09 setembro 2025

Hierarquias Espirituais

 HIERARQUIAS ESPIRITUAIS

Artigo baseado na Ciência Espiritual de Rudolf Steiner

Em processo de revisão

Sonia von Homrich

Na vida cotidiana, vivemos em um mundo que nos fornece um fluxo constante de impressões. Existem inúmeros objetos físicos ao nosso redor dos quais temos uma vaga consciência, mas dos quais podemos repentinamente nos tornar conscientes se a ocasião surgir. Por exemplo, estamos muito mais conscientes do carro que quase nos atropela, da pedra do meio-fio que está desalinhada, do cachorro que rosna ou abana o rabo quando nos aproximamos, ou do fato de que há tantas pessoas quando tentamos passar por uma multidão. O mundo físico se torna muito óbvio para nós em todos os objetos sólidos que encontramos. Mas existem objetos físicos que têm menos solidez, como, por exemplo, a água e o ar. Assim como os sólidos, nossa consciência da água pode ser facilmente intensificada — precisamos apenas cair no rio. O ar volátil é um pouco mais remoto e nossa consciência dele talvez seja aumentada quando está poluído ou rarefeito, como em uma atmosfera abafada ou no alto de uma montanha alta. Luz e calor também são mais perceptíveis em sua ausência ou abundância.

Assim, uma infinidade de impressões do mundo natural nos chega através dos nossos sentidos e nos afeta. Mas, além disso, estamos sujeitos a influências mais sutis, das quais temos menos consciência. Em um dia ensolarado, as pessoas tendem a se sentir mais alegres do que em um dia chuvoso. A estrutura geológica do ambiente também afeta a saúde.

Há também a questão dos relacionamentos humanos. As pessoas com quem entramos em contato nos influenciam e nós, por nossa vez, as influenciamos, não necessariamente de forma consciente.

Podemos avançar ainda mais para um mundo menos definível. Ideias e inspirações vêm à nossa mente. Às vezes, somos levados a ações que normalmente não realizaríamos. Não é incomum que alguma tragédia seja evitada por uma intervenção repentina e aparentemente inexplicável. Nesse caso, almas sensíveis falam de um poder guia ou de um Anjo da Guarda.

Há pessoas que percebem seres na natureza, na terra, na água, nas flores e nas árvores. Esses espíritos da natureza ou elementais são conhecidos por outros nomes, como gnomos, ondinas, sílfides e salamandras. Eles são o "povo pequeno" dos irlandeses. Dizemos que as pessoas com essa faculdade são um pouco "fadas", ou seja, possuem alguma forma primitiva de visão espiritual.

Tendo essas questões em mente, podemos dizer que nossa consciência normal do mundo é parcial. Ela pode, é claro, ser desenvolvida não apenas em relação ao mundo material, mas também além do mundo imediato da percepção sensorial.

Podemos ampliar nossa análise. Mesmo uma consideração superficial do mundo natural ou humano mostrará que ambos são repletos de infinita sabedoria. A maneira como uma planta cresce, recebe seus nutrientes, absorve luz, calor e ar, produz flores e sementes, pode ser uma fonte inesgotável de maravilhas. O instinto que guia um pássaro a construir seu ninho e cuidar de seus filhotes é nada menos que milagroso. A forma humana é uma obra de arte e habilidade impressionantes. Olhando para o céu, notamos que os movimentos do Sol, da Lua e das estrelas são obviamente regulados. Podemos concordar com Hamlet: "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a sua filosofia".

A maravilha é a porta do conhecimento. Uma contemplação mais profunda da natureza pode revelar alguns de seus segredos. Pode suscitar na alma humana uma resposta semelhante a um sentimento religioso. Pode surgir a questão sobre o que se expressa em objetos e eventos, visto que estes nem sempre são imediatamente explicáveis ​​em seu próprio contexto. Podemos, com razão, perguntar por uma instância que se revela nos fenômenos e, se tal instância existe, qual é a sua natureza.

Historicamente, exceto em tempos relativamente modernos, sempre houve uma resposta. Era Deus ou os deuses. Se olharmos para trás na história por um momento, notamos que os povos antigos tinham faculdades bastante diferentes do homem moderno. Eles estavam familiarizados com "deuses". Suas mentes estavam mais sintonizadas com o mundo espiritual e menos com o físico, e eles tinham consciência de que no mundo espiritual viviam seres superiores.

Todos os povos primitivos e todas as civilizações passadas tiveram seus deuses. Os hindus possuíam uma variedade numerosa. Os antigos egípcios reconheciam que, em algum momento, seres superiores os haviam liderado, mas se afastaram em favor de líderes humanos ou semi-humanos. Os gregos e, em menor grau, os romanos, admiravam suas divindades especiais. Os nórdicos, os celtas e os anglo-saxões tinham as suas.

