afetados tomam substâncias psicoativas, 10% têm pensamentos suicidas.

Patofisiologia

Com referência aos processos fisiopatológicos, duas tendências polares são evidentes em cursos severos:

Inflamação persistente (endotelitis, miosite, miocardite (com parâmetros de serum elevados: CRP, D-dimers, LDH), aumento de eventos tromboembolíticos (22).

Rigidez fibrosa nos pulmões e outros tecidos, inflamação proliferativa crônica com fibrose.

Imunologicamente, tanto o vírus desencadeante (reservatórios persistentes, fragmentos virais/proteínas de pico (spike), transcrição reversa no genoma humano) e anti-corpos mais desordens/ distúrbios da regulação imune podem desempenhar um papel aqui. Uma primeira fase excessiva até a chamada tempestade de citocinas pode ser seguida por uma reação igualmente excessiva, como a síndrome de resposta anti-inflamatória compensatória (CARS) e a inflamação persistente, imunossupressão, síndrome do catabolismo (PICS).

Inflamação persistente relacionada ao dano pode ocorrer nos pulmões e vias aéreas (23).

Distúrbios da inervação e músculos respiratórios enfraquecidos também podem contribuir para insuficiência respiratória complexa após o COVID (24).

Lesões miocardiais que ocorrem no coração são já sinalizadas na fase aguda pela elevação dos níveis de troponina. Miocardite, tensão cardíaca direita, disfunção do eixo renina-angiotensina, coagulopatia, influências neurovegetativas e hiperinflamação prolongada sistêmica podem levar a distúrbios de ritmo e condução, microfibroses e cardiomiopatias. 

Endotelite e desordens da barreira hemato-encefálica desempenham um papel essencial no dano ao sistema nervoso sensorial.


Diagnóstico

Um histórico médico individualizado, que também inclui o tempo anterior ao de adoecer com o COVID, e um exame físico completo, que é especificamente complementado por diagnósticos laboratoriais e funcionais (pneumológico, cardiológico, neurológico). A mudança na qualidade de vida pode ser avaliada por questionários (por exemplo, SF-36, E5-QD – significados com os autores) ou por questionários sobre a Gestão da Vida Diária.

Após a etapa inicial, são indicados exames de acompanhamento regular e um exame final.

Compreensão ampliada da doença na perspectiva da Medicina Antroposófica.

A dinâmica das doenças infecciosas é determinada pela interação do microrganismo com a pessoa afetada, sua suscetibilidade ao patógeno e sua estrutura de forças. O COVID-19, em primeira instância, mostra claramente a importância da idade e do desenvolvimento biográfico. Distúrbios genéticos (síndrome de Down) podem reforçar significativamente a relevância dos processos de envelhecimento. A vitalidade do corpo diminui com a idade e pode ser impedida pela obesidade, doenças metabólicas como diabetes mellitus e outras. Um papel significativo no pós-COVID é desempenhado por distúrbios e dissociações na estrutura de forças do paciente. Estes normalmente procedem em um equilíbrio dinâmico entre a tendência de dissolução e endurecimento (25). Em contraste, as tendências à inflamação crônica e a degenerativa, de endurecimento (esclerose) dominam e persistem no COVID- Longo, que são vivenciados mentalmente como exaustão e acompanhados pelo enfraquecimento dos processos vitais generativos (regeneração).

 O fator decisivo é se especialmente à noite, durante o sono, a tendência inflamatória degenerativa recua em favor de processos regenerativos vitais. Este ritmo dia-noite pode ser severamente rompido no COVID-Longo. De uma perspectiva antroposófica e experiência terapêutica, o foco aqui é o fortalecimento da organização do calor ("Organização-do-Eu") a fim de alcançar a transição de processos inflamatórios persistentes para um ritmo dia-noite com processos regenerativos noturnos predominantes. Outros, frequentemente pacientes mais jovens, sofrem predominantemente de uma dissociação pós-viral de sua vitalidade corporal. É aí que o tratamento começa primeiramente, para dar suporte aos pacientes e então eles possam direcionar o organismo novamente com o poder de sua individualidade, perceberem-se e destravar sua vitalidade. Ao fazê-lo, é essencial revitalizar o próprio corpo e fazê-lo receptivo ao impulsos psicológicos. Trata-se de superar tanto a alienação/dissociação psicológica de nosso próprio corpo quanto o claro sentimento  em alguns pacientes de que sua individualidade está isolada da esfera espiritual.


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