05 outubro 2025

Poderes cognitivos (1.911-4.911) RS SvH

 

Somente no século XX ocorrerá uma renovação do EVENTO-CRÍSTICO, pois é quando se inicia um certo aumento geral dos poderes cognitivos humanos.

Isso traz consigo a possibilidade de que, ao longo dos próximos 3.000 ANOS (1.911-4.911), e SEM uma  preparação clarividente especial, mais e mais pessoas sejam capazes de alcançar uma VISÃO DIRETA de CRISTO JESUS.

Isso nunca aconteceu antes.

Até agora, existiram apenas duas fontes de conhecimento concernentes aos mistérios cristãos para pessoas que NÃO ascenderiam à observação clarividente por meio de treinamento.

UMA FONTE eram os Evangelhos e tudo o que provém das comunicações contidas nos Evangelhos ou nas tradições a eles relacionadas.

A SEGUNDA FONTE de conhecimento surgiu porque sempre existiram indivíduos clarividentes que podiam ver nos mundos superiores e, por meio de seu próprio conhecimento, trazer à tona os fatos do Evento-Cristo.

E, agora, do século XX em diante, uma TERCEIRA FONTE inicia.

Ela surge porque, para cada vez mais pessoas, uma extensão, um aprimoramento de seus poderes COGNITIVOS, NÃO OBTIDOS por meio de meditação, concentração e outros exercícios, OCORRERÁ.

Como já dissemos muitas vezes, cada vez mais pessoas poderão renovar por si mesmas a experiência de PAULO na estrada para Damasco.

Portanto, podemos dizer que o período subsequente proporcionará um meio direto de perceber o significado e o Ser de CRISTO JESUS.

Assim como devemos dizer que, para o próprio CRISTO, o evento do Gólgota teve um significado: com este mesmo evento, UM DEUS MORREU, um DEUS venceu a MORTE; a ação não aconteceu antes e é um fato consumado que não ocorrerá novamente — assim, um evento de PROFUNDA importância ocorrerá no mundo etérico. (Físico, etérico, Astral / Alma, Espírito/ Eu).

E a ocorrência deste evento, um evento conectado com o próprio CRISTO em si mesmo, tornará possível AOS SERES HUMANOS APRENDEREM a ver o CRISTO, a contemplá-Lo de uma particular maneira.

O que é este evento?

Consiste no fato de que um CERTO OFÍCIO no Cosmos, conectado com a evolução da humanidade no século 20, atravessa numa ALTÍSSIMA forma para CRISTO.

Em nossa época, CRISTO se torna o SENHOR DO CARMA para a evolução humana. Ele virá novamente para SEPARAR, ou PROVOCAR A CRISE, para os VIVOS e os MORTOS.

Atos 10:42 “este nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.”

II Timóteo 4:1 “Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos.”

Agora temos o fato significativo de que CRISTO torna-se o SENHOR do Carma, de modo que, no FUTURO, caberá a Ele decidir qual é a NOSSA CONTA CÁRMICA, como nosso CRÉDITO e DÉBITO na vida se relacionam.

A OBJETIVA evolução da humanidade NÃO é direcionada de acordo com as OPINIÕES dos seres humanos, mas de acordo com FATOS OBJETIVOS.

CRISTO ofereceu aos Deuses A EXPIAÇÃO (reparação, recuperação) a qual Ele só poderia oferecer em um corpo humano físico, em vez de usar qualquer outras formas de palavras.

O SER HUMANO foi um ESPECTADOR de um EVENTO DIVINO.

 

Rudolf Steiner. GA 131. De Jesus a Cristo, Palestra III. 7 Outubro 1911, Karlsruhe

https://rsarchive.org/Lectures/GA131/English/RSP1973/19111007p01.html

 

 

GA 131. De Jesus a Cristo. Palestra III. 7 de outubro de 1911, Karlsruhe

(Atenção, traduzido pelo Google, no site do rsarchive)

 

Agora devemos voltar nossa atenção para a relação entre a consciência religiosa comum e o conhecimento que pode ser obtido por meio de poderes clarividentes superiores a respeito dos mundos superiores em geral e, em particular — isso é especialmente relevante para o nosso tema — a respeito da relação de Cristo Jesus com esses mundos superiores.

Ficará claro para todos vocês que a evolução do cristianismo até agora tem sido tal que a maioria das pessoas não foi capaz de alcançar, por meio de seu próprio conhecimento clarividente, os mistérios do Evento Crístico. É preciso admitir que o cristianismo penetrou nos corações de incontáveis ​​seres humanos e, até certo ponto, sua natureza essencial foi reconhecida por incontáveis ​​almas; mas esses corações e almas não foram capazes de olhar para os mundos superiores e, assim, receber a visão clarividente do que realmente ocorreu na evolução humana por meio do Mistério do Gólgota e de tudo o que está relacionado a ele. Portanto, o conhecimento que pode ser obtido por meio da própria consciência clarividente, ou por meio de uma pessoa que aceitou, por um ou outro motivo, as comunicações do vidente a respeito dos mistérios do cristianismo, deve ser cuidadosamente distinguido da inclinação religiosa a Cristo e das inclinações intelectuais em direção a Ele de uma pessoa que nada sabe sobre investigação clarividente.

Ora, todos concordarão que, ao longo dos séculos desde o Mistério do Gólgota, houve homens de todos os níveis de cultura intelectual que aceitaram os mistérios do cristianismo de forma profundamente interior, e, pelo que foi dito ultimamente em diversas palestras, vocês devem ter percebido que isso é bastante natural, pois — como tem sido enfatizado repetidamente — somente no século XX ocorrerá uma renovação do Evento Crístico, pois é então que se inicia um certo aumento geral dos poderes cognitivos humanos. Isso traz consigo a possibilidade de que, ao longo dos próximos 3.000 anos, e sem preparação clarividente especial, cada vez mais pessoas sejam capazes de alcançar uma visão direta de Cristo Jesus.

Isso nunca aconteceu antes. Até agora, houve apenas duas — ou, mais tarde, talvez hoje, possamos descobrir três — fontes de conhecimento sobre os mistérios cristãos para pessoas que não conseguiam ascender à observação clarividente por meio do treinamento. Uma fonte eram os Evangelhos e tudo o que provém das comunicações contidas nos Evangelhos ou nas tradições a eles relacionadas. A segunda fonte de conhecimento surgiu porque sempre houve indivíduos clarividentes que podiam ver os mundos superiores e, por meio de seu próprio conhecimento, traziam os fatos do Evento Crístico. Outras pessoas seguiram esses indivíduos, recebendo deles um "Evangelho sem fim", que podia continuamente vir ao mundo por meio daqueles que eram clarividentes. Essas duas parecem, a princípio, ser as únicas duas fontes na evolução da humanidade cristã até os dias atuais. E, agora, a partir do século XX, uma terceira se inicia. Ela surge porque, para cada vez mais pessoas, ocorrerá uma extensão, um aprimoramento de seus poderes cognitivos, não alcançados por meio da meditação, concentração e outros exercícios. Como já dissemos muitas vezes, cada vez mais pessoas poderão renovar por si mesmas a experiência de Paulo no caminho para Damasco. Portanto, podemos dizer que o período subsequente proporcionará um meio direto de perceber o significado e o Ser de Cristo Jesus.

Agora, a primeira pergunta que naturalmente lhe ocorrerá é esta: Qual é a diferença essencial entre a visão clarividente de Cristo, que sempre foi possível como resultado do desenvolvimento esotérico descrito ontem, e a visão de Cristo que chegará às pessoas, sem desenvolvimento esotérico, nos próximos 3.000 anos, começando no nosso século XX?

Há certamente uma diferença importante. E seria falso acreditar que o que o vidente, através de seu desenvolvimento clarividente, vê hoje nos mundos superiores a respeito do Evento Crístico, e o que tem sido visto clarividentemente a respeito do Evento Crístico desde o Mistério do Gólgota, seja exatamente o mesmo que a visão que chegará a um número cada vez maior de pessoas. São duas coisas bastante diferentes. Quanto ao quanto elas diferem, devemos perguntar à pesquisa clarividente como é que, a partir do século XX, Cristo Jesus penetrará cada vez mais na consciência comum dos homens. A razão é a seguinte.

Assim como no plano físico, na Palestina, no início de nossa era, ocorreu um evento em que o próprio Cristo desempenhou o papel mais importante — um evento que tem seu significado para toda a humanidade —, assim também, no decorrer do século XX, em direção ao final do século XX, um evento significativo ocorrerá novamente, não no mundo físico, mas no mundo que normalmente chamamos de mundo etérico. E esse evento terá um significado tão fundamental para a evolução da humanidade quanto o evento da Palestina teve no início de nossa era. Assim como devemos dizer que, para o próprio Cristo, o evento do Gólgota teve um significado: com esse mesmo evento um Deus morreu, um Deus venceu a morte — falaremos mais tarde sobre como isso deve ser entendido; o ato não havia acontecido antes e é um fato consumado que não se repetirá —, um evento de profundo significado ocorrerá no mundo etérico. E a ocorrência desse evento, um evento conectado com o próprio Cristo, tornará possível aos homens aprenderem a ver o Cristo, a contemplá-Lo.

O que é este evento? Consiste no fato de que um certo cargo no Cosmos, conectado com a evolução da humanidade no século XX, passa de forma elevada para o Cristo. A pesquisa clarividente ocultista nos diz que, em nossa época, Cristo se torna o Senhor do Carma para a evolução humana. Este evento marca o início de algo que encontramos também insinuado no Novo Testamento: Ele virá novamente para separar, ou para trazer a crise para, os vivos e os mortos.1Só que, segundo a pesquisa ocultista, isso não deve ser entendido como um evento único para todos os tempos, que ocorre no plano físico. Está conectado com toda a evolução futura da humanidade. E enquanto o cristianismo e a evolução cristã eram até então uma espécie de preparação, agora temos o fato significativo de que Cristo se torna o Senhor do Carma, de modo que, no futuro, caberá a Ele decidir qual será a nossa conta cármica, como se relacionarão o nosso crédito e o nosso débito na vida.

Isso tem sido de conhecimento comum no ocultismo ocidental há muitos séculos, e não é negado por nenhum ocultista que conheça essas coisas. Mas recentemente foi verificado novamente com o máximo cuidado, por todos os meios disponíveis à pesquisa oculta. Agora, entraremos mais profundamente nessas questões.

Perguntem a todos aqueles que sabem algo da verdade sobre essas coisas, e encontrarão em todos os lugares um fato confirmado, mas um fato que somente neste estágio atual do desenvolvimento do nosso Movimento poderia ser tornado conhecido. Tudo o que pudesse tornar nossas mentes receptivas a tal fato teve primeiro que ser reunido. Vocês podem encontrar na literatura oculta informações sobre esses assuntos, se desejarem procurá-las. No entanto, não levarei em conta a literatura; apenas apresentarei os fatos correspondentes.

Quando certas condições são descritas, incluindo aquelas com as quais eu mesmo tratei, é preciso apresentar uma imagem do mundo em que um homem entra ao atravessar o portal da morte. Ora, há muitos homens, especialmente aqueles que passaram pelo desenvolvimento da civilização ocidental — essas coisas não são as mesmas para todos os povos — que vivenciam um evento bastante definido no momento seguinte à separação do corpo etérico após a morte. Sabemos que, ao atravessar o portal da morte, nos separamos do corpo físico. O indivíduo, a princípio, ainda está conectado por um tempo com seu corpo etérico, mas depois separa seu corpo astral e também seu Ego do corpo etérico. Sabemos que ele leva consigo um extrato de seu corpo etérico; sabemos também que a parte principal do corpo etérico segue outro caminho; geralmente, torna-se parte do éter cósmico, dissolvendo-se completamente — isso acontece apenas em condições imperfeitas — ou continuando a atuar como uma forma ativa e duradoura. Após o indivíduo se despojar de seu corpo etérico, ele passa para a região de Kamaloka para o período de purificação no mundo das almas. Antes disso, porém, ele passa por uma experiência bastante especial, que não foi mencionada anteriormente, porque, como eu disse, o momento não era propício para isso. Agora, porém, essas coisas serão plenamente aceitas por todos os que estão qualificados para julgá-las.

Antes de entrar em Kamaloka, o indivíduo experimenta um encontro com um Ser bastante definido que lhe apresenta sua conta cármica. E esse Ser, que ali se encontrava como uma espécie de contador dos Poderes cármicos, tinha para muitos homens a forma de Moisés. Daí a fórmula medieval que se originou no Rosacrucianismo: Moisés apresenta o homem na hora da morte — a frase não é totalmente precisa, mas isso é irrelevante aqui — Moisés apresenta o homem na hora de sua morte com o registro de seus pecados e, ao mesmo tempo, aponta para a "lei severa". Assim, o homem pode reconhecer como se desviou dessa lei severa que deveria ter seguido.

No decorrer da nossa era — e este é o ponto significativo —, este ofício passa para Cristo Jesus, e o homem encontrará cada vez mais Cristo Jesus como seu Juiz, seu Juiz cármico. Este é o evento suprassensível. Assim como no plano físico, no início da nossa era, ocorreu o evento da Palestina, também em nossa época o ofício de Juiz Cármico passa para Cristo Jesus no mundo superior, próximo ao nosso. Este evento atua no mundo físico, no plano físico, de tal forma que os homens desenvolverão em relação a ele o sentimento de que, por todas as suas ações, estarão causando algo pelo qual serão responsáveis ​​perante o julgamento de Cristo. Este sentimento, que agora surge naturalmente no curso do desenvolvimento humano, será transformado de modo a permear a alma com uma luz que, aos poucos, brilhará do próprio indivíduo e iluminará a forma de Cristo no mundo etérico. E quanto mais este sentimento for desenvolvido um sentimento que terá um significado mais forte do que a consciência abstrata mais a Forma etérica de Cristo será visível nos séculos vindouros. Teremos que caracterizar esse fato mais exatamente nos próximos dias, e então veremos que um evento completamente novo aconteceu, um evento que contribui para o desenvolvimento crístico da humanidade.