Os nomes dos deuses ou divindades são tão variados quanto os povos, e não é nossa intenção listá-los aqui. Mas eles também aparecem na tradição cristã, e alguns deles são mencionados nominalmente na Bíblia. As referências a anjos são numerosas. Isaías teve uma visão dos Serafins. São os Querubins que guardam o Jardim do Éden. Judas se refere ao Arcanjo Miguel; São Paulo fala de Tronos, Domínios, Principados e Poderes.

No mundo ocidental, os deuses retrocederam, ou seja, com o desenvolvimento do pensamento e sua preocupação com o mundo material, a visão espiritual de eras anteriores se perdeu. (Ver capítulo 3.) Isso não significa necessariamente, porém, que os deuses não existam mais, e para aqueles que, como Rudolf Steiner, possuem faculdades ampliadas de consciência, o mundo dos seres superiores ainda é acessível. Se pudermos considerar o mundo material como uma expressão do físico, então uma compreensão maior será alcançada quando o papel desses seres for compreendido. Não apenas somos cercados e influenciados por todos os lados por eventos e objetos físicos, mas também somos continuamente cercados e influenciados por acontecimentos e seres espirituais.

O título deste capítulo contém a palavra Hierarquias. Em seu sentido mundano usual, "hierarquia" é entendida como um grau ou posição no governo sacerdotal. Em sua derivação, a palavra significa "governo sagrado". No contexto atual, Hierarquias refere-se às posições de seres superiores ou angélicos.

Aqui na Terra, o homem vive no mundo físico com os três reinos inferiores da natureza: o animal, o vegetal e o mineral. Acima dele, no mundo espiritual, encontram-se três níveis de seres superiores, alcançando a Divindade, que está tão além dele que é incompreensível em seu atual estado de desenvolvimento. Esses seres foram ativos na criação do mundo e do homem. Eles criaram o sistema solar e tudo o que a ele pertence. Eles desenvolveram a Terra e o homem até seu estado atual. Alguns já se retiraram da participação ativa; outros ainda estão trabalhando.

Cada categoria tem três membros. Na tabela a seguir, são apresentados os vários nomes, alguns dos quais característicos da atividade específica daquele ser.

 

A Divindade

Primeira Hierarquia

Serafins, Espíritos do Amor
Querubins, Espíritos da Harmonia
Tronos, Espíritos da Vontade

Segunda Hierarquia

Kyriotetes, Espíritos da Sabedoria,
Domínios
Dynamis, Espíritos do Movimento, Virtudes,
Poderes
Exusiai, Espíritos da Forma, Poderes,
Revelações
(Em hebraico, o equivalente a Exusiai é Elohim)

Terceira Hierarquia

Archai, Espíritos da Personalidade, Princípios Primordiais, Principados
Archangeloi, Espíritos do Fogo, Arcanjos
Angeloi, Filhos da Vida, Filhos do Crepúsculo, Anjos

Assim como o homem, as Hierarquias também estão engajadas em um processo de evolução. Como o homem, elas evoluem por meio de seu trabalho e experiência. Assim como o homem, elas se desenvolvem em ritmos diferentes. Em cada estágio de desenvolvimento, alguns membros das Hierarquias falham em atingir a meta ou renunciam propositalmente a um desenvolvimento normal. Há, portanto, toda uma série de seres retardados que poderiam ser chamados de Espíritos da Adversidade. Eles não são malignos em si mesmos, mas fornecem influências adversas com as quais o homem tem que lidar.

O ser humano está, portanto, exposto às forças do avanço e do atraso, do bem e do mal, de Deus e do diabo.

No processo de desenvolvimento humano, o homem deixa de ser um receptor e passa a ser um doador. Quando criança, ele recebe; quando adulto, ele dá. A evolução das Hierarquias segue esse padrão. Inicialmente, elas recebem; posteriormente, estão em condições de dar. Assim, as Hierarquias mais elevadas podem doar sua substância para criar o mundo e o homem. As inferiores trabalham sob sua direção e, assim, promovem seu próprio desenvolvimento.

O Trabalho das Hierarquias na Criação

O Capítulo 4 trata do desenvolvimento do sistema solar, incluindo, é claro, a Terra. As agências por trás desse desenvolvimento são as Hierarquias, que também criaram o homem.

Assim como em um único ciclo de vida o ser humano primeiro recebe e depois doa, em todo o processo evolutivo, o caminho de desenvolvimento do homem vai da criação até se tornar um criador. Em linhas gerais, pode-se dizer que as Hierarquias fornecem substância, impulso e estímulos para despertar a atividade. A atividade se transforma em vida interior, que então prossegue sob seu próprio ímpeto e se torna criativa. O homem se tornará "como Deus".

É necessária uma enorme flexibilidade e amplitude de espírito para compreender essas questões, mesmo que de forma elementar. Um pensamento fundamental a ter em mente é que no mundo ao nosso redor estão preservados os pensamentos dos deuses.

Inicialmente, os membros mais elevados da Primeira Hierarquia, os Serafins, recebem o impulso da Divindade para criar o homem e um ambiente no qual ele possa evoluir, ou seja, o sistema solar. Eles contemplam o mundo futuro, mas sua contemplação é, ao mesmo tempo, um ato criativo que traz um mundo à existência em uma forma puramente espiritual. Pode-se considerá-lo um mundo de "ideias". Os Querubins têm a tarefa de transformar as ideias em planos viáveis ​​e harmonizá-los com outros sistemas do universo. O terceiro grupo da Primeira Hierarquia, os Tronos, coloca os planos em prática e fornece a substância inicial.

Embora pareça um tanto banal, tendo em vista a magnífica obra da criação, os membros da Segunda Hierarquia, ou seja, os Kyriotetes, Dynamis e Exusiai, são os artesãos do sistema solar. Os membros da Primeira Hierarquia são tão evoluídos que estão em posição de serem criadores, ou seja, de doar ou sacrificar. O que eles doam constitui um estágio inicial. A Segunda Hierarquia assume o controle para formar um sistema de acordo com o plano, mantê-lo e começar a trabalhar na formação do corpo físico humano.

Os membros da Terceira Hierarquia, sob a orientação dos escalões superiores, trabalham no futuro ser humano. Moldam e remodelam a substância protótipo que um dia abrigará um espírito humano independente; fornecem estímulos para despertar experiências interiores, como sentir e pensar. O objetivo é criar um ser (o homem) cujo objetivo evolutivo seja a independência.

Para compreender isso, é preciso compreender que, por sua própria natureza, as Hierarquias superiores apenas refletem a Divindade. Elas não têm liberdade e a questão da liberdade não se coloca. O destino do homem é diferente. Ele deve adquirir novas e aprimoradas faculdades lutando contra a adversidade causada pelos membros deixados para trás das Hierarquias. Ao mesmo tempo, isso lhe dá a possibilidade de cair em erro. Faz parte do plano divino que ele trabalhe sua própria salvação, que ele eventualmente evolua por meio de seus próprios esforços. No decorrer dos éons, o homem se tornará a Décima Hierarquia por direito próprio, porque a terá conquistado.

A obra da criação está tão distante do nosso pensamento atual que é muito difícil imaginá-la. Duas linhas de pensamento podem ajudar a compreendê-la.

Uma delas é considerar os diferentes estados da matéria, ou seja, sólidos, líquidos e gasosos. Na Terra, temos uma substância muito comum que se apresenta nas três formas. Sob as condições certas, o gelo se transforma em água e a água em vapor. Com quatro elementos em mente, podemos imaginar um estágio adicional de atenuação, a saber, o calor. Olhando o processo de forma inversa, teríamos um processo de condensação — calor, gás, líquido e sólido. No curso da evolução, uma emanação de um tipo específico de calor tornou-se matéria, ou seja, substância espiritual cristalizada no físico.

Uma segunda consideração que pode ser útil é considerar uma planta. Para formar suas raízes, folhas, flores e sementes, uma planta precisa de substâncias físicas; precisa de luz, ar e água. Mas há algo na planta que transcende tudo isso, a saber, aquilo que lhe dá sua forma e contornos particulares, mas que normalmente não é perceptível. Basta um passo para afirmar que existe uma entidade espiritual manifestando-se em forma física.

O primeiro estágio do desenvolvimento da Terra ou do sistema solar é conhecido como Saturno Antigo, ou a condição de Saturno, e pode ser imaginado como uma enorme esfera de calor no espaço que alcançava a órbita do atual planeta Saturno, tendo o Sol como centro. Mas não era calor no nosso sentido moderno. Poderíamos chamá-lo de calor espiritual. Era substância de "vontade", derramada pelo terceiro membro da Primeira Hierarquia, os Tronos. Eles forneceram a substância inicial já mencionada, mas, novamente, essa "substância" não tinha substancialidade como a entendemos hoje. Foi nessa substância dos Tronos que outros seres trabalharam a fim de criar uma base para o corpo físico do homem.

Visto puramente anatômica e fisiologicamente, o ser humano é uma obra maravilhosa, mas o corpo físico é portador de outros atributos. É dotado de uma força vital (corpo etérico); é a expressão física de uma alma (corpo astral); é o instrumento da individualidade (ego). Em sua construção, portanto, todos esses pontos devem ter sido levados em consideração. Para que o homem pudesse se desenvolver de acordo com as ideias da Divindade, o corpo físico teve que ser dotado de muitas potencialidades. Nos contos de fadas, temos a imagem das fadas dotando o bebê de várias qualidades. Na história da criação, são as Hierarquias que concedem os dons.

Na Antiga Saturno, o corpo humano não era físico como o entendemos hoje. Podemos imaginá-lo como um protótipo, maleável e flexível, ainda existindo apenas em espírito. Ele precisava ser formado, moldado e trabalhado para que fosse capaz de suportar e usar os dons que eventualmente receberia. Assim, as diversas capacidades foram implantadas nele em forma de embrião.

Nesse estágio, os membros da Hierarquia mais alta atuavam de fora do globo de calor, na região que hoje chamamos de zodíaco. O antigo Saturno possuía uma "atmosfera" de seres espirituais. É preciso imaginar sua influência irradiando-se de todo o círculo, mas diferenciada de acordo com a direção de onde provém. Ou seja, a influência era modificada pelas forças das diferentes regiões do zodíaco.

Essas influências hierárquicas estabeleceram a primeira base para a forma das diferentes partes do corpo, ou seja, cabeça, garganta, coração, pulmões, etc. Resquícios desse conhecimento ainda eram atuais na Idade Média, quando se considerava que Áries (o Carneiro) e a cabeça estavam conectados; Touro (o Touro) e a garganta; Leão (o Leão), o coração, etc.

A Segunda e a Terceira Hierarquias atuavam não de fora, mas dentro do corpo de calor. Dentre os membros da Segunda Hierarquia, os Kyriotetes tinham que traduzir os comandos e impulsos de seus superiores em realidade, os Dynamis forneciam a necessária continuidade de atividade e os Exusiai mantinham o que era alcançado. Eles tinham uma tarefa em relação ao homem.

Afirmava-se que o corpo físico deveria ter a possibilidade de abrigar um corpo etérico, um corpo astral e um ego. Tendo os Tronos fornecido a substância, era a vez dos Kyriotetes irradiarem suas forças para ele, para que pudesse posteriormente assumir um corpo etérico. Os Dynamis faziam o mesmo para o corpo astral e os Exusiai para o ego. Esses eram apenas passos preliminares.

Os seres da Terceira Hierarquia tinham outras tarefas. Os Archai promoveram o processo de diferenciação que resultou na base da personalidade. O resultado do trabalho dos Arcanjos foi produzir os órgãos germinais dos sentidos, enquanto os Anjos trabalharam nos órgãos germinais da nutrição e das funções corporais.

Depois de algum tempo, chegou-se a um certo estágio de conclusão, além do qual nenhum progresso poderia ser feito nas condições dadas. Por isso, os Tronos, que eram os principais guias do Antigo Saturno, o dissolveram.

Uma nova esfera precisava ser criada, com uma nova orientação. Antes que isso pudesse ser constituído, houve um período de descanso, conhecido como pralaya, o equivalente ao sono na vida humana.

Para compreender a próxima fase, pode-se considerar o que acontece quando algo queima. Calor é produzido e esse calor se divide em dois elementos. Algo semelhante a esse processo ocorreu para produzir o próximo desenvolvimento planetário. O calor de Saturno se dividiu em luz e fumaça (ou gás). A esfera reconstituída era, no entanto, menor e as forças foram deixadas de fora, o que se tornou a base do atual planeta Saturno. Sua extensão ia do Sol atual até a órbita de Júpiter e, como a luz era uma característica dele, é conhecido como Sol Antigo ou condição-Sol. Era um corpo gasoso radiante. Os Kyriotetes foram os principais guias nessa fase. Eles foram instrumentais na condensação da substância do Saturno Antigo no Sol Antigo. Os Espíritos da Forma, em sua própria evolução, agora eram capazes de renunciar ao seu corpo etérico. Os Kyriotetes trabalharam essa substância etérica, essa força vital, juntamente com uma contribuição deles mesmos, nos corpos físicos protótipos do homem em formação, tendo-os previamente preparado para recebê-la. Pode-se dizer que, nesse ponto, o ser humano se encontrava em uma espécie de estágio vegetal. Nem toda a substância do Antigo Saturno havia sido irradiada, de modo que no Antigo Sol havia outro reino, o protótipo do mundo mineral.

Portanto, nesta fase havia dois reinos da natureza, mas não como os conhecemos hoje.

Deve-se ter em mente que, por meio de sua atividade, os seres superiores também evoluíram. Eles tinham, portanto, a possibilidade de se tornarem mais eficazes. O que havia sido alcançado no Antigo Saturno na formação do homem agora precisava ser modificado em vista das novas condições e da outorga do etérico. Assim, todas as potencialidades implantadas no estágio de Saturno foram agora transformadas em um novo nível.

Novamente houve um período de abstinência e, novamente, um despertar. Os Dynamis transformaram o Sol Antigo em Lua Antiga e agora eram as principais agências. A substância gasosa do Sol Antigo foi condensada até uma consistência quase líquida. A esfera contraída estendeu-se até a órbita de Marte e é conhecida como Marte Antigo ou Lua Antiga. Novamente, um resíduo de forças foi deixado do lado de fora, que se manifestou mais tarde como o planeta Júpiter.

(Ao falar de gás ou líquido, deve-se ter em mente que estes não são os mesmos que nossos gases ou líquidos atuais. Ainda é preciso considerá-los como protótipos. O uso da palavra "Lua" pode causar alguma confusão. Lua Antiga não deve de forma alguma ser equiparada à nossa Lua atual. É possível que ela derive essa denominação do fato de que os membros da Dynamis estavam em diferentes estágios de evolução e uma divisão ocorreu na esfera da Antiga Marte — ou Lua Antiga. Os membros mais avançados formaram uma colônia que poderia ser chamada de uma espécie de sol e os menos avançados formaram outra, um satélite que girava em torno dele. Eventualmente, os dois se uniram novamente.)

No que diz respeito ao desenvolvimento do homem, o astral foi agora incorporado aos corpos físico e etérico humanos combinados. Os Dynamis agora emitiam sua própria essência, juntamente com a etérica liberada pelas Exusiai em evolução, e o futuro ser humano era, portanto, agora dotado de um terceiro princípio. Novamente, no ambiente transformado e com os novos poderes, havia mais trabalho para as Hierarquias na adaptação e transformação.

Pode-se dizer que o ser humano estava agora no estágio animal. Nem toda a substância recebeu o astral e, portanto, havia agora um protótipo do mundo vegetal, além do mineral.

Após outro pralaya, iniciou-se o quarto período de desenvolvimento, que trouxe consigo mais contração e condensação. A Terra como a conhecemos hoje não existia mais, e a nova esfera ainda continha o que mais tarde seria o nosso Sol atual, a Terra com sua Lua e os planetas menores. (Ver capítulo 4.) Forças deixadas de fora da nova esfera formaram, no devido tempo, o planeta Marte.

Um processo semelhante ao que ocorrera antes ocorreu agora. As próprias Hierarquias se desenvolveram ainda mais, as condições mudaram e todas as qualidades e órgãos pertencentes ao ser humano tiveram que ser metamorfoseados. Foi durante esse período que o que era espiritual se manifestou como matéria física e que o organismo físico do homem foi criado. A dotação totalmente nova que ele recebeu

era o ego, um presente dos Exusiai, uma gota de sua própria substância.

As entidades que não estavam suficientemente maduras para receber o ego formaram o futuro mundo animal.

Antes de lidar com este corpo cósmico composto pelo Sol, pela Terra e por planetas menores, pode ser útil relembrar a formação do que agora vemos como Saturno, Júpiter e Marte.

Já foi mencionado o fato de que certos seres não completam sua evolução. Os Espíritos da Forma normais (Exusiai) estabelecem os limites das esferas, ou seja, Saturno Antigo, Sol Antigo (Júpiter), Lua Antiga (Marte), mas os anormais são banidos ou permanecem de fora, trabalhando de fora. Assim, a cada estágio de contração, há uma perturbação na periferia que se manifesta no curso do desenvolvimento posterior como planeta. Este, então, é o lar de uma colônia de seres que se desviaram do fluxo normal.

O corpo cósmico indiferenciado, que mais tarde se dividiu em Sol, Terra e planetas menores, tornou-se mais denso, mas para o homem, cuja evolução posterior se daria por meio do contato com um mundo material, ainda não era suficientemente denso. Para alguns seres, membros das Exusiai, o ambiente era inadequado e, para seu desenvolvimento posterior, eles se retiraram, juntamente com seres subordinados por meio dos quais agem, e formaram o que é o nosso Sol atual. Outros não estavam suficientemente maduros para acompanhá-los, mas estavam muito avançados para permanecerem nas condições mutáveis. Estavam em um estágio intermediário e os dois planetas, Mercúrio e Vênus, separaram-se como suas habitações.

Agora restava uma esfera contraída composta pelas atuais Terra e Lua combinadas.

Os Espíritos da Forma, os Exusiai (os Elohim dos hebreus), estão essencialmente ligados à evolução da Terra. Não se ocupam apenas do homem, mas também são eles que dão ao planeta sua configuração. É no início da Bíblia que lemos: "No princípio, Deus criou os céus e a terra". Mas, em vez de "Deus", deve-se ler "Elohim", como está no original.

Os membros da Hierarquia que haviam estabelecido sua morada no Sol agora enviavam sua influência daquela direção, mas, se não houvesse uma força contrária, isso teria resultado em um desenvolvimento desequilibrado na evolução do homem. Para evitar isso, um dos Exusiai permaneceu na Terra e, quando, devido a outras influências adversas, a Terra tendia a uma densificação excessiva, ele removeu as forças mais densas, cujo resultado foi a formação da nossa Lua atual. O ser humano agora vive em um estado de equilíbrio entre as forças promotoras do Sol e o efeito retardador da Lua.

(Os papéis de Cristo e Jeová estão conectados com esses assuntos.)

Em nosso estágio atual de evolução, o homem foi dotado pelas Hierarquias com corpos físico, etérico e astral, e um ego. Ele recebeu a Terra como seu local de trabalho e um cenário cósmico. O mundo é uma expressão dos pensamentos e ações de seres espirituais, mas os próprios seres não estão mais ativamente engajados na criação, embora sua influência ainda seja efetiva em certas áreas. O mundo está agora, por assim dizer, completo. O homem é responsável por ele e por sua própria evolução futura, mas receberá ajuda dos seres superiores se a buscar da maneira correta. Isso significa um desenvolvimento de suas próprias faculdades espirituais.

A Terceira Hierarquia, aqueles seres mais intimamente ligados ao ser humano, ainda estão conosco.

As Esferas das Hierarquias

Com nosso pensamento terreno, sempre há dificuldades em tentar visualizar as condições do mundo espiritual. No entanto, conceitos terrenos devem ser utilizados para tentar alcançar algum entendimento. Uma questão que pode surgir é a relativa à morada das Hierarquias.

Uma resposta curta seria "no mundo espiritual". Mas o mundo espiritual é um termo geral que abrange muitas regiões. As regiões podem ser equiparadas às esferas planetárias.

Ao falar de regiões, no entanto, e de seres espirituais, é preciso lembrar que o espaço no mundo espiritual não tem a mesma qualidade que no físico. Espaços espirituais, assim como seres espirituais, são interpenetrantes, e isso é algo a ser lembrado quando o que é descrito é dado em conceitos espaciais. Os reinos espirituais não existem lado a lado, mas se entrelaçam. Se um ser humano consegue alcançar a visão espiritual, as regiões se tornam progressivamente perceptíveis à medida que sua capacidade aumenta.

Com nossa consciência normal, contemplamos o céu azul aparentemente infinito durante o dia e a escuridão interminável à noite, onde se espalham os inúmeros pontos de luz que representam estrelas e planetas, e pensamos em termos de objetos físicos. Mas talvez devêssemos recorrer à faculdade imaginativa e imaginar esses vastos espaços habitados por incontáveis ​​seres cuja influência irradia até nós, assim como o calor do Sol.

Olhando um pouco para trás na história, notamos que, na época da Idade Média, um novo conceito de universo surgiu na mente dos homens. O centro do universo foi deslocado da Terra para o Sol e os planetas giravam em torno dele de acordo com leis mecânicas. Estrelas e planetas tornaram-se apenas objetos físicos. Em tempos ainda mais antigos, na Atlântida ou nas primeiras culturas dos tempos pós-atlantes (da Índia Antiga à Grécia), as pessoas tinham uma compreensão diferente. Elas estavam cientes da existência de seres espirituais no cosmos, e quando os nomes dos planetas eram usados, eles eram entendidos como centros ou esferas de atividade espiritual. Ainda na época de São Paulo, seu discípulo íntimo, Dionísio, o Areopagita, proclamou que seres espirituais viviam no espaço e que a alma podia desenvolver uma percepção deles.

Desde a época de Copérnico (1473-1543), passamos a considerar o Sol como o centro do sistema solar, com os planetas, incluindo a Terra e seu satélite, movendo-se ao seu redor. O ponto de vista mais antigo, comumente conhecido como ptolomaico, é aquele em que a Terra é considerada o centro, com a Lua, o Sol e os planetas circulando ao seu redor. Este é o movimento aparente da nossa Terra. Pensando nas esferas dos planetas em conexão com as Hierarquias espirituais, a visão ptolomaica está correta. Se considerarmos também o fato de que a Terra é o cenário atual da evolução humana em todo o desenvolvimento planetário, uma posição central pode ser atribuída a ela.

Quer se considere a atitude dos povos antigos ou dos iniciados modernos, para ambos o cosmos está repleto de seres perceptíveis e, dentro das órbitas planetárias, encontram-se as moradas espaciais das Hierarquias. A Lua orbita a Terra e, tomando a Terra como centro e a trajetória circular da Lua ao seu redor, pode-se visualizar uma esfera no espaço. Esta é interpenetrada pelas esferas cujas órbitas formam outros planetas.

Assim, há uma série de esferas concêntricas, e é nelas que os diversos seres superiores têm suas habitações. As órbitas marcam os limites dos reinos de governo de cada membro de cada Hierarquia.

Embora uma determinada esfera seja o lar de certos seres superiores, isso não significa que eles atuem apenas ali. Por exemplo, os Espíritos da Forma têm um centro comum na esfera do Sol, mas estabelecem os limites dos planetas exteriores e também trabalham dentro das esferas assim delimitadas.

Esfera:

Habitado por:

Lua

Anjos

Mercúrio

Arcanjos

Vênus

Archai

Sol

Exusiai

Marte

Dynamis

Júpiter

Kyriotetes

Saturno

Tronos

Além de Saturno está a região dos Querubins e Serafins, no zodíaco.

(Deve-se notar que, ao longo da história, os nomes de Mercúrio e Vênus foram trocados. O que é chamado de Mercúrio acima é a Vênus atual e Vênus acima é o Mercúrio astronômico atual.)

Existem planetas além de Saturno, como Urano e Netuno, mas estes não pertencem propriamente ao sistema solar. Foram formados por seres que já haviam se retirado do antigo Saturno.

Você está lendo o Capítulo 9 do livro de Roy Wilkinson sobre Rudolf Steiner e a Antroposofia. Para ler este capítulo desde o início,  clique aqui.

Hierarquias, Terra e Homem

No mundo físico, distinguimos vários reinos naturais. Abaixo do homem, em ordem decrescente, estão os mundos animal, vegetal e mineral, os três reinos da natureza. No mundo espiritual, estão os reinos das Hierarquias. Acima do homem, em ordem crescente, estão as três classes de seres superiores. A mais próxima do homem é a Terceira Hierarquia, cujos membros são os Anjos, os Arcanjos e os Arcaítas, e que se ocupam essencialmente do desenvolvimento do homem.

Um estágio mais avançado que o homem são os Anjos. Eles não têm corpo físico e não precisam encarnar. Os Anjos têm a tarefa de zelar pelo homem e guiá-lo em certos assuntos para os quais ele próprio ainda não tem capacidade.

Um exemplo é a experiência bastante comum de que algum poder invisível parece nos guiar ocasionalmente. Fazemos coisas inconscientemente e, ainda assim, olhando para trás, podemos sentir que fomos guiados em uma direção específica que não era a nossa intenção naquele momento. Falamos de um Anjo da Guarda, ou um Espírito Guia.

Outra é que, em sua atual condição imperfeita, o homem ainda não é senhor de si mesmo. Ele controla apenas parte de seu corpo astral, que é a sede dos desejos, impulsos e impulsos. Com o passar do tempo, ele o transformará para que se torne um membro superior de seu ser e ele adquira uma nova faculdade. Uma das tarefas do Anjo é auxiliar o homem nessa tarefa.

Normalmente, o homem não tem consciência do seu Anjo da Guarda, embora, em circunstâncias particulares, possa às vezes discernir na alma a presença desse ser superior. Quando, por exemplo, um ser humano realiza uma tarefa por puro amor, totalmente além de interesses egoístas, ele pode se tornar consciente de alguma instância suprassensível, que é, na verdade, o seu Anjo da Guarda.

Os Arcanjos não se ocupam de indivíduos, mas sim de grupos de pessoas, como nações. A expressão "alma popular" ou "espírito popular", embora geralmente usada em sentido abstrato, pode ser interpretada como indicativa de uma realidade. Os Arcanjos são os espíritos-guia de nações ou povos específicos. É também sua tarefa governar o relacionamento entre os indivíduos e a nação ou povo.

O próximo nível é o dos Archai, os Primórdios, ou Espíritos da Personalidade. Enquanto os Anjos se ocupam dos indivíduos e os Arcanjos, da raça, os Archai têm como missão guiar toda uma época. A expressão "Espírito dos Tempos" também pode ser considerada uma realidade. Os Archai têm a tarefa de guiar um período específico, que não se restringe a um povo específico. Pode-se pensar em termos de épocas culturais como as do Egito/Caldeia/Babilônia/Assíria ou Grécia/Roma. Os Archai influenciam a encarnação de certas personalidades cuja presença na Terra é necessária nesses momentos específicos.

Ao longo da história, os membros da Hierarquia acima tiveram tarefas especiais em circunstâncias especiais.

Se pensarmos nos tempos antigos, antes que o homem recebesse o ego, a humanidade poderia ser comparada a crianças que precisam de orientação. Antes de a Terra se solidificar em sua condição atual, ela passou por outros estágios, onde, em sintonia com seu desenvolvimento, a estrutura humana era menos rígida do que é hoje. O período imediatamente anterior ao nosso foi a Atlântida, e o anterior a essa, a Lemúria. Nesses períodos, a humanidade era diretamente liderada por seres da Terceira Hierarquia. Arcanjos, Arcanjos e Anjos agiam por meio da ação humana. As pessoas sentiam a influência de seres espirituais divinos que inspiravam, mas não encarnavam diretamente. Havia, no entanto, outros membros da Hierarquia que haviam ficado para trás em seu desenvolvimento e encarnaram, sobre os quais falaremos mais adiante.

Na Lemúria, não havia fala nem pensamento como os conhecemos e, portanto, não havia comunicação como a conhecemos. Certos membros dos Archai permeavam corpos humanos específicos e irradiavam uma influência dos mundos espirituais que as pessoas aceitavam instintivamente.

Na Atlântida, os Arcanjos atuavam por meio de seres humanos centrados nos oráculos e eram os sacerdotes da época. Manu (Noé) era um deles.

No final da Atlântida e nos primeiros períodos das civilizações pós-atlantes, os anjos foram os principais inspiradores, embora haja alguns casos da presença de Archai e Arcanjos.

Embora não mais ativas na criação, as Hierarquias superiores ainda têm tarefas a cumprir. Já foi descrito em outro lugar como a Terra é um de uma série de desenvolvimentos planetários. Os Exusiai têm a tarefa de zelar para que a humanidade passe corretamente de um estágio para o seguinte. A Terra é o lugar onde o homem trabalha seu carma atualmente. Ela tem uma forma particular. Por isso também, os Exusiai, os Espíritos da Forma, são os seres responsáveis. Mas dentro da forma há um movimento contínuo. No período limitado de uma vida, as posições relativas da terra e do mar podem não mudar muito, mas, ao longo de um período mais longo, as relações mutáveis ​​devem ser observadas. Um exemplo é a mudança na configuração da Terra desde a Atlântida até os dias atuais. A água e o ar estão em movimento contínuo. A umidade é atraída para cima, as nuvens se formam e a chuva cai. A explicação de tais questões, conforme dada pela física, pode ser correta até certo ponto, mas também existem influências mais sutis. Esses movimentos contínuos no planeta podem ser comparados ao corpo etérico do homem. Eles são uma expressão da vida e são produzidos pelos Dynamis, os Espíritos do Movimento. Por trás da forma e do movimento, existe uma espécie de consciência do que deve acontecer. Essa ideia, essa consciência, está investida nos Kyriotetes, os Espíritos da Sabedoria.

A Terra, contudo, não está sozinha. Ela pertence ao restante do sistema solar e ao universo. Ela obedece a certas leis, e os agentes que governam seu caminho pelo espaço são os Tronos, os Espíritos da Vontade. Harmonizar seu movimento com o restante dos planetas é tarefa dos Querubins, os Espíritos da Harmonia, enquanto os Serafins, os Espíritos do Amor, regulam o funcionamento do sistema solar com os demais sistemas.

Em todos os estágios, há membros das Hierarquias cujo desenvolvimento é incompleto, e o homem vive tanto sob a influência dos seres normais quanto daqueles que ficaram para trás. Estes foram chamados de Espíritos da Adversidade, mas é preciso lembrar que eles não são malignos em si mesmos.

À medida que o homem cresce em força superando obstáculos, a Divindade achou por bem tornar seu caminho menos direto do que poderia ter sido para que ele desenvolvesse novas qualidades. Certos membros das Hierarquias foram persuadidos, ou autorizados, a permanecerem para trás em seu desenvolvimento. Foi um sacrifício. Sua ação promoveu os interesses do homem, mas ao mesmo tempo introduziu a possibilidade do mal.

É da natureza dos Anjos refletir as atividades de seres de nível superior, e quando alguns destes renunciaram a um maior desenvolvimento, outros Anjos seguiram seu exemplo. Eles receberam um impulso para serem livres, para desenvolverem uma vida interior. São conhecidos como seres luciféricos.

Devido à sua condição alterada, eles precisavam de um meio diferente de adquirir experiência e descobriram que uma conexão mais próxima com o homem poderia proporcionar isso. Isso afetou o homem de tal forma que ele recebeu forças astrais que não conseguia controlar inteiramente. Assim, embora seus sentimentos possam dar origem a esforços nobres, eles também podem ser devotados a fins egoístas. A menos que sejam controlados e guiados por um elemento superior em seu ser, as paixões, os impulsos e as ânsias do homem podem levá-lo ao fanatismo e a um estado de espírito em que ele não tem controle de si mesmo. O poder dos espíritos luciféricos é assim fortalecido. Eles gostariam de governar o mundo.

Os seres luciféricos persuadiram o homem de que ele poderia se tornar independente dos poderes divinos. Deram-lhe uma nova faculdade e ele se tornou consciente do mundo físico. Seus olhos se abriram. Antes disso, ele vivia em um estado de consciência do mundo espiritual e, portanto, estava inconsciente das funções corporais. Agora, ele se tornou consciente do processo de propagação, consciente da doença, da dor e da morte.

Há um propósito para o homem ser influenciado por seres anormais, mas o que em determinado momento é progressivo para ele torna-se retrógrado se continuar por um período posterior sob condições diferentes. Para a experiência e o desenvolvimento mais amplos da humanidade, a diversidade era essencial. Assim, em certo momento, os espíritos luciféricos dividiram a humanidade em raças. Por um tempo, isso foi perfeitamente justificado, mas se se estender além de um certo período, surgem sintomas negativos, como racismo e nacionalismo.

Foi dito anteriormente que, nos tempos lemurianos e atlantes, seres da Terceira Hierarquia permeavam corpos humanos e eram líderes reverenciados, mas também havia alguns que realmente encarnavam plenamente. Eram aqueles cujo desenvolvimento estava incompleto e ocupavam uma posição intermediária entre o homem e o Anjo. Tornaram-se os mestres da humanidade e fundadores de diferentes civilizações.

Nos tempos Lemurianos, a fala era estimulada pelos Anjos normais e teria sido uniforme por toda a humanidade, mas seres luciféricos encarnavam em grupos específicos de pessoas e