Reinos Espirituais e Autoconhecimento Humano, Rudolf Steiner
Tradução Sonia von Homrich
Através da memória, o ser humano contempla o espiritual em sua própria alma. Mas, na consciência comum, ele não chega a uma compreensão real daquilo que contempla.
Ele olha na direção de algo; mas seu olhar não encontra a
realidade. A Antroposofia, a partir do Conhecimento Imaginativo, mostra o
caminho para essa realidade.
Por meio dela, somos direcionados da sombra para aquilo que
cintila e brilha.
A Antroposofia faz isso ao falar do corpo etérico do ser
humano. Mostra como o corpo físico é ativo nas imagens de pensamento-sombra;
mas como, no cintilar e no reluzir, o corpo etérico vive.
Com o corpo físico, o ser humano está no mundo dos sentidos;
com o corpo etérico, ele está no mundo etérico.
No mundo dos sentidos, ele tem seu ambiente; no mundo
etérico também. E a Antroposofia fala deste último ambiente (etérico) como o
primeiro dos mundos ocultos em que o homem vive. É o reino da Terceira
Hierarquia.
Abordemos agora a fala da mesma forma que consideramos a
memória. Ela emana de dentro do ser humano, assim como a memória. Ela o conecta
a um certo estado de ser, assim como a memória o une às suas próprias
experiências.
Nas palavras, também, existe um elemento de sombra. Este é
mais profundo do que a sombra dos pensamentos da memória. Quando o ser humano
projeta interiormente a sombra de suas experiências (vivências) como suas
memórias, seu próprio self oculto está ativo em todo o processo. Ele está
presente quando a luz projeta a sombra.
Na fala, também há um processo de projeção de sombras. As
palavras são as sombras. O que brilha neste caso?
Algo mais forte brilha, porque as palavras são sombras mais
fortes do que são os pensamentos da memória. O elemento no self humano que, no
curso de uma vida terrena, produz memórias, não pode criar palavras.
O ser humano deve aprendê-las em conexão com outros seres
humanos.
Algo que reside mais profundamente nele do que aquilo que
projeta a sombra da memória deve participar desse processo.
Neste caso, a Antroposofia fala a partir do Conhecimento
Inspirado do corpo astral, assim como, no caso da memória, fala do corpo
etérico. O corpo astral é adicionado aos corpos físico e etérico como uma
terceira parte do ser humano.
Esta terceira parte também possui um ambiente cósmico ao seu
redor. Esta é realizada pela Segunda Hierarquia. Na linguagem humana, temos um “fantasma”
desta Segunda Hierarquia. Quanto ao seu corpo astral, o homem vive dentro da
esfera desta Hierarquia.
Podemos ir ainda mais longe. Na fala, uma parte do ser
humano está engajada. Quando ele fala, ele põe seu ser interior em movimento.
Aquilo que envolve esse seu ser interior permanece em
repouso. O movimento da fala se desprende (é espremido) do ser humano enquanto
ele permanece em repouso, mas o homem integral entra em movimento quando ele
põe em atividade tudo o que pertence aos seus membros.
Neste movimento, o ser humano não é menos pleno de expressão
do que na memória e na fala.
A memória expressa suas experiências. A natureza da
linguagem consiste em seu ser na expressão de algo. Da mesma forma, o ser
humano, cujo ser inteiro está em movimento, expressa algo.
A Antroposofia aponta que esse "algo" é uma outra
parte do ser humano. A partir do Conhecimento Intuitivo, isto fala do "Self
real" ou "Eu".
Este também, descobre-se, tem um ambiente cósmico, a saber,
a Primeira Hierarquia.
...Desta forma, então, o verdadeiro autoconhecimento pode
ser cultivado.
Mas, ao fazer isso, o ser humano não apreende o seu próprio
Self sozinho.
Passo a passo, ele compreende as partes do seu corpo: o
corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o Eu Real ou Eu (Self real).
E, ao compreender estas partes, ele também alcança, passo a
passo, os mundos superiores nos quais os três reinos da Natureza, os reinos
animal, vegetal e mineral, pertencem, como os três reinos espirituais, o todo Universo
no qual SEU SER está SE DESENVOLVENDO.
Fonte: Rudolf Steiner. GA 26. Reinos Espirituais e Auto-Conhecimento Humano. GA 26. Anthroposophical Leading Thoughts
https://rsarchive.org/Books/GA026/English/RSP1973/GA026_a04.html
Artigo em Desenvolvimento
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