No que diz respeito à evolução do cristianismo no plano físico, perguntemo-nos agora se, para a consciência não clarividente, não haveria também um terceiro caminho, em oposição aos dois já apresentados. Tal terceiro caminho, de fato, sempre existiu, para toda a evolução cristã. Tinha de existir. A evolução objetiva da humanidade não se orienta de acordo com as opiniões dos homens, mas sim de acordo com fatos objetivos.

A respeito de Cristo Jesus, houve muitas opiniões ao longo dos séculos, ou os Concílios, as assembleias da Igreja e os teólogos não teriam discutido tanto entre si; e em nenhum período, talvez, tantas pessoas tenham tido visões tão diversas sobre Cristo como no nosso. Os fatos, contudo, não são determinados por opiniões humanas, mas pelas forças realmente presentes na evolução humana. Esses fatos poderiam ser reconhecidos por muito mais pessoas simplesmente observando o que os Evangelhos têm a dizer, se as pessoas tivessem a paciência e a perseverança de olhar as coisas realmente sem preconceitos, e se não fossem muito precipitadas e tendenciosas ao considerar os fatos objetivos. A maioria das pessoas, contudo, não quer formar uma imagem de Cristo de acordo com os fatos, mas sim uma que se adapte aos seus próprios gostos e represente o seu próprio ideal. E deve-se dizer que, em certo sentido, teosofistas de todas as tendências fazem exatamente isso hoje. Quando, por exemplo, certos indivíduos altamente desenvolvidos que atingiram um estágio avançado da evolução humana são chamados na literatura teosófica de Mestres ou Adeptos, esta é uma verdade incontestável para qualquer pessoa que conheça os fatos. Aplica-se a indivíduos que tiveram muitas encarnações; através de exercícios e vida santa, eles avançaram em relação à humanidade e adquiriram poderes que o resto da humanidade só adquirirá no futuro. É natural e correto que um estudante de Teosofia que tenha adquirido algum conhecimento sobre os Mestres, os Adeptos, sinta o mais alto respeito por tais indivíduos elevados. Se prosseguirmos na contemplação de uma vida tão sublime como a de Buda, devemos concordar que Buda deve ser considerado um dos mais elevados Adeptos. E então seremos capazes de obter, por meio de nossas mentes e sentimentos, um relacionamento interior com tal pessoa.

Ora, como o teosofista aborda a figura de Cristo Jesus com base nesse conhecimento e sentimento teosóficos, ele naturalmente sentirá uma certa necessidade — e uma necessidade muito compreensível — de conectar com seu Cristo Jesus o mesmo conceito que formou de um Mestre, de um Adepto, talvez de Buda; e pode ser impelido a dizer: "Jesus de Nazaré deve ser considerado um grande Adepto!". Essa opinião preconcebida inverteria qualquer conhecimento da real natureza de Cristo. E não passaria de uma opinião preconcebida, apenas preconceito, embora compreensível. Como alguém que conquistou o relacionamento mais profundo e íntimo com o Cristo não colocaria o portador do Ser Crístico no mesmo nível do Mestre, do Adepto ou do Buda? Por que não deveria? Isso deve nos parecer bastante compreensível. Talvez, para tal pessoa, parecesse uma depreciação de Jesus de Nazaré se não o fizéssemos. Mas, ao aplicar esse conceito a Jesus de Nazaré, nos afastamos de direcionar nosso pensamento de acordo com os fatos, pelo menos como esses fatos chegaram até nós através da tradição. Qualquer um que examine imparcialmente os registros tradicionais — desconsiderando todas as opiniões oferecidas pelos Concílios e Padres da Igreja e assim por diante — não deixará de reconhecer um fato: Jesus de Nazaré não pode ser chamado de Adepto.

Onde na tradição encontramos algo que nos permita aplicar a Jesus de Nazaré o conceito de Adepto tal como o temos nos ensinamentos teosóficos? Nos primeiros períodos do cristianismo, uma coisa era enfatizada: que Jesus de Nazaré era um homem como qualquer outro, um homem fraco como qualquer outro. E aqueles que defendem o ditado "Jesus foi verdadeiramente homem" compreendem com mais precisão quem veio ao mundo. Assim, se prestarmos a devida atenção à tradição, nenhuma ideia de "Adepto" será encontrada ali. E se você se lembrar de tudo o que foi dito em palestras passadas sobre o desenvolvimento de Jesus de Nazaré — a história do menino Jesus em quem Zaratustra viveu até os doze anos, e a história do outro menino Jesus em quem Zaratustra viveu até os trinta anos — você certamente dirá: Aqui temos a ver com um homem especial, um homem para cuja existência a história do mundo, a evolução do mundo, fez os maiores preparativos, evidentes pelo fato de que dois corpos humanos foram formados, e em um deles até o décimo segundo ano, e no outro, do décimo segundo ao trigésimo ano, habitou a individualidade de Zaratustra.

Visto que essas duas figuras de Jesus eram individualidades tão significativas, Jesus de Nazaré certamente ocupa um lugar de destaque; mas não da mesma forma que um Adepto, pois o Adepto avança continuamente de encarnação em encarnação. E, além disso: no trigésimo ano, quando a Individualidade Crística entra no corpo de Jesus de Nazaré, este mesmo Jesus de Nazaré abandona seu corpo, e a partir do momento do Batismo por João — mesmo que não falemos agora do Cristo — temos a ver com um ser humano que deve ser designado, no sentido mais verdadeiro da palavra, como um "mero homem", exceto que ele é o portador do Cristo. Mas devemos distinguir entre o portador do Cristo e o próprio Cristo. Uma vez que o corpo que deveria ser o portador do Cristo foi abandonado pela individualidade de Zaratustra, não habitou nele nenhuma individualidade humana que tivesse alcançado qualquer desenvolvimento especialmente elevado. O estágio de desenvolvimento apresentado por Jesus de Nazaré surgiu do fato de que a individualidade de Zaratustra habitava nele. Como sabemos, porém, essa natureza humana foi abandonada pela individualidade de Zaratustra. Assim, essa natureza humana, diretamente a partir do momento em que a Individualidade Crística tomou posse dela, trouxe contra Ele tudo o que de outra forma provém da natureza humana — o Tentador. É por isso que o Cristo pôde passar pelos extremos do desespero e da tristeza, como nos é mostrado nos acontecimentos no Monte das Oliveiras.

Quem ignora esses pontos essenciais não pode chegar a um conhecimento real do Ser do Cristo. O portador de Cristo era verdadeiramente humano — não um Adepto. O reconhecimento desse fato nos abrirá um primeiro vislumbre de toda a natureza dos eventos do Gólgota, os eventos da Palestina. Se considerássemos Cristo Jesus simplesmente como um Adepto elevado, teríamos que colocá-lo em linha com outras naturezas de Adepto. Alguns talvez nos digam que não fazemos isso porque, desde o início, devido a alguma ideia preconcebida, queremos colocar Cristo Jesus acima de todos os outros Adeptos, como um Adepto ainda mais elevado. Aqueles que dizem isso não estão cientes do que temos a transmitir como resultados da pesquisa oculta em nossa época.

A questão não é, em última análise, se o prestígio de outros Adeptos seria prejudicado. Dentro da concepção de mundo à qual devemos aderir de acordo com os resultados ocultos da época atual, sabemos tão bem quanto os outros que existiu, como contemporâneo de Cristo Jesus, outra individualidade significativa que consideramos um verdadeiro Adepto. E, a menos que entremos em detalhes exatos, é até difícil para nós distinguir interiormente esse ser humano de Cristo Jesus, pois ele realmente se parece muito com Ele. Quando, por exemplo, ouvimos que esse contemporâneo de Cristo Jesus foi anunciado antes de seu nascimento por uma visão celestial, isso nos lembra da anunciação do nascimento de Jesus, conforme narrado nos Evangelhos. Quando ouvimos que ele não foi designado meramente como de nascimento humano, mas como filho dos Deuses, isso nos lembra novamente do início dos Evangelhos de Mateus e Lucas. Quando ouvimos que o nascimento dessa individualidade pegou sua mãe de surpresa, a ponto de ela ficar comovida, lembramo-nos do nascimento de Jesus de Nazaré e dos eventos em Belém, conforme relatados nos Evangelhos. Quando ouvimos que a individualidade cresceu e surpreendeu a todos ao seu redor com suas sábias respostas às perguntas dos sacerdotes, isso nos lembra da cena de Jesus, aos doze anos, no Templo. Quando nos é dito que essa individualidade veio a Roma e lá encontrou o cortejo fúnebre de uma jovem, que o cortejo foi interrompido e que ele ressuscitou os mortos, lembramo-nos de um despertar dos mortos no Evangelho de Lucas. E se quisermos falar de milagres, inúmeros milagres são registrados em conexão com essa individualidade, que foi contemporânea de Cristo Jesus. De fato, a semelhança vai tão longe que, após a morte dessa individualidade, diz-se que ele apareceu aos homens, assim como Cristo Jesus apareceu aos discípulos após Sua morte. E quando, do lado cristão, todas as razões possíveis são apresentadas para depreciar este ser ou para negar completamente sua existência histórica, isso não é menos engenhoso do que o que é dito contra a existência histórica do próprio Cristo Jesus. A individualidade em questão é Apolônio de Tiana, e dele falamos como um Adepto realmente elevado.

Se agora perguntarmos sobre a diferença essencial entre o evento de Cristo Jesus e o evento de Apolônio, devemos deixar claro qual é o ponto importante no evento de Apolônio.

Apolônio de Tiana é uma individualidade que passou por muitas encarnações; ele conquistou para si altos poderes e atingiu um certo clímax em sua encarnação no início de nossa era. Portanto, o indivíduo que estamos considerando é aquele que viveu no corpo de Apolônio de Tiana e teve ali seu campo de ação terrestre. É com ele que estamos preocupados. Agora sabemos que uma individualidade humana participa da construção de seu corpo terreno. Portanto, devemos dizer: o corpo dessa individualidade foi construído por ele em uma certa forma para seu próprio uso particular. Isso não podemos dizer de Cristo Jesus. No trigésimo ano de Jesus de Nazaré, o Cristo veio ao corpo físico, corpo etérico e corpo astral de Jesus; portanto, Ele mesmo não havia construído este corpo desde a infância. A relação entre a Individualidade Crística e este corpo é bem diferente daquela entre a Individualidade Apolônio e seu corpo. Quando, em espírito, voltamos nosso olhar para Apolônio de Tiana, dizemos: "É a preocupação desta individualidade, e a preocupação dele se manifesta como a vida de Apolônio de Tiana". Se quisermos representar em um diagrama um curso de vida desse tipo, podemos fazê-lo assim:

Diagrama

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Seja a individualidade contínua representada pela linha horizontal; então, temos (a) uma primeira encarnação, (b) uma vida entre a morte e um novo nascimento, (c) uma segunda encarnação seguida novamente por (d) uma vida entre a morte e um novo nascimento, depois uma terceira encarnação, (e) e assim por diante. Aquilo que atravessa todas essas encarnações — a individualidade humana — é como um fio da vida humana, independente dos invólucros do corpo astral, do corpo etérico e do corpo físico, e também, entre a morte e um novo nascimento, independente das partes do corpo etérico e do corpo astral que permanecem para trás. Assim, o fio da vida está sempre separado do Cosmos externo.

Diagrama

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Se quisermos representar a natureza da vida crística, devemos desenhá-la de outra forma. Quando consideramos as encarnações anteriores de Jesus de Nazaré, a vida crística certamente se desenvolve de uma certa maneira. Mas quando desenhamos o fio da vida, temos que mostrar que, no trigésimo ano da vida de Jesus de Nazaré, a individualidade abandona este corpo, de modo que, doravante, temos apenas os invólucros do corpo físico, do corpo etérico e do corpo astral.

As forças que a individualidade desenvolve, contudo, não estão nos invólucros externos. Elas residem no fio vital do Ego, que vai de encarnação em encarnação. Assim, as forças que pertenciam à individualidade de Zaratustra e estavam presentes no corpo de Jesus de Nazaré, preparando esse corpo, desaparecem com a individualidade de Zaratustra. Portanto, os invólucros que permanecem são um organismo humano normal, não em nenhum sentido o organismo de um Adepto, mas o organismo de um homem simples, um homem fraco. E agora o evento objetivo ocorre: enquanto em outros casos o fio vital simplesmente vai mais longe, como em (a) e (b), agora ele segue por um caminho lateral (c); pois através do Batismo de João no Jordão, o Ser Crístico entrou no organismo tríplice. Nesse organismo, o Ser Crístico viveu desde o Batismo até o trigésimo terceiro ano, até o Evento do Gólgota, como frequentemente descrevemos.

De quem, então, é a vida de Cristo Jesus, do trigésimo ao trigésimo terceiro ano? Não é a individualidade que passou de encarnação em encarnação, mas a individualidade que, vinda do Cosmos, entrou no corpo de Jesus de Nazaré; a individualidade, um Ser que nunca antes esteve conectado com a Terra, que, vindo do Universo, se conectou a um corpo humano. Nesse sentido, os eventos que ocorreram entre o trigésimo e o trigésimo terceiro ano da vida de Cristo Jesus, entre o Batismo de João e o Mistério do Gólgota, são aqueles do Ser Divino, Cristo, não de um homem. Portanto, esse evento não foi uma preocupação da Terra, mas sim dos mundos suprassensíveis, pois não teve nada a ver com um homem. Como sinal disso — de que não teve a ver com nenhum homem — o ser humano que habitou este corpo até o trigésimo ano o abandonou.

Esses acontecimentos têm, originalmente, algo a ver com eventos que ocorreram antes que um fio de vida como o nosso, o humano, tivesse passado para uma organização humana física. Devemos remontar à antiga época lemuriana, à era em que as individualidades humanas, vindas das alturas divinas, encarnaram pela primeira vez em corpos terrestres; ao evento que nos é indicado no Antigo Testamento como a Tentação pela Serpente. Este evento é de uma natureza muito notável. Todos os homens sofrem com seu resultado enquanto estiverem sujeitos à encarnação. Pois, se esse evento não tivesse ocorrido, toda a evolução da humanidade na Terra teria sido diferente, e os homens teriam passado de encarnação em encarnação em uma condição muito mais perfeita. Por meio desse evento, contudo, eles se tornam mais intimamente enredados na matéria, alegoricamente designada como a "Queda do Homem". Mas foi a Queda que primeiro chamou o homem à sua individualidade atual; de modo que, como ele passa como individualidade de encarnação em encarnação, não é responsável pela Queda. Sabemos que os espíritos luciféricos foram responsáveis ​​pela Queda. Portanto, devemos dizer que, antes que o homem se tornasse homem no sentido terreno, ocorreu o evento divino, suprassensível, pelo qual um emaranhamento mais profundo na matéria lhe foi imposto. Por meio desse evento, o homem de fato alcançou o poder do amor e da liberdade, mas por meio dele algo lhe foi imposto que ele não poderia impor a si mesmo por seu próprio poder. Esse emaranhamento na matéria não foi um ato humano, mas um feito dos Deuses, que aconteceu antes que os homens pudessem cooperar em seu próprio destino. É algo que os Poderes Superiores da evolução progressiva combinaram com os poderes luciféricos. Teremos que examinar todos esses eventos e caracterizá-los mais exatamente. Hoje, colocaremos apenas o ponto principal diante de nossas mentes.

O que aconteceu naquela época precisava de um contrapeso. O evento pré-humano — a Queda do Homem — precisava de um contrapeso, mas isso, novamente, não era uma preocupação dos seres humanos, mas dos Deuses entre si. E veremos que essa ação teve que seguir seu curso tão profundamente na matéria quanto a primeira ação ocorreu acima dela. O Deus teve que descer tão profundamente na matéria quanto Ele havia permitido que o homem afundasse na matéria.

Deixe que este fato opere sobre você com todo o seu peso; então você compreenderá que esta encarnação do Cristo em Jesus de Nazaré foi algo que dizia respeito ao próprio Cristo. E que papel o homem foi chamado a desempenhar nisso? Primeiramente, como espectador, para ver como Deus compensa a Queda, como Ele provê o ato compensador. Não teria sido possível fazer isso dentro da personalidade de um Adepto, pois um Adepto é alguém que, por seus próprios esforços, se livrou da Queda. Isso só era possível em uma personalidade que fosse verdadeiramente humana — que, como homem, não superasse outros homens. Essa personalidade os havia superado antes dos trinta anos de idade — mas não mais. Por meio do que então ocorreu, um evento Divino foi realizado na evolução da humanidade, assim como havia sido feito no início da evolução humana na época lemuriana. E os homens eram participantes de uma transação que havia ocorrido entre Deuses; os homens podiam observá-la, porque os Deuses tiveram que fazer uso do mundo do plano físico para que sua transação se desenrolasse até o fim. Portanto, é muito melhor dizer: "Cristo ofereceu aos Deuses a expiação que Ele só poderia oferecer em um corpo humano físico", do que usar qualquer outra forma de expressão. O homem foi um espectador de uma ocasião Divina.

Por meio dessa expiação, algo aconteceu para a natureza humana. Os homens simplesmente a vivenciaram no curso de seu desenvolvimento. Assim, o terceiro caminho foi aberto, além dos dois já indicados.

Homens que se aprofundaram na natureza do cristianismo frequentemente apontaram essas três maneiras. Dentre o grande número daqueles que poderiam ser nomeados, mencionarei apenas dois que deram testemunho eminente do fato de que Cristo — que a partir do século XX será visto através das faculdades mais desenvolvidas — pode ser reconhecido, sentido, vivenciado por meio de sentimentos que não eram possíveis da mesma forma antes do Evento do Gólgota.

Há, por exemplo, um homem que, em toda a sua mentalidade, pode ser considerado um ferrenho oponente do que caracterizamos como jesuitismo: Blaise Pascal, uma grande figura da história espiritual, destacando-se como alguém que pôs de lado tudo o que havia surgido em detrimento das antigas Igrejas, mas que também não absorveu nada do racionalismo moderno. Como sempre acontece com grandes mentes, ele realmente permaneceu sozinho com seus pensamentos. Mas qual é a característica fundamental de seu pensamento no início do período moderno? Quando examinamos a questão, vemos, a partir dos escritos que ele deixou, particularmente de seus inspiradores Pensamentos — um livro acessível a qualquer pessoa —, como ele percebeu e sentiu o que o homem teria se tornado se o Evento-Cristo não tivesse ocorrido no mundo.

No segredo de sua alma, Pascal se perguntou: O que teria sido do homem se nenhum Cristo tivesse entrado na evolução humana? E respondeu: Podemos sentir que em sua alma o homem encontra dois perigos. Um perigo é que ele reconheça Deus como idêntico ao seu próprio ser: o conhecimento de Deus no conhecimento do homem. Aonde isso leva? Quando surge de modo que o homem se reconhece como Deus, leva ao orgulho, à altivez, à arrogância; e o homem destrói suas melhores forças porque as endurece na altivez e no orgulho. Este é um conhecimento de Deus que sempre teria sido possível, mesmo que nenhum Cristo tivesse vindo, mesmo que o Evento-Cristo não tivesse atuado como um impulso nos corações de todos os homens. Os seres humanos sempre teriam sido capazes de reconhecer Deus, mas teriam se tornado orgulhosos por essa consciência em seus próprios corações. Ou pode haver seres humanos que se escondem do conhecimento de Deus, que não querem saber nada sobre Deus. Seu olhar recai sobre outra coisa; recai sobre a impotência humana, sobre a miséria humana, e então, necessariamente, segue-se o desespero humano. Esse teria sido o outro perigo, o perigo daqueles que se afastaram do conhecimento de Deus.

Somente estes dois caminhos, disse Pascal, são possíveis: orgulho e arrogância, ou desespero. Então, o Evento-Cristo entrou na evolução humana e operou de modo que cada homem recebeu um poder que não apenas o capacitou a experimentar Deus, mas o próprio Deus que se tornara semelhante aos homens, que vivera com os homens. Este é o único remédio para o orgulho: quando voltamos nosso olhar para o Deus que se curvou à cruz; quando a alma olha para Cristo que se curvou à morte na cruz. E esta também é a única cura para o desespero. Pois esta não é uma humildade que torna o homem fraco, mas uma humildade que dá força curadora que transcende o desespero. Como mediador entre o orgulho e o desespero, desponta na alma humana o Auxiliador, o Salvador, como Pascal O entendia. Isso pode ser sentido por todo homem, mesmo sem clarividência. Esta é a preparação para o Cristo que, a partir do século XX, será visível para todos os homens; que, como o Curador do orgulho e do desespero, surgirá em cada peito humano, mas antes não podia ser sentido da mesma forma.

A segunda testemunha que eu gostaria de invocar, da longa lista de homens que têm esse sentimento, um sentimento que todo cristão pode tornar seu, é alguém já mencionado em muitos outros contextos, Vladimir Soloviev. Soloviev também aponta para dois poderes na natureza humana, entre os quais o Cristo pessoal deve servir de mediador. Há uma dualidade, diz ele, pela qual a alma humana anseia: a imortalidade e a sabedoria ou perfeição moral; mas nenhuma delas pertence à natureza humana desde o início. A natureza humana compartilha as características de todas as naturezas, e a natureza não leva à imortalidade, mas à morte. Em belas meditações, este grande pensador dos tempos modernos explora como a ciência externa demonstra que a morte se estende sobre tudo. Se olharmos para a natureza externa, nosso conhecimento responde: "A morte existe!". Mas dentro de nós vive o anseio pela imortalidade. Por quê? Por causa do nosso anseio pela perfeição. Basta olharmos para a alma humana para ver que um anseio pela perfeição vive em nós. Assim como, diz Soloviev, a rosa vermelha é dotada de cor vermelha, assim também a alma humana é dotada do anseio pela perfeição. Mas buscar a perfeição sem ansiar pela imortalidade, prossegue ele, é desmentir a existência. Não teria sentido se a alma terminasse com a morte, como todo ser natural termina. No entanto, toda a existência natural nos diz: "A morte existe!". Portanto, a alma humana sente a necessidade de ir além da existência natural e buscar a resposta em outro lugar.

Partindo desse pensamento, Soloviev diz: Observem os cientistas naturais, que resposta dão quando desejam ensinar a conexão da alma humana com a natureza? Uma ordem natural mecânica, dizem eles, prevalece e o homem é parte dela. E o que respondem os filósofos? Que o espiritual, ou seja, um mundo de pensamento abstrato e vazio que permeia todos os fatos da natureza, deve ser reconhecido filosoficamente. Nenhuma dessas afirmações é uma resposta para um homem que está consciente de si mesmo e pergunta, de dentro de sua consciência: "O que é a perfeição?". Se ele está consciente de que anseia pela perfeição, um anseio pela vida da verdade, se ele pergunta que Poder pode satisfazer esse anseio, abre-se para ele uma perspectiva de um reino, o reino da Graça acima da natureza, que a princípio se apresenta à alma como um enigma; e, a menos que a resposta para ele possa ser encontrada, a alma é constrangida a se considerar uma falsidade. Nenhuma filosofia, nenhuma ciência natural, pode conectar o reino da Graça com a existência, pois as forças naturais operam mecanicamente, e os poderes do pensamento possuem apenas a realidade do pensamento. Mas o que é capaz, com plena realidade, de unir a alma à natureza? Aquele que é o Cristo pessoal operando no mundo. E somente o Cristo vivo, não aquele que é meramente pensado, pode dar a resposta. Qualquer coisa que atue meramente na alma deixa a alma em paz, pois a alma não pode, por si só, dar à luz o reino da Graça. Aquilo que transcende a natureza, que, como a própria natureza, permanece ali como um fato real, o Cristo histórico pessoal — é Ele quem dá não uma resposta intelectual, mas uma resposta real.

E agora Soloviev chega à resposta mais completa, mais plenamente espiritual que pode ser dada ao final do período que agora se encerra, antes que as portas se abram para aquilo que tantas vezes lhes foi insinuado: a visão de Cristo, que terá seu início no século XX. À luz desses fatos, pode-se dar um nome à consciência que Pascal e Soloviev descreveram de forma tão memorável: podemos chamá-la de Fé. Assim, também, ela foi nomeada por outros.

Com o conceito de Fé, podemos chegar a um estranho conflito a respeito da alma humana a partir de duas direções. Analise a evolução do conceito de Fé e veja o que os críticos têm dito sobre ele. Hoje, os homens estão tão avançados que dizem que a Fé deve ser guiada pelo conhecimento, e uma Fé não sustentada por conhecimento deve ser posta de lado. A Fé deve ser destronada, por assim dizer, e substituída pelo conhecimento. Na Idade Média, as coisas dos Mundos Superiores eram apreendidas pela Fé, e a Fé era considerada justificada por si mesma.

O princípio fundamental do Protestantismo também é que a Fé, juntamente com o conhecimento, deve ser considerada justificada. A Fé é algo que brota da alma humana, e ao lado dela está o conhecimento que deve ser comum a todos. É interessante ver como Kant, considerado por muitos um grande filósofo, não foi além desse conceito de Fé. Sua ideia é que aquilo que um homem deve alcançar em questões como Deus, imortalidade e assim por diante, deve brilhar de outras regiões, mas apenas por meio de uma fé moral, não por meio do conhecimento.

O mais alto desenvolvimento do conceito de Fé vem com Soloviev, que se apresenta diante da porta fechada como o pensador mais significativo de seu tempo, apontando já para o mundo moderno. Pois Soloviev conhece uma Fé completamente diferente de todos os conceitos anteriores dela. Para onde o conceito predominante de Fé levou a humanidade? Ele levou a humanidade à demanda ateísta e materialista pelo mero conhecimento do mundo externo, em consonância com as ideias luteranas e kantianas, ou no sentido da filosofia monista do século XIX; à demanda pelo conhecimento que se vangloria do conhecimento, e considera a Fé como algo que a alma humana moldou para si mesma a partir de sua fraqueza necessária até certo momento no passado. O conceito de Fé finalmente chegou a isso, porque a Fé era considerada meramente subjetiva. Nos séculos anteriores, a Fé havia sido exigida como uma necessidade. No século XIX, a Fé é atacada justamente porque se encontra em oposição ao conhecimento universalmente válido que deveria provir da alma humana.

E então surge um filósofo que reconhece e valoriza o conceito de Fé para alcançar um relacionamento com Cristo que antes não era possível. Ele vê essa Fé, na medida em que se relaciona com Cristo, como um ato de necessidade, de dever interior.

Pois para Soloviev a questão não é "crer ou não crer"; a fé é para ele uma necessidade em si mesma. Sua visão é que temos o dever de crer em Cristo, pois, do contrário, nos paralisamos e desmentemos nossa existência. Assim como a forma cristalina emerge em uma substância mineral, a fé surge na alma humana como algo natural a si mesma. Portanto, a alma deve dizer: "Se reconheço a verdade, e não uma mentira sobre mim mesmo, então, em minha própria alma, devo realizar a fé. A fé é um dever que me é imposto, mas não posso fazer outra coisa senão alcançá-la por meio de meu próprio ato livre". E nisso Soloviev vê a marca distintiva da Ação Crística, que a fé é tanto uma necessidade quanto, ao mesmo tempo, um ato moralmente livre. É como se fosse dito à alma: Você não pode fazer mais nada. Se não deseja extinguir o eu dentro de você, deve adquirir a fé para si mesmo; mas deve ser por seu próprio ato livre! E, como Pascal, Soloviev conecta aquilo que a alma vivencia, para não se sentir uma mentira, com o Cristo Jesus histórico, que entrou na evolução humana por meio dos eventos na Palestina. Por isso, Soloviev diz: Se Cristo não tivesse entrado na evolução humana, de modo que Ele devesse ser considerado o Cristo histórico; se Ele não tivesse feito com que a alma percebesse o ato interiormente livre tanto quanto a necessidade legítima da Fé, a alma humana em nossos tempos pós-cristãos se sentiria obrigada a se extinguir e a dizer não "Eu sou", mas "Eu não sou". Esse, segundo esse filósofo, teria sido o curso da evolução nos tempos pós-cristãos: uma consciência interior teria permeado a alma humana com o "Eu não sou".1Assim que a alma se recompõe a ponto de atribuir a si mesma uma existência real, ela não pode fazer outra coisa senão voltar-se para o Cristo Jesus histórico.

Aqui temos, também para o pensamento exotérico, um passo à frente no caminho da Fé, ao estabelecer o terceiro caminho. Através da mensagem dos Evangelhos, uma pessoa incapaz de olhar para o mundo espiritual pode chegar ao reconhecimento de Cristo. Através daquilo que a consciência do vidente pode lhe transmitir, ela pode igualmente chegar ao reconhecimento de Cristo. Mas havia também um terceiro caminho, o caminho do autoconhecimento, e como as testemunhas citadas, juntamente com milhares e milhares de outros seres humanos, podem testemunhar a partir de sua própria experiência, ele leva ao reconhecimento de que o autoconhecimento na era pós-cristã é impossível sem colocar Cristo Jesus ao lado do homem e um reconhecimento correspondente de que a alma deve negar a si mesma ou, se quiser se afirmar, deve ao mesmo tempo afirmar Cristo Jesus.

Por que isso não acontecia nos tempos pré-cristãos será mostrado nos próximos dias. (Nas próximas palestras deste ciclo GA131)

GA 131 Conteúdo 

 I.            Jesuit and Rosicrucian Training             October 05, 1911

Introductory. Two currents of religious thought in recent centuries, Jesuitism and Rosicrucianism. In Jesuitism an exaggeration of the Jesus-principle; in Rosicrucianism a careful preservation of the Christ-principle. Cognition. Conscious soul-life; subconscious soul-life; unknown life in Nature, and in man as part of Nature. The corresponding triad — Spirit, Son and Father. The three domains of the soul — Ideation, Feeling and Will. The inviolable sanctuary of the Will. In Rosicrucian Initiation the Will is affected only through cognition. Jesuit training works directly upon the Will. Outline of Jesuit training.

II.           Rosicrucian Training and Anthroposophical Training  October 06, 1911

Rosicrucian Initiation, originating in the thirteenth century and developed later, to be carefully distinguished from Theosophy (Anthroposophy), which recognises the ideas of reincarnation and karma. Appearance in Europe of the idea of reincarnation in eighteenth and nineteenth centuries. Lessing's Education of the Human Race. His approach to the idea of reincarnation contrasted with the Buddhist view. Initiation in the twentieth century, like Rosicrucian Initiation, holds the human Will as sacred. Importance of self-training, moral and mental; effect of exercises. Contrast between Imaginations of Gospel scenes attained in freedom, and Imaginations experienced under constraint, as in the Jesuit system.

III.          Sources of Knowledge of Christ, Lord of Karma            October 07, 1911

Two sources for knowledge of Christ always accessible to non-clairvoyant man: (a) the Gospels. (b) communications by clairvoyant teachers. A third source is dealt with later in this lecture. In the twentieth century a super-sensible event takes place: Christ becomes the Lord of Karma. Opinions regarding Christ to be corrected by facts. Why Jesus of Nazareth may not be regarded as an Adept. Zarathustra and the Matthew Jesus-child. Descent of the Christ-Being into Jesus of Nazareth. Contrast with the life-experience of a true Adept, Apollonius of Tyana. The Fall of Man and its counterpoise. What if Christ had not entered into human evolution? Views of the philosophers Pascal and Soloviev. Faith through self-knowledge, the third source for exoteric knowledge of Christ.

IV.          Experiencing the Christ Impulse, Jerome and the Gospel of St. Matthew               October 08, 1911

The three ways of experiencing the Christ-Impulse, recalled. From the twentieth century onwards faith will be replaced, for an increasing number of persons, by direct vision of Christ. Historical Christianity and the Christ Event. Views of Justin Martyr and Augustine. Effect of the Act of Golgotha upon the atmosphere of the earth. Reverent awe of early Christian writers. Patience and humility must characterise the attitude of the seeker after spiritual truth. Importance of a new revision of the Gospels, corrected through reading the Akashic Record. Examples of errors in the authorised translations; Jerome and the Matthew Gospel; consequent misunderstanding of the principles of Christ Jesus.

V.           Redemption of the Physical Body         October 09, 1911

Much to be learnt before the meaning of the Christ-Impulse can be grasped. Simplicity in the expression of the deepest truths comes from deepest knowledge and longest experience. The-fourfold nature of man; what happens after death to the three sheaths of the Ego. Does the physical body pass away entirely? Answer given by human consciousness at three different epochs of history — Greek, Buddhist, Ancient Hebrew. Redemption of the physical body foreseen by Job.

VI.          St. John and St. Paul, First Adam and Second Adam   October 10, 1911

Examples of simplest expression of highest truths in writings of John the Apostle and Paul. The Resurrection; modern scientific opinion. Passages from Paul and John examined. Paul and the Event of Damascus. ‘The Risen One’. The ‘first Adam’ and the ‘second Adam’; the physical body and the spiritual body; the primal Form or Phantom of the physical body; Luciferic interference. The physical body of Jesus of Nazareth, the bearer of the Christ-Being.

VII.        The Mystery of Golgotha, Greek, Hebrew and Buddhist Thought         October 11, 1911

Theosophical ideas have been inadequate, so far, for understanding the Mystery of Golgotha. The three streams of thought recalled — Greek, Buddhist, Hebrew. The Ego in man and the Christ-Being in Jesus of Nazareth. Development of Ego-consciousness in man; the physical body the mirror for thought. Degeneration through Luciferic influence of the physical body, and of the Phantom; the consequences for the intellect and for the Ego-consciousness which was becoming progressively enfeebled up to the time of the Mystery of Golgotha. The perfect Phantom, risen from the grave, multiplies itself like a physical cell and becomes the spiritual body in man. The Mystery of Golgotha the rescue of the Ego-consciousness.

VIII.       The Two Jesus Children, Zoroaster and Buddha           October 12, 1911

Distinguishing characteristics of the two Jesus-children. Zarathustra and Buddha. The human Ego and the Ego of the Nathan-child. Union of the Ego of Zarathustra with the Nathan-Jesus, from twelfth to thirtieth year. Effects of the presence of the Christ-Being, after the Baptism, upon the Phantom of the physical body of the Nathan-Jesus.

IX.          The Exoteric Path to Christ       October 13, 1911

The exoteric path to Christ lost under increasing materialism during nineteenth century, though new signs appear in eighteenth and early nineteenth: Oetinger and Rothe. The objective reality of thought could not be grasped; connection of man with the Macrocosm was lost. Highest human ideals were regarded as purely subjective. But there could still be an intuitive feeling that sin was an objective fact and called for an objective act of Redemption. In the Holy Communion — matter interpenetrated with spirit — men found, and can still find, union with Christ.

X.           The Esoteric Path to Christ       October 14, 1911

The esoteric path to Christ was the path of the Evangelists; the Gospels are written from clairvoyant knowledge. The stages of Christian Initiation. The Appearance of Christ as Lord of Karma a super-sensible event, not an event on the physical plane; relation of individual karma to Earth karma. Importance of preparing oneself during earthly life for the encounter with Christ as Lord of Karma after death. Future teachings: human speech will acquire magical power: the utterance of a moral principle will become a moral impulse in those who hear it. The Bodhisattva of the twentieth century. The Maitreya Buddha, 3,000 years hence, will be a bringer of the Good through the Word. The Redemption-Thought. Conclusion.

 

25 setembro 2025

Bio 1 SvonHomrich

Bio1 SvonHomrich

O neto do compositor Sergej Prokofieff, já falecido, meu amigo, me dizia (1989, Bad Bol) que a previsão do Rudolf Steiner referente ao importante papel da Rússia na 6a. era (cerca de 3573 em diante) provavelmente não aconteceria pois após 70 anos de comunismo, a força de vontade dos russos estaria destruída. Sob o mesmo tema, Andréi Biélyi muito amigo de Rudolf Steiner, após o ciclo de Conferências sobre o tema em Dornach, Suíça, perguntou ao Steiner em que país aconteceria esta Era se o Bolchevismo durasse muito tempo... (1919) e Steiner disse, Brasil. Ora, com toda a destruição atual aqui acredito que esta possibilidade continua de pé, tal a investida das forças do mal. O que seria esta Era? A Era da Fraternidade. Prokofieff citou esta questão em um de seus livros, além de ter escrito um artigo muito forte descrevendo as forças atrás do bolchevismo. Comentários primorosos a respeito destas questões também foram feitos pelo russo Andréi Biélyi cuja obra é citada por Frédéric C. Kozlik já falecido, em sua tese na Sorbonne, obra que me foi presenteada por sua filha quando estive em Colmar, Günsbach.
25SET2025


A Imortalidade do Ser Humano. SvH.Rudolf Steiner

 A Imortalidade o Ser Humano. 

Tradução: Sonia von Homrich

Fonte: Rudolf Steiner Relações Cármicas III, VII. GA 237 (Conteúdo abaixo)

 

Na época da Atlântida, quando a Inteligência Cósmica, enquanto permanecendo cósmica, tomou posse dos corações dos homens, tal evento ocorreu; e agora, para o atual reino terrestre, isto mais uma vez irrompeu em relâmpagos e trovões espirituais. 

Sim, de fato foi assim. Na era em que os homens estavam conscientes apenas das convulsões históricas terrenas, quando os Rosa-cruzes estavam em movimento, quando todos os tipos de eventos notáveis ​​estavam acontecendo, sobre os quais você pode ler na história externa, naquela Era (Idade) a Terra parecia, aos espíritos nos mundos suprassensíveis, cercada por poderosos relâmpagos e trovões.

Os Serafins, Querubins e Tronos estavam transportando a INTELIGÊNCIA CÓSMICA para aquele membro da organização humana que chamamos de sistema neurossensorial, a organização da cabeça.

Mais uma vez, um grande evento ocorreu; este ainda não se mostra distintamente como realmente, só o fará no decorrer de centenas ou milhares de anos; mas significa, meus caros amigos, que o homem está sendo totalmente transformado.

ANTERIORMENTE, ele era um homem-coração; então, tornou-se um homem-cabeça.

A Inteligência torna-se sua.

Visto do suprassensível, tudo isso é de imenso significado.

Todo poder e  força que residem no domínio da PRIMEIRA Hierarquia, no domínio dos Serafins e Querubins, que revelam sua força e poder pelo fato de não apenas administrarem o Espiritual dentro do Espiritual, como os Dynamis, Exusiai e Kyriotetes, mas também transportarem o ESPIRITUAL para o FÍSICO, tornando isto em CRIADOR do Físico — todo este seu poder, os Serafins, Querubins e Tronos agora tiveram que aplicar para realizar uma ação tal como ocorre, como eu disse, somente após muitos éons (aeons).

E pode-se dizer: O que MICHAEL (Arcanjo e agora Archai) ensinou aos seus durante aquele tempo foi anunciado nos mundos terrestres abaixo com TROVÕES e RELÂMPAGOS.

Isto deve ser compreendido, meus caros amigos, pois estes TROVÕES e RELÂMPAGOS devem tornar-se entusiasmo nos corações e mentes dos ANTROPOSOFISTAS.

E aquele que realmente tem o impulso para a Antroposofia — embora ainda inconscientemente, pois os homens ainda não o sabem, mas aprenderão com o bom tempo — quem quer que seja que tenha esse impulso dentro de si, ainda carrega em sua alma os ecos, os pós-ecos do fato que no CÍRCULO DE MICHAEL ele recebeu de lá a Antroposofia celestial.

Pois a Antroposofia celestial precedeu a terrena.

Os ensinamentos dados naquela época existiam para preparar o que agora se torna em Antroposofia na Terra.

Então, temos uma dupla preparação suprassensível para o que se tornará a Antroposofia na Terra.

Temos a preparação na grande Escola suprassensível a partir do século XV em diante, e então temos o que descrevi como um culto imaginativo ou ritual  (Cultus) que tomou forma na suprassensível no final do século XVIII e início do século XIX, quando tudo o que os alunos de Michael aprenderam na Escola suprassensível anteriormente foi transformado em poderosas imagens e imaginações.

Assim eram as almas preparadas, aquelas que posteriormente desceram ao mundo físico, sendo destinadas, por meio de todas estas preparações, a sentir o impulso interior de buscar o que funcionaria como Antroposofia na Terra.

FONTE: Rudolf Steiner. GA 237. Karmic Relationships III. Relações Cármicas III, VII. The New Michael Age. Nova Era de Michael. 28 Julho 1924. Dornach.

https://rsarchive.org/Lectures/GA237/English/RSP1977/19240728p01.html


Conteúdo das Conferências de Relações Cármicas III GA 237 de Rudolf Steiner


I. Introdução a estes Estudos sobre o Carma 1º de julho de 1924. Intelectualismo e o estado de espírito que o precedeu: os homens receberam em si mesmos os pensamentos do éter cósmico. Até o início dos primórdios da Idade Média, essa antiga concepção persistiu em personalidades influenciadas, de um lado, pelo Arabismo e, de outro, pelo Aristotelismo. Para a civilização da Europa, foi necessário um impulso especial em direção ao desenvolvimento da Alma-Espiritual. Duas correntes espirituais em conflito: os quase árabes filósofos e os Escolásticos Dominicanos que, como representantes do individualismo, lutaram contra eles. Intensos conflitos internos na época desta luta para tornar possível o desenvolvimento da Alma-Espiritual e para sustentar a realidade do Pensamento individual.

II. Forças da Preparação Cármica no Cosmos 04 de julho de 1924. Forças da preparação cármica no cosmos. As encarnações anteriores do homem atuam em suas encarnações posteriores como um instinto espiritual dentro do EU(*); após a morte, ele se torna objetivamente consciente das experiências ocorridas na Terra. A teia de relacionamentos cármicos. A transmutação das ações terrenas dos homens em ações celestiais das almas. Quando dois seres humanos trabalham juntos, algo acontece entre os dois, transcendendo as experiências individuais de cada um. A conexão entre o que acontece no mundo humano na Terra e o que acontece nos mundos espirituais acima é, nada mais do que estabelecida para a consciência comum quando ações espirituais sagradas são trazidas ao mundo físico dos sentidos. Os atos celestiais e as consequências de certos acontecimentos caem como chuva fina nas imagens-espelho  do pensar na terra. Mas as sombras, os verdadeiros fantasmas do século XIX, circulam entre os homens atualmente, atraídos pela tendência Ahrimanica da Era(Idade).

III. Os Fundamentos Espirituais dos Esforços Antroposóficos 06 de julho de 1924. A conexão entre a vida humana na Terra e aquilo que acontece no cosmos. Seja o que for que aconteça aqui na Terra tem sua parte correspondente nos mundos espirituais. Isto se expressa na escrita das estrelas. Quais são as realidades cósmico-espirituais e subjacentes a uma comunidade como a Sociedade Antroposófica? Por qual predisposição uma alma é levada à Antroposofia? — Um anseio por Cristo acompanha muitas almas desde sua vida pré-terrena até sua vida presente na Terra: elas lutam novamente para conhecer Cristo como o Ser do Sol. A experiência cristã se mistura com as concepções do antigo paganismo. Em muitas almas influências se fazem presentes as quais tornam possível para os homens cair vitimados às tentações de Lúcifer e Ahriman. 

IV. A Condição da Alma daqueles que buscam a Antroposofia 08 de julho de 1924. Deve-se distinguir dois grupos no Movimento Antroposófico: um com a necessidade a mais interior necessidade do coração de colocar Cristo no ponto central, o outro encontrando grande satisfação em conhecê-Lo sob o aspecto da cosmologia e da história terrena e humana. As origens desse agrupamento remontam aos tempos dos Oráculos da Atlântida. Para as almas que chegam à Antroposofia hoje, é particularmente importante aquela encarnação que ocorreu nos primeiros séculos após Cristo. Algumas almas humanas tiveram muitas, outras relativamente poucas encarnações passadas na Terra. As almas de um grupo, consideradas como um todo, receberam o cristianismo naqueles primeiros séculos principalmente por meio do intelecto; outras receberam os impulsos eminentemente em sua vontade (**). Experiências na vida entre a morte e um novo nascimento das poderosas e superiores Imaginações encenadas como uma ação espiritual suprassensível na primeira metade do século 19.

V. Condições Espirituais da Evolução que lideraram ao Movimento Antroposófico 11 de julho de 1924. O elemento comum na condição anímica dos dois grupos nos primeiros séculos cristãos era uma sensação, leve e delicada, no entanto presente, entre o adormecer e o despertar, do trabalho Espiritual e o tecer na Natureza externa, e do influxo da espiritualidade nos espaços iluminados do cosmos. Percepção da inocência do ser da Natureza. Então, os homens começaram a ponderar sobre a profundidade das forças que trazem o bem e o mal na alma humana. Esse estado de espírito surgiu especialmente entre aqueles que receberam conhecimentos e ensinamentos do Oriente. (‘Búlgaros’ — seres humanos que foram mais fortemente tocados por essa oposição dos poderes espirituais do bem e do mal. Hereges). Então, chegou o tempo quando a visão da glória brilhante do arco-íris sobre as plantas, da natureza do desejo sobre os animais, desapareceu; entre o adormecer e o despertar, a linguagem sussurrada dos mundos espirituais cresce enfraquecendo, mas o Espiritual ainda podia ser falado como algo conhecido pelos homens; no tempo seguinte, o sentimento das almas na sua vida após a morte era que na Terra o crepúsculo noturno do Logos havia se estabelecido. Com isso  conecta-se o surgimento do Catecismo; a Missa, o Culto em sua totalidade torna-se exotérica em vez de ser dividido, como anteriormente, em uma porção exotérica e outra esotérica. O sentimento fundamental das almas no mundo espiritual entre o século 7 e o século 20 era: Cristo não é mais reconhecido em Sua verdadeira natureza; a cerimônia sagrada não é mais compreendida. Esse sentimento intensificou seu senso da necessidade para uma nova experiência de Cristo na Terra.

VI. A Escola de Chartres 13 de julho de 1924. Lugares superiores de conhecimento, relíquias dos Antigos Mistérios, estavam presentes até o século 7 ou 8I A.D. Nesses centros, os homens não falavam sobre leis abstratas da Natureza, mas do poder criativo da Deusa Natura. Então, a delicada, porém viva conexão com o mundo espiritual desapareceu, mas os antigos ensinamentos ainda eram cultivados em certos centros, cujos impulsos só cessaram no século 12 ou 13. O conhecimento concernente aos quatro Elementos, o Sistema Planetário, o "Oceano Cósmico", os segredos do "Eu", foram cultivados até a virada do século 14-15. A Escola de Chartres e seus professores. Pelo final do século 12, tais ensinamentos ainda eram cultivados na Universidade de Orleans. Platonistas e Aristotélicos. Brunetto Latini. No início do século 13I, ocorre uma supremamente importante "troca de ideias" no mundo espiritual, com o objetivo de trazer uma nova espiritualidade para a Terra. A maravilhosa cooperação entre as almas que trabalhando a partir do superior e aquelas que estavam abaixo na terra foi o resultado. Nesta atmosfera espiritual o verdadeiro Rosacrucianismo pôde infundir sua influência.

VII. A Nova Era de MICHAEL  28 de julho de 1924. A manipulação do intelecto pelo homem individual e pessoal o conduz à liberdade da vontade (pensar-sentir-querer), à livre-escolha, ao livre-arbítrio. Nos primeiros séculos cristãos, até o século 8-9, a Inteligência Cósmica fluía abaixo dos céus para a Terra. Escolasticismo: o combate da humanidade por um entendimento claro da Inteligência que está fluindo. A Alma-Espiritual, e com ela a Inteligência, começam a se tornar parte da humanidade. A sabedoria Rosacruz consistia nisto: que a pessoa tivesse uma certa clareza da compreensão desses fatos. No domínio do Sol, MICHAEL reuniu ao seu redor as almas que então, no início do século 15, estavam unidas na Escola suprassensível de MICHAEL. A partir deste momento, o princípio de MICHAEL era para ser desenvolvido através da própria Inteligência da alma humana (em si mesma) até o início da nova Era de MICHAEL na Terra, no final do século 19. A grande crise a partir do início do século 15 até os nossos dias é a batalha de Ahriman contra MICHAEL. Ahriman quer fazer a antiga Inteligência Cósmica tornar-se inteiramente terrena. A transferência da Inteligência Cósmica para o sistema neuro-sensorial (a organização da cabeça) no homem é vivenciada a partir do mundo espiritual como se uma tempestade cósmica estivesse em curso. Tal evento pela última vez tinha ocorrida no tempo da Atlântida, quando a Inteligência Cósmica, enquanto permanecesse cósmica, tomou posse dos corações dos homens. Através da espiritualização do intelecto, o homem-cabeça deve agora se tornar novamente um homem-coração. Fim do século.

VIII. A Luta de Ahriman contra o Princípio de Michael. A Mensagem de Michael 1º de agosto de 1924. O domínio anterior de Michael, sua estampa cosmopolita e seu objetivo: a consciência que, apesar da Queda (do Paraíso), o homem pode, afinal, ascender à Divindade. Desde o século 8-9, a Inteligência Cósmica passou das mãos de Michael para as mãos dos homens. Conflito entre os Escolásticos e os seguidores Maometanos do ensino aristotélico. Na última era (idade) de Michael, uma atmosfera de desencorajamento ocorreu nos antigos Mistérios; foi uma era de grandes testes e provas. A palavra de Michael naquela época era: o homem deve alcançar a Pan-Inteligência, deve apoderar-se do Divino na Terra na forma de sem pecado. Na nova era de Michael, os homens terão que se conscientizar do caminho de sua salvação, e realizar que devem se libertar do objetivo de Ahriman que é de tomar posse da Inteligência que chegou às mãos dos homens. Os antropósofos (pesquisadores da Ciência Espiritual Cristã de Rudolf Steiner) devem aprender a compreender que o cosmos HOJE está engajado nesta batalha de Ahriman contra Michael. Reflexos terrenos dos ensinamentos de Michael no suprassensível em Raymond de Sabunde (***). É impulso de Michael conduzir os homens novamente ao ponto onde  eles leiam no Livro da Natureza, não apenas no Livro da Revelação.

IX. Entrada das Forças de Michael. Caráter Decisivo dos Impulsos de Michael  03 de agosto de 1924. Os impulsos de Michael são de tal natureza que penetram profunda e intensamente no todo do ser humano, inclusive, em seu carma físico. O tempo da grande crise. Os impulsos de Micael estão preocupados com grandes decisões. Os seres humanos que, na presente encarnação, recebem os impulsos de Michael através da Antroposofia estão, portanto, preparando seu ser integral de tal forma que estes impulsos de Micael penetrem até mesmo nas forças que, de outra forma, seriam meramente determinadas pelas conexões de raça e nação. As mais intimas e finas (sutis) conexões da vida devem ser observadas; elas se estendem mesmo até aos reinos dos Anjos. Enquanto a comunidade de Michael está sendo formada aqui na Terra, o reino dos Anjos se transforma em um reino duplo: um reino dos Anjos com a tendência ascendente e outro com tendência descendente. O intelectualismo prevalente em todo lugar atualmente é alimento espiritual para os Poderes Ahrimanicos. As possibilidades de Ahriman se apossar da civilização tornam-se cada vez maiores. Uma diminuição ou desvirtuamento (distorção) da consciência no ser humano dá a Ahriman a possibilidade de incorporar a si mesmo e trabalhar a partir deste ser humano. A era (idade) está preocupada, em relação a decisões muito importantes.

X. Os Michaelitas: seu Impulso Cármico em Direção à Vida Espiritual. O trabalho de Ahriman na outrora Inteligência Cósmica e agora Inteligência Pessoal   04 de agosto de 1924.  Ao impulso cármico impelindo o homem em direção ao Espiritual, somam-se todas as experiências vivenciadas da maneira descrita antes que as almas descessem à presente vida terrena. Demanda-se do antroposofista a iniciativa interior da alma. Mina-se a iniciativa através do intelectualismo materialista, tão amplamente difundido atualmente. O medo indeterminado da vida. O materialismo se aplica positivamente apenas à vida física. A tragédia no carma dos homens que não conseguem encontrar o caminho para a espiritualidade. Chegará o tempo em que, nos seres humanos que forem atraídos pelo Espírito nesta encarnação terrena, o Espírito revelará seu próprio poder no formar da fisionomia, moldando toda a forma do homem. Para aqueles que hoje se encontram no campo do materialismo, será demonstrado que o Espírito é criativo, pois eles o contemplarão em forma e feições exteriores. A luta de Ahriman para arrancar a Inteligência de Michael. Os espíritos Ahrimanicos não podem encarnar, mas podem incorporar-se temporariamente e, assim, atuar nas almas dos homens. Ahriman apareceu realmente desta forma como um autor. (Veja o final da próxima aula. O Anticristo e o Ecce Homo de Nietzsche).

XI. Evolução do Princípio de Michael através dos Tempos. A Cisão na Inteligência Cósmica   08 de agosto de 1924. A batalha travada pelos estudiosos da Ordem Dominicana para manter e sustentar a pessoal imortalidade do homem. Averróis/ Averroes (****) declarado herege. Hoje, temos que dizer: "No sentido em que o homem se tornou imortal, quanto à sua Alma-Espiritual, ele de fato alcançou a imortalidade — a contínua consciência da personalidade após atravessar o umbral da morte — mas ele alcançou isto somente a partir do momento em que a Alma-Espiritual assumiu sua morada no homem terreno." A Inteligência Solar de Michael e as Inteligências Planetárias. No século 9 DC, com a descida da Inteligência Cósmica nos homens, a Inteligência Solar de Michael e as Inteligências Planetárias gradualmente entraram em oposição cósmica uma à outra. No Concílio Ecumênico de 869 DC, foi dado o sinal para um evento avassalador no mundo espiritual superior: uma cisão entre os Anjos que guiam as almas humanas, levando à desordem no carma dos homens. Este é o elemento caótico na história dos tempos recentes. Com a penetração de Michael na autoridade terrena, Michael traz o poder que restaura a ordem no carma daqueles que foram com ele. A restauração da verdade no carma. A missão da Antroposofia. 

NOTAS

(*) EU: O ser humano é formado de quatro membros, corpo físico, corpo etérico (corpo de vida), corpo astral(alma) e Eu(Espírito), na Metodologia de Pesquisa da Ciência Espiritual Cristã (Antroposofia) de Rudolf Steiner.

(**) O ser humano é subdividido em três partes: Pensar, Sentir, Querer (Vontade). Ou seja, sistema neuro-sensorial, sistema circulatório e respiratório, sistema metabólico e membros.

(***) Raymonde de Sabunde (1.385-1.432) escreveu "Theologia Naturalis.

(****) Ibn Rushd, latim arcaico  Averroes 1.126-1.198), defendeu o aristotelismo contra o platonismo.

 


Vitral Goetheanum, Dornach - Michael

24 setembro 2025

Considerações e Manifestações do Carma. Rudolf Steiner

 

Considerações, Sonia von Homrich

 

Termos usados na Ciência Espiritual Cristã de Rudolf Steiner ou Antroposofia, não tem o mesmo significado aos usados em outras correntes espirituais como o Espiritismo, ou mesmo Induismo apesar da semelhança. Para compreender a Ciência Espiritual Cristã de Rudolf Steiner há que se compreender o seu método e por esta razão, a metodologia de pesquisa a ser empregada é a de Goethe e Steiner e não a das Ciências Naturais ou outras Ciências.

O Ciclo de Palestras abaixo deve ser acessado no site rsarchive.org e está em Inglês. No entanto, existe a possibilidade de tradução do texto da palestra para o português ou outras línguas, na própria página na qual a palestra é aberta. Por pior que seja a tradução, como ela está inserida na própria página do arquivo, a possibilidade da tradução ser menos distorcida do que em qualquer outro mecanismo de IA é menor, já que o universo de palavras já está no próprio site, porém não existem garantias.

Claro que as melhores traduções de textos complexos são feitos por seres humanos que conhecem a própria Ciência Espiritual de Rudolf Steiner e que se preocupam com a veracidade das traduções ao invés de simplesmente facilitar a leitura.

Eu não sou tradutora formal da obra de Rudolf Steiner, simplesmente por necessidade pessoal já que investigo, pesquiso a Ciência Espiritual Cristã de Rudolf Steiner,  desde a década de 70 eu faço as minhas traduções pessoais recorrendo a várias linguas quando necessário, embora eu prefira as traduções para a língua inglêsa.

As palestras de Steiner podem ser encontradas no original, alemão e em diversas línguas. Inglês, Francês, Italiano, Espanhol. Online eu conheço o https://rsarchive.org/  A opção da tradução está na coluna ao lado esquerdo já na página principal.

Sonia von Homrich, 24 Set 2025.

Palestra: Rudolf Steiner. Predisposição adquirida a doenças 

(Na última palestra), falamos sobre a natureza da dor, que pode estar relacionada a uma doença; também apontamos como, em outros casos, uma doença pode seguir seu curso — pelo menos em certo sentido — sem ser acompanhada de dor.

Devemos agora considerar a natureza da dor com um pouco mais de detalhes. Devemos ter em mente o fato de que a dor pode se manifestar lado a lado com a doença. Em nossa última discussão, já concluímos que não podemos considerar doença e dor como inseparáveis. Devemos estar cientes de que, se a dor está relacionada a uma doença, deve haver algo mais em jogo do que a mera doença. Destacamos que o processo que ocorre durante a transição de uma encarnação para outra, por meio do qual eventos de encarnações anteriores são transformados em causas de doença, é influenciado, por um lado, pelo princípio luciférico e, por outro, pelo princípio Ahrimanico.

Como lançamos as bases das doenças? Por que adquirimos uma predisposição para a doença? O que nos induz, entre a morte e o renascimento, a preparar forças que se manifestarão como doença em nossa próxima vida?

Fonte/ Source: Rudolf Steiner.GA 120. Manifestations of Karma. Manifestações do Carma. 22 May 1910. 22 Maio 1910. Hamburg

https://rsarchive.org/Lectures/GA120/English/RSP1984/19100522p01.html

 

Conteúdo do Ciclo de Palestras GA 120

https://rsarchive.org/Lectures/GA120/English/RSP1984/19100522p01.html

I. A Natureza e o Significado do Carma no Individual e Pessoal; e na Humanidade, na Terra e no Universo. 16 de maio de 1910

II. Carma e o Reino Animal. 17 de maio de 1910

III. Carma em Relação à Doença e à Saúde. 18 de maio de 1910

IV. A Curabilidade e a Incurabilidade das Doenças em Relação ao Carma. 19 de maio de 1910

V. Doenças Naturais e Acidentais em Relação ao Carma. 20 de maio de 1910

VI. As Relações entre Carma e Acidentes. 21 de maio de 1910

VII. Forças da Natureza, Erupções Vulcânicas, Terremotos e Epidemias em Relação ao Carma. 22 de maio de 1910

VIII. Carma dos Seres Superiores. 25 de maio de 1910

IX. Efeitos Cármicos de Nossas Experiências como Homens e Mulheres. Morte e Nascimento em Relação ao Carma. 26 de maio de 1910

X. Livre-arbítrio e Carma no Futuro da Evolução Humana, 27 de maio de 1910

XI. Carma Individual e Humano. Carma dos Seres Superiores, 28 de maio de 1910

Links para quem lê em Inglês

I.

The Nature and Significance of Karma in the Personal and Individual; and in Humanity, the Earth and the Universe

16th May, 1910

II.

Karma and the Animal Kingdom

17th May, 1910

III.

Karma in Relation to Disease and Health

18th May, 1910

IV.

The Curability and Incurability of Diseases in Relation to Karma

19th May, 1910

V.

Natural and Accidental Illness in Relationship to Karma

20th May, 1910

VI.

The Relationships Between Karma and Accidents

21st May, 1910

VII.

Forces of Nature, Volcanic Eruptions, Earthquakes and Epidemics in Relation to Karma

22nd May, 1910

VIII.

Karma of the Higher Beings

25th May, 1910

IX.

Karmic Effects Of Our Experiences As Men and Women. Death and Birth In Relationship to Karma

26th May, 1910

X.

Free Will and Karma in the Future of Human Evolution

27th May, 1910

XI.

Individual and Human Karma. Karma of the Higher Beings.

28th May, 1910

 

 

 

 

 

 

12 setembro 2025

Desafio de Rudolf Steiner. Filme

 Desafio de Rudolf Steiner

Os insights únicos e a pesquisa de Rudolf Steiner em assuntos como educação, medicina, agricultura e muitos outros, é uma perene fonte de inspiração.  O Desafio de Rudolf Steiner do Diretor britânico Jonathan Stedall, visa trazer Rudolf Steiner para maiores audiências.

Legendas em Português agora disponíveis para download do site

http://rudolfsteinerfilm.squarespace.com/;jsessionid=A9E63EE52A90EECD086BD3A563CF6922.v5-web011


11 setembro 2025

Cristo e a Alma Humana. Rudolf Steiner

 Cristo e a Alma Humana

Tradução: Sonia von Homrich

Fonte: Rudolf Steiner. GA 155. Christ and the Human Soul. Lecture IV. Norrköping, 16th July, 1914.

https://rsarchive.org/Lectures/GA155/English/RSP1972/19140716p01.html

 

Temas deste ciclo de palestras, abaixo

A humanidade sempre necessita de verdades que não podem, em todas as épocas, serem totalmente compreendidas. A assimilação de verdades não é significativa apenas para o nosso conhecimento; as próprias verdades contêm força vital. Ao nos permearmos com a verdade, permeamos nossa natureza anímica com um elemento extraído do mundo objetivo, assim como precisamos permear nosso ser físico com ar extraído de fora para viver. Verdades profundas são de fato expressas em grandes revelações religiosas, mas de tal forma que seu verdadeiro significado interior muitas vezes só é compreendido muito, muito mais tarde.

O Novo Testamento foi escrito e permanece como um registro para a humanidade — no entanto, todo o curso futuro da evolução da Terra será necessário para que se alcance uma compreensão completa do Novo Testamento. No futuro, os homens adquirirão muito conhecimento do mundo externo e também do mundo espiritual; e, se tomado no sentido correto, tudo contribuirá para a compreensão do Novo Testamento. A compreensão se dá gradualmente, mas o Novo Testamento foi escrito de forma simples, para que possa ser absorvido e, posteriormente, gradualmente compreendido. Permear-nos com a verdade que reside no Novo Testamento não é sem significado, mesmo que ainda não possamos compreender totalmente a verdade nele contida, em sua mais profunda interioridade. Mais tarde, a verdade se torna força cognitiva, já como força vital, na medida em que é absorvida de forma mais ou menos infantil. E se as questões que começamos a considerar ontem (Conferência no dia anterior) devem ser entendidas no sentido em que são transmitidas no Novo Testamento, precisamos de um conhecimento mais profundo, de uma maior compreensão do mundo espiritual e de seus mistérios.

Se quisermos prosseguir com os estudos que iniciamos ontem, precisamos examinar novamente alguns mistérios ocultos, pois eles poderão nos guiar para uma maior compreensão do enigma da culpa e do pecado e, desse ponto de vista, lançar luz sobre a relação de Cristo com a alma humana.

No decorrer do nosso trabalho antroposófico, frequentemente nos deparamos com um ponto de vista que pode ser formulado como uma pergunta frequentemente feita: Por que Cristo morreu em um corpo humano? Esta, de fato, é uma questão fundamental a respeito do Mistério do Gólgota. Por que Cristo morreu, por que Deus morreu, em um corpo humano?

 Deus morreu porque a evolução do universo fez ser necessária para que Ele pudesse entrar na humanidade; era necessário que um Deus dos mundos superiores se tornasse o líder da evolução da Terra. Por essa razão, Cristo teve que se relacionar com a morte. Relacionado com a morte! Seria desejável que essa expressão fosse profundamente compreendida pela alma humana.

Em geral, o ser humano encontra a morte apenas quando vê outra pessoa morrer, ou em outros fenômenos semelhantes à morte que podem ser encontrados no mundo, ou na certeza de que ele próprio deve passar pelo portal da morte quando sua encarnação atual terminar. Mas esse é apenas o aspecto externo da morte. A morte está presente de uma forma bem diferente no mundo em que vivemos, e é preciso chamar a atenção para isso. Comecemos com um fenômeno bastante comum e cotidiano. Inspiramos o ar e o expiramos novamente; mas o ar sofre uma mudança. Quando o ar é exalado, é ar morto; como ar exalado, não pode ser inalado novamente, pois o ar exalado é mortal. Indico isso apenas para que você possa entender o significado do ditado oculto: "Quando o ar entra no ser humano, ele morre". O elemento vivo no ar de fato morre quando entra no ser humano. Esse, no entanto, é apenas um fenômeno. O raio de luz que penetra em nossos olhos deve morrer da mesma forma, e não ganharíamos nada com os raios de luz se nossos olhos não se opusessem ao raio de luz, como nossos pulmões se opõem ao ar. A luz que entra em nossos olhos morre em nossos olhos; e através da morte da luz em nossos olhos é que enxergamos. Estamos cheios de muito daquilo que precisa morrer em nós para que possamos ter nossa consciência terrena. Corporalmente, matamos o ar; Matamos também os raios de luz que nos penetram, e assim matamos de muitas maneiras.

Quando invocamos a Ciência Espiritual em nosso auxílio, distinguimos quatro graus de substância: terra, água, ar e calor. Entramos então no reino onde falamos de éter-calor, de éter-luz. Até o éter-luz, matamos o que nos penetra; matamo-lo incessantemente para que possamos ter nossa consciência terrena. Mas há algo que não podemos matar com nossa existência terrena. Sabemos que acima do éter-luz existe o chamado éter químico, e então vem o éter-vida. Esses são os dois tipos de éter que não podemos matar. Mas, por causa disso, eles não têm uma participação especial em nós. Se fôssemos capazes de matar o éter químico, as ondas da Harmonia das Esferas soariam perpetuamente em nosso corpo físico, e nós destruiríamos perpetuamente essas ondas com nossa vida física.

E se também matássemos o éter vital, destruiríamos e mataríamos continuamente dentro de nós a vida cósmica que flui para a Terra. No som terrestre, recebemos um substituto, mas não se compara ao que ouviríamos se o éter químico fosse audível para nós como seres humanos físicos. Pois o som físico é um produto do ar e não é o som espiritual; é apenas um substituto para o som espiritual.

Quando a tentação luciférica surgiu, os deuses progressistas foram obrigados a colocar o ser humano em uma esfera onde, do éter vital para baixo, a morte vive em seu corpo físico. Mas naquela época os deuses progressistas disseram — e as palavras estão na Bíblia — "O homem conheceu a distinção entre o Bem e o Mal, mas a Vida ele não terá. Da Árvore da Vida ele não comerá". No esoterismo, podemos continuar a frase "Da Árvore da Vida o homem não comerá", acrescentando as palavras "e o Espírito da Matéria ele não ouvirá". Da Árvore da Vida o homem não comerá e o Espírito da Matéria não ouvirá! Estas são as regiões que estavam fechadas ao homem. Somente através de um certo procedimento nos antigos Mistérios os tons da Música das Esferas e da Vida Cósmica, pulsando através do universo, foram revelados àqueles que eram iniciados quando lhes foi dado, fora do corpo, ver Cristo antecipadamente. Por esta razão, os antigos filósofos falem da Música das Esferas.

Ao chamar a atenção a isso, indicamos ao mesmo tempo as regiões de onde o Cristo veio a nós na época do Batismo de João no Jordão. De onde veio Cristo? Ele veio daquelas regiões que haviam sido fechadas ao ser humano como resultado da tentação luciférica — da região da Música das Esferas e da região da Vida Cósmica. Essas regiões tiveram que ser esquecidas pelo ser humano por causa da tentação luciférica no início da evolução da Terra. No batismo de João no Jordão, Cristo entrou em um corpo humano (vivo), e o que permeava esse corpo humano era a essência espiritual da Harmonia das Esferas, a essência espiritual da Vida Cósmica — o elemento que ainda pertencia à alma humana durante a primeira fase de seu tempo na Terra, mas do qual a alma humana teve que ser excluída como resultado da tentação luciférica. Nesse sentido, também o ser humano se relaciona com o espírito. Com sua alma, ele realmente pertence à região da Música das Esferas e à região do Verbo, do Éter Cósmico Vivo. Mas ele foi expulso dessas regiões. Elas deveriam ser-lhe restituídas para que ele pudesse gradualmente ser novamente permeado pelos elementos espirituais dos quais foi exilado. É assim que, do ponto de vista da Ciência Espiritual de Rudolf Steiner, as palavras do Evangelho de São João nos tocam tão profundamente: No princípio primordial, quando o homem ainda não estava sujeito à tentação, estava o Logos. O homem pertencia ao Logos... o Logos estava com Deus, e o homem estava com o Logos, com Deus. E através do Batismo de João no Jordão, o Logos entrou na evolução humana — Ele se tornou Homem.

Aqui temos a conexão importantíssima. Deixemos esta verdade como está e abordemos a questão de outro ângulo. A vida como um todo se mostra a nós apenas do lado externo. Caso contrário, o homem saberia o tempo todo como absorve o cadáver da luz em seus olhos quando vê.

O que Cristo teve que empreender para que o cumprimento da frase de São Paulo: "Não eu, mas Cristo em mim", pudesse ser possível? Tinha que ser possível que Cristo permeasse a natureza do homem; mas a natureza do homem está repleta do que é morto pela natureza humana na existência terrena, do éter de luz para baixo — o éter de luz que morre no olho humano. A natureza do ser humano está repleta de morte; mas o elemento vital nos dois tipos mais elevados de éter foi retirado para que a natureza humana não fosse também carregada junto com a morte. Para que Cristo pudesse habitar em nós, Ele teve, portanto, que se relacionar com a morte, com toda a morte que se espalha pelo mundo, desde a luz até as profundezas da materialidade. Cristo teve que ser capaz de passar por tudo o que carregamos dentro de nós como o cadáver da luz, do calor, do ar e assim por diante. Foi somente porque Ele foi capaz de se relacionar com a morte que Ele pôde se relacionar com o ser humano. E devemos sentir em nossas almas que Deus teve que morrer para que pudesse nos preencher, nós que adquirimos a morte como resultado da tentação luciférica, para que pudéssemos dizer: "Cristo em nós".

Muitas outras coisas estão ocultas para o ser humano atrás da existência sensorial. Ele volta seu olhar para o mundo vegetal; ele vê como a luz do Sol conjura as plantas para fora do solo. A ciência nos ensina que a luz é necessária para o crescimento das plantas, mas isso é apenas metade da verdade.

Quem observa as plantas com clarividência vê elementos espirituais vivos emergindo delas. A luz mergulha nas plantas e delas emerge novamente como um elemento espiritual vivo. Nos animais, é o éter químico que penetra, e esse éter químico não é perceptível ao ser humano; se ele pudesse ter consciência do éter químico, soaria espiritualmente. Os animais transformam esse éter em espíritos da água. As plantas transformam a luz em espíritos do ar; os animais transformam o espírito ativo no éter químico em espíritos da água. Finalmente, o éter cósmico, ou éter da vida, que o ser humano é impedido de matar e sem o qual não poderia viver — ele transforma o éter da vida em Espíritos da Terra.

Em uma série de palestras proferidas em Karlsruhe, “De Jesus a Cristo” https://rsarchive.org/Lectures/FromJ2C1973/FJ2C73_index.html  falei certa vez do "fantasma" humano. Este não é o momento de traçar o fio condutor entre o que será dito aqui e o que foi dito então sobre o "fantasma" humano, mas tais fios condutores existem e talvez você os encontre por si mesmo. Hoje, preciso apresentar o assunto por outro ângulo.

Há algo perpetuamente engendrado no ser humano que também é espiritual — a vida no ser humano. Isso está sempre se espalhando para o mundo. O homem projeta uma aura ao seu redor, uma aura de raios com a qual enriquece continuamente o elemento terreno-espiritual da Terra. Esse elemento terreno-espiritual da Terra, no entanto, contém todas as qualidades, morais ou não, que o homem adquiriu e carrega consigo, pois ele as envia para o seu ambiente terreno. Isso é verdade absoluta. A visão clarividente percebe como o ser humano envia sua aura moral, intelectual e estética para o mundo, e como essa aura continua a viver como espírito terreno na espiritualidade da Terra. Assim como um cometa arrasta sua cauda pelo Cosmos, o ser humano atrai, por toda a vida terrena, a aura espiritual que projeta. Essa aura espiritual se mantém unida, como um fantasma, durante a vida do homem, mas, ao mesmo tempo, irradia para o mundo as propriedades morais e intelectuais da sua alma.

Quando, em nossos estudos ocultos, remontamos aos tempos anteriores ao Mistério do Gólgota, descobrimos que os seres humanos daquela época simplesmente irradiavam essa entidade fantasmagórica, que continha suas qualidades morais, para o mundo externo, para a aura espiritual externa da Terra. Mas a humanidade se desenvolveu no curso da existência da Terra, e justamente na época em que o Mistério do Gólgota aconteceu, um certo estágio havia sido alcançado na evolução dessa entidade fantasmagórica. Em tempos anteriores, ela era muito mais evanescente; na época do Mistério do Gólgota, ela havia se tornado mais densa, tinha mais forma; e nessa entidade fantasmagórica estava agora misturada, como característica fundamental, a morte que o ser humano desenvolve em si mesmo ao matar o raio de luz que entra em seu olho, e assim por diante, como expliquei. Essas entidades espirituais da Terra que irradiam do ser humano são como uma criança natimorta, porque elas lhes transmitem sua morte. Se Cristo não tivesse vindo à Terra, então, durante a permanência de suas almas em corpos terrestres, os seres humanos poderiam ter irradiado continuamente entidades com a marca da morte sobre si. E a essa marca da morte estariam ligadas as qualidades morais do ser humano de que falamos ontem: culpa objetiva e pecado objetivo. Estes estariam contidos nela.

Suponhamos que o Cristo não tivesse vindo para a terra. O que teria acontecido na evolução da Terra? A partir do momento em que o Mistério do Gólgota teria ocorrido, os seres humanos teriam criado espiritualmente formas densas às quais teriam transmitido a morte. E essas formas densas teriam se tornado naquelas próprias que tiveram que passar para o estágio de Júpiter, com a Terra. O ser humano teria transmitido a morte à Terra. Uma Terra morta teria dado à luz um Júpiter morto.

Não poderia ter sido de outra forma, porque se o Mistério do Gólgota não tivesse existido, o ser humano não teria sido capaz de permear as radiações que ele emite com as essências da Música das Esferas e da Vida Cósmica. Essas essências não estariam lá; elas não teriam fluído para as radiações humanas; mas Cristo as trouxe de volta através do Mistério do Gólgota. E quando há o cumprimento das palavras: "Não eu, mas Cristo em mim", quando criamos um relacionamento com Cristo dentro de nós mesmos, aquilo que irradia de nós e que de outra forma estaria morto, torna-se vivo. Como carregamos a morte dentro de nós, o Cristo vivo precisa nos permear, a fim de que Ele possa dar vida ao ser espiritual terrestre que deixamos para trás. Cristo, o Logos vivo, permeia e dá vida à culpa e ao pecado objetivos que se desprendem de nós e não são levados adiante em nosso Carma. Porque Ele lhes dá vida, uma Terra viva evoluirá para um Júpiter vivo. Este é o resultado do Mistério do Gólgota.

Através da reflexão, a alma,  pode receber Cristo ao perceber que houve um tempo em que o ser humano estava no seio do Logos divino. O ser humano teve que sucumbir à tentação de Lúcifer. O ser humano tomou a morte para si; ​​para ele passou o germe pelo qual ele teria feito uma Terra morta nascer como um Júpiter morto. A dotação era prévia à tentação luciférica onde o que a alma humana estava destinada a receber para sua existência terrena, foi deixado para trás.

E entra novamente na existência terrena do ser humano, com Cristo.

Quando o ser humano acolhe Cristo em si, de modo a sentir-se permeado por Cristo, ele é capaz de dizer a si mesmo: “O dom que os deuses me concederam antes da tentação luciférica, e que devido a ela, teve que permanecer no Cosmos, entra em minha alma com Cristo. A alma torna-se completa novamente, pela primeira vez, ao acolher Cristo em si. Só então sou uma alma plena; só então sou novamente tudo o que os deuses pretendiam que eu fosse desde o início da Terra.” “Sou realmente uma alma sem Cristo?”, o ser humano se pergunta, e sente que é por meio de Cristo que ele se torna pela primeira vez a alma que os Seres Divinos que o guiaram no passado, pretendiam que ele fosse. Este é o maravilhoso sentimento de “estar em casa – de lar” que as almas podem ter com Cristo; pois do lar cósmico primordial na alma do ser humano, Cristo,  desceu com a finalidade de devolver à alma do ser humano aquilo que obrigatoriamente tinha que ser perdido na Terra como resultado da Tentação de Lúcifer. Cristo conduz a alma novamente ao seu lar primordial, o lar que lhe foi concedido pelos deuses.

Essa é a bem-aventurança e a bênção da experiência real de Cristo na alma humana. Foi isso que proporcionou tamanha bem-aventurança a certos místicos cristãos na Idade Média. Eles escreveram muito do que, por si só, parece ser fortemente influenciado pelos sentidos, mas que fundamentalmente, era espiritual. Místicos cristãos como aqueles que se juntaram a Bernardo de Claraval (1) e outros, sentiam que a alma humana era a noiva que havia perdido seu noivo no início primordial da Terra. Quando Cristo entrou em suas almas, enchendo-as de vida, de alma e espírito, eles experimentaram Cristo como o noivo-alma que se uniu à alma; o noivo que se perdeu quando a alma abandonou seu lar original para seguir Lúcifer pelo caminho da liberdade, o caminho da diferenciação entre o bem e o mal.

Quando a alma do ser humano realmente vive em Cristo, sentindo que Cristo é o Ser Vivente que desde a morte no Gólgota, fluiu para a atmosfera da Terra e para a alma, ela se sente interiormente vivificada por meio do Cristo. A alma sente uma transição da morte para a vida.

Enquanto tivermos que viver nossa existência terrena em corpos humanos (o que continuará por um futuro distante), não ouvimos diretamente a Música das Esferas nem temos a vivência direta da Vida Cósmica. Mas podemos sim experimentar a Vinda de Cristo e, assim, receber, por assim dizer, por procuração, aquilo que de outra forma, nos adviria da Música das Esferas e da Vida Cósmica.

Pitágoras, um Iniciado dos Mistérios antigos, falou da Música das Esferas. Ele havia passado pelo processo através do qual a alma deixa o corpo e era transportada para os mundos espirituais, onde ele viu Cristo que mais tarde viria à Terra. Desde o Mistério do Gólgota, não podemos mais falar da Música das Esferas como Pitágoras, mas podemos falar dela de outra maneira. Um Iniciado poderia até hoje falar como Pitágoras; mas o habitante comum da Terra, em seu corpo físico, só pode falar da Música das Esferas e da Vida Cósmica quando experimenta/vivencia em sua alma: "Não eu, mas Cristo em mim", pois Cristo dentro dele viveu na Música das Esferas e na Vida Cósmica.  Devemos passar por essa experiência em nós mesmos; devemos realmente receber  Cristo em nossas almas.

Suponhamos que o ser humano lutasse contra isso, que não desejasse receber Cristo em sua alma. Então, ele chegaria ao fim do período terrestre e, na nebulosa estrutura espiritual que então tomou forma a partir dos espíritos terrestres que surgiram no curso da evolução humana, ele teria todos os seres fantasmagóricos que dele se originaram em encarnações anteriores. Todos eles estariam lá. A tendência aqui indicada levaria a uma Terra morta, e esta passaria morta, para Júpiter. No final do período terrestre, um ser humano poderia ter cumprido e absolvido completamente seu Carma; poderia ter compensado pessoalmente todos os seus atos imperfeitos; poderia ter se tornado completo em seu ser anímico (astral, alma), em seu EU (espírito), mas o pecado e a culpa objetivos permaneceriam. Esta é uma verdade absoluta, na medida que não vivemos apenas para nós mesmos, de tal modo que, ajustando nosso Carma, possamos nos tornar egoisticamente mais próximos da perfeição; vivemos sim, para o mundo, e no final dos tempos os restos de nossas encarnações na Terra permanecerão ali como um quadro poderoso, se não tivermos recebido em nós, o Cristo vivo.

Quando conectamos o que foi dito ontem com o que está sendo dito hoje (e é realmente a mesma coisa, apenas visto de lados diferentes), entendemos como Cristo assume sobre Si a culpa e o pecado da humanidade terrestre, na medida em que estes são culpa e pecado objetivos.

E se  compreendermos interiormente o "Não eu, mas Cristo em mim", o Cristo em nós, então Ele assume os restos objetivos de nossas encarnações anteriores, os restos permanecem ali vivificados por Cristo, irradiados por Cristo e permeados por Sua vida. Sim, os restos de nossas encarnações permanecem ali, e no que estes restos se resumem, tomados como um todo?

Como Cristo os une a todos, Cristo, que pertence a toda a humanidade no presente e no futuro, os restos de cada encarnação são todos comprimidos. Cada alma humana vive em encarnações sucessivas. De cada encarnação, certas relíquias ou restos são deixados, como descrevemos. Encarnações subsequentes deixarão outros restos, e assim por diante, até o fim do período terrestre. Se essas relíquias forem permeadas por Cristo, elas serão comprimidas. Comprima o que é rarefeito e você obterá densidade. O espírito também se torna denso, e assim nossas encarnações coletivas na Terra são unidas em um corpo espiritual. Este corpo nos pertence,  precisamos dele porque estamos objetivamente evoluindo para Júpiter, e o ponto de partida da nossa encarnação em Júpiter são as nossas relíquias comprimidas quando vivificadas, permeadas por Cristo (E assim, ao invés de restos mortos produzindo um Júpiter morto, produzimos um Júpiter vivo). No final do período terrestre, estaremos lá com a alma — qualquer que seja o carma específico da alma.  Estaremos lá diante de nossas relíquias terrenas que foram reunidas por Cristo, e teremos que nos unir a elas para passar com elas para Júpiter. Como vestir uma armadura.

Ressuscitaremos no corpo, no corpo terreno que se condensou das encarnações anteriores, separadas. Em verdade, meus caros amigos, com o coração profundamente comovido, pronuncio estas palavras: "No corpo, ressuscitaremos!"

Quantas vezes já ouvimos esta expressão?

Aqueles que buscam aprofundar seu conhecimento oculto dos mistérios do universo se esforçam gradualmente para alcançar a compreensão do que foi dito à humanidade, porque, como expliquei no início da palestra — isso precisava ser dito antes de tudo, para que os seres humanos pudessem compreendê-lo como uma verdade vital e, mais tarde, entendê-lo.

Aqueles que buscam aprofundar seu conhecimento oculto nos mistérios do universo,  se esforçam gradualmente para alcançar a compreensão do que foi dito à humanidade, porque, como expliquei no início da palestra — isso teve que ser dito antes de tudo, para que os seres humanos pudessem compreendê-lo como verdade vital e entendê-lo mais tarde. A ressurreição do corpo é uma realidade, mas nossa alma deve sentir que ressuscitará com as relíquias terrenas que foram coletadas, reunidas por Cristo, pelo corpo espiritual que está permeado por Cristo. É isso que nossa alma deve aprender a compreender. Pois suponhamos que, por não termos recebido em nós o Cristo vivo, não pudéssemos nos aproximar deste corpo terreno, com seu pecado e culpa, e nos unir a ele. Se tivéssemos rejeitado o Cristo, as relíquias de nossas várias encarnações seriam dispersas no final do período terrestre; elas teriam permanecido, mas não teriam sido reunidas pelo Cristo, que espiritualiza toda a humanidade. Deveríamos permanecer como almas no fim do período terrestre e estaríamos ligados à Terra, àquela parte da Terra que permanece morta em nossas relíquias. Certamente nossas almas seriam livres no espírito, num sentido egoísta, mas seríamos incapazes de nos aproximar de nossas relíquias corpóreas. Tais almas são o butim de Lúcifer, pois ele se esforça para frustrar o verdadeiro objetivo da Terra; ele tenta impedir que as almas alcancem seu objetivo terrestre, para retê-las no mundo espiritual, impedir que elas evoluam para Júpiter. E no período de Júpiter, Lúcifer enviará o que restou das relíquias terrestres dispersas como um conteúdo morto de Júpiter. Ele não se separará de Júpiter como a Lua, mas estará dentro de Júpiter, e estará continuamente impulsionando essas relíquias terrestres para cima. E essas relíquias terrestres terão que ser animadas como almas-espécies pelas almas acima.

E agora vocês se lembrarão do que eu lhes disse há alguns anos: que a raça humana em Júpiter se dividirá entre as almas que atingiram sua meta terrena, que atingiram a meta de Júpiter, e as almas que formarão um reino intermediário entre o reino humano e o reino animal, em Júpiter. Estas últimas serão almas luciféricas — luciféricas, meramente espirituais. Elas terão seu corpo abaixo, e este será uma expressão direta de todo o seu ser interior, mas elas só poderão dirigi-lo de fora. Duas raças, a boa e a má, se diferenciarão uma da outra em Júpiter. Isso foi afirmado anos atrás; hoje desejamos considerar com mais profundamente.

Uma existência venusiana (Vênus) seguirá a de Júpiter, e novamente haverá um ajuste através da evolução posterior do Cristo; mas é em Júpiter que o ser humano perceberá o que significa ser aperfeiçoado apenas em seu próprio Self, em vez de se preocupar com a Terra, como um todo. Isso é algo que o ser humano terá que vivenciar durante todo o ciclo de Júpiter, pois tudo o que ele não permeou com Cristo durante sua existência terrena aparecerá diante de sua visão espiritual.

Reflitamos, a partir desse ponto de vista, sobre as palavras de Cristo, com as quais Ele enviou Seus discípulos ao mundo para proclamar Seu Nome e, em Seu Nome, perdoar pecados. Por que perdoar pecados em Seu Nome? Porque o perdão dos pecados está conectado com Seu Nome. Os pecados só podem ser apagados e transformados em “vida viva” se Cristo puder se unir às nossas relíquias terrenas, se durante nossa existência terrena Ele estiver dentro de nós no sentido do dito paulino: "Não eu, mas Cristo em mim".

E onde quer que qualquer denominação religiosa se associe em suas observâncias externas a essa palavra de Cristo, a fim de levar às almas, repetidamente, tudo o que está conectado com Cristo, devemos buscar o significado mais profundo nela. Quando, em qualquer denominação religiosa, um dos servos de Cristo fala do perdão dos pecados, como se fosse uma ordem de Cristo, significa que, com suas palavras, ele estabelece uma conexão com o perdão dos pecados por meio de Cristo, e à alma necessitada de conforto, ele diz, com efeito: “Vi que você desenvolveu um relacionamento vivo com Cristo. Você está unindo o pecado e a culpa objetivos, o pecado e a culpa objetivos que entrarão em suas relíquias terrenas, com tudo o que Cristo é para você. Porque reconheci que você se permeou com Cristo — portanto, ouso dizer-lhe: seus pecados estão perdoados.”

Tais palavras sempre significam que aquele que, em qualquer denominação religiosa, fala do perdão dos pecados está convencido de que a pessoa em questão encontrou uma conexão com Cristo, que deseja carregar Cristo em seu coração e em sua alma. Por isso, ele pode confortar adequadamente quando outra pessoa se aproxima dele, consciente de sua culpa. “Cristo o perdoará, e me é permitido dizer-lhe que, em Seu Nome, seus pecados estão perdoados.” Cristo é o único perdoador de pecados porque Ele é o portador dos pecados.

A esperança e a confiança no futuro do nosso trabalho podem habitar em nossos corações, porque nos esforçamos, desde o início, para preencher o que tínhamos a dizer com a vontade de Cristo. E essa esperança e confiança podem nos permitir dizer que o nosso ensinamento é, em si mesmo, o que Cristo quis nos dizer, em cumprimento às Suas palavras: "Eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos na Terra". Desejamos estar atentos apenas ao que vem d’Ele. E tudo o que Ele nos inspirou, de acordo com a Sua promessa, queremos acolher em nossas almas como nossa Ciência Espiritual Cristã. Não é porque sentimos que nossa ciência espiritual está imbuída de qualquer tipo de dogmatismo cristão que a consideramos cristã, mas porque, tendo Cristo dentro de nós (Não eu, mas Cristo em mim), a vemos como uma revelação do Cristo em nós mesmos. Portanto, também estou convencido de que o surgimento da verdadeira ciência espiritual naquelas almas que desejam receber, conosco, nossa ciência espiritual repleta de Cristo será frutífero para toda a humanidade, e especialmente para aqueles que acolhem esses frutos. A observação clarividente mostra que muito do que é bom, espiritualmente bom, em nosso Movimento provém daqueles que acolheram nossa ciência espiritual cristã e, então, tendo atravessado o umbral da morte, nos enviam os frutos dessa ciência espiritual cristã. A ciência espiritual cristã que essas almas acolheram e agora nos enviam dos mundos espirituais já está viva em nós. Pois elas não a guardam em seu próprio fluxo cármico em prol de seu próprio aperfeiçoamento; podem deixá-la fluir para aqueles que desejam recebê-la. Conforto e esperança surgem para nossa ciência espiritual quando sabemos que nossos chamados "falecidos" estão trabalhando conosco.

Cristo é o Ser que dá vida às relíquias humanas da Terra, e um elo maravilhoso com Ele é criado,  quando aqueles que desejam servi-Lo confortam-se com as palavras "Seus pecados estão perdoados"  - àqueles que demonstram que em seu ser interior sentem uma união com Cristo. Pois é como um novo fortalecimento do relacionamento com Cristo quando a alma percebe: "Compreendi minha culpa e meus pecados de tal maneira que me pode ser permitido dizer que Cristo os toma sobre si, opera através deles com Seu ser". Se a expressão "o perdão dos pecados" deve ser a expressão da verdade, ela deve sempre carregar um tom que lembre o pecador de seu vínculo com Cristo, mesmo que ele não o forme novamente. Entre a alma e Cristo deve haver um vínculo tão intenso que a alma não pode ser lembrada dele com frequência suficiente. E porque Cristo está ligado ao pecado e à culpa objetivos da alma humana, a alma pode melhor recordar-se, na vida diária, da sua relação com Cristo, lembrando-se sempre, no momento do perdão dos pecados, da presença do Cristo Cósmico na existência da Terra.

Aqueles que se unem à Antroposofia, a Ciência Espiritual Cristã, com o espírito correto (esotérico), e não apenas num sentido externo (exotérico), podem, com toda a certeza, tornar-se seus próprios “padres” confessores. Com toda a certeza, através da Ciência Espiritual, podem aprender a conhecer Cristo tão intimamente e sentir-se tão intimamente ligados a Ele, que mantem a consciência direta da Sua presença espiritual. E quando se consagrarem solenemente a Ele como o Princípio Cósmico, podem, em espírito, dirigir a Ele a sua confusão e, na sua meditação silenciosa, pedir-Lhe o perdão dos pecados. Mas, enquanto os homens ainda não se impregnarem da ciência espiritual neste profundo sentido espiritual, devemos olhar com compreensão para o que o "perdão dos pecados" significa nas várias observâncias religiosas do mundo. Os seres humanos se tornarão espiritualmente mais e mais livres, e nessa maior liberdade espiritual sua comunhão com Cristo se tornará cada vez mais, uma experiência direta.

E deve haver tolerância! Quem acredita que, através da profunda compreensão interior que possui do Espírito do Mistério do Gólgota: o Cristo,  mantém uma comunicação direta com Cristo, olhando com compreensão para aqueles que precisam das declarações positivas de uma confissão de fé, de um ministro de Cristo que os conforte com as palavras: "Seus pecados estão perdoados". Por outro lado, deve haver tolerância por parte daqueles que veem que existem seres humanos que podem ser independentes. Na vida terrena, tudo isso pode ser um ideal, mas o antropósofo pode pelo menos admirar tal ideal.

Falei-lhes dos segredos espirituais que possibilitam aos seres humanos, mesmo aqueles que absorveram muitos ensinamentos antroposóficos — olhar ainda mais profundamente para toda a natureza do nosso ser. Falei-lhes da superação do egoísmo humano e das coisas que precisamos compreender antes de podermos ter uma compreensão correta do Carma.

Falei-vos do ser humano na medida em que ele não é apenas um ser "Self", mas pertence a toda a existência terrena e, por esta razão é chamado a contribuir para a realização do objetivo divino designado para a Terra. Cristo não veio ao mundo e passou pelo Mistério do Gólgota para que pudesse ser algo para cada um de nós em nosso próprio egoísmo. Seria terrível se Cristo fosse compreendido de tal forma que as palavras de Paulo: "Não eu, mas Cristo em mim" servissem apenas para encorajar um egoísmo ainda maior. Cristo morreu por toda a humanidade, pela humanidade da Terra. Cristo tornou-se o espírito central da Terra, cujo direito é o de preservar para a Terra os elementos espirituais-terrenos que emanam do ser humano.

Hoje em dia, podemos ler obras teológicas — e aqueles que as leram me confirmarão, que nos asseguram que certos teólogos dos séculos XIX e XX finalmente se livraram da crença popular medieval de que Cristo veio à Terra para arrebatar a Terra do Diabo, para arrebatar a Terra de Lúcifer. Dentro da teologia moderna, existe um materialismo "iluminado" que não se reconhece como tal, mas, ao contrário, imagina-se especialmente iluminado. Diz ele: "Na obscura Idade Média, dizia-se que Cristo apareceu no mundo porque precisava arrebatar a Terra do Diabo". Mas a verdadeira explicação nos leva de volta àquela crença simples e popular. Pois tudo na Terra que não é libertado por Cristo pertence a Lúcifer. Tudo o que há de humano em nós, tudo o que é mais do que aquilo que está meramente confinado em nosso Self, é enobrecido, torna-se fecundo para toda a humanidade, quando é permeado por Cristo.

E agora, ao final de nossas considerações dos últimos dias, não gostaria de concluir sem dizer estas palavras adicionais para cada alma aqui reunida:

A esperança e a confiança no futuro de nossa ação habitam em nossos corações, porque nos esforçamos, desde o início, para preencher o que tínhamos a dizer com a vontade de Cristo. E essa esperança e confiança nos permitem dizer que nosso ensinamento é, em si mesmo, o que Cristo quis nos dizer, em cumprimento às Suas palavras: "Eu estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos". Desejamos estar atentos apenas ao que vem d’Ele. E tudo o que Ele nos inspirou, de acordo com Sua promessa, queremos acolher em nossas almas como nossa ciência espiritual. Não é porque sentimos que nossa ciência espiritual está imbuída de qualquer tipo de dogmatismo cristão que a consideramos cristã, mas porque, ao termos, por nossa vontade livre,  Cristo dentro de nós, vemos a revelação do Cristo em nós mesmos. Portanto, também estou convencido de que o surgimento da verdadeira ciência espiritual nas almas que desejam receber, conosco, nossa ciência espiritual repleta de Cristo (Antroposofia) será frutífero para toda a humanidade, e especialmente para aqueles que acolhem esses frutos.

Com estas palavras, ditas do fundo do meu coração, encerro estas palestras e espero que continuemos a trabalhar juntos no caminho espiritual que abraçamos.

Temas deste Ciclo de Palestras

Aula I. 12 de julho de 1914

Os dois objetivos da evolução da alma humana. A implantação da liberdade no homem e o dom de distinguir entre o bem e o mal, o belo e o feio, o verdadeiro e o falso. A cena em Jerusalém na época da crucificação. A relação do homem com o pecado e culpa e a vinda de Cristo à Terra. Cristo e o judaísmo antigo. Moisés conduziu os judeus para fora do Egito, ele próprio guiado por Cristo, embora não O reconhecesse. A nota fundamental do Antigo Testamento é a Vontade (Força de Vontade); dos Mistérios pagãos, a Sabedoria. O obscurecimento da alma e o chamado: "Homem, conhece-te a ti mesmo!" Imortalidade e passagem pelo portal da morte com consciência. Referência às palavras formuladas a Jó. Amor e individualidade. Através do Mistério do Gólgota, um Ser supraterreno uniu-se à Terra.

Aula II. 14 de julho de 1914

Ideais e realidade assegurada. Almas após a morte e seus ideais na vida terrena. Christian Morgenstern e o impulso que recebeu do mundo espiritual após sua morte. A Ciência Espiritual imbuída de Cristo será uma semente na evolução da humanidade. As forças espirituais que fluíram para as forças humanas foram necessárias para permitir a realização do projeto das Peças de Mistério. Se Cristo permeia os frutos do nosso conhecimento, eles não trabalham apenas para nós, mas para toda a humanidade. "Não eu, mas Cristo em mim." A relação de Cristo com a alma humana; seus efeitos na vida do homem na Terra e entre a morte e o renascimento.

Aula III, 15 de julho de 1914

Os conceitos de pecado, culpa e carma. Os malfeitores à direita e à esquerda de Cristo na cruz. Lúcifer e Arimã: por um lado, oponentes dos Deuses e, por outro, necessários para toda a ordem cósmica quando suas forças operam em seu nível legítimo. Julgamentos que são válidos para o plano físico não devem ser considerados válidos para os mundos superiores. Cristo, um Ser do reino dos Céus, não do reino da Terra. O pecado individual não está isento da justiça cármica, mas Cristo apaga da evolução da Terra como um todo a dívida e as consequências objetivas do pecado e da culpa. O significado do "perdão dos pecados".

Aula IV, 16 de julho de 1914

As verdades em si mesmas contêm força vital. Cristo tornou-se relacionado à morte porque a evolução do universo tornou necessário que um Deus dos mundos superiores liderasse a evolução da Terra. Os quatro éteres. Cristo veio de regiões fechadas ao homem como resultado da tentação luciférica: das regiões da Música das Esferas (éter químico) e da Vida Cósmica (éter vital). Essas regiões seriam restauradas ao homem através da vinda de Cristo à Terra. O significado da "Ressurreição do corpo". O período terrestre será seguido pelo período de Júpiter, quando duas raças, a boa e a má, se diferenciarão. Uma existência venusiana seguirá a de Júpiter, e novamente haverá um ajuste através da evolução posterior da consciência crística.

https://rsarchive.org/Lectures/GA155/English/RSP1972/

Nota: (1)  São Bernardo de Claraval, ou Bernardo de Clairvaux (1090-1153). Fundador da Abadia de Claraval (1115), Mosteiro se tornou um centro de espiritualidade e um dos mais importantes da Ordem Cisterciense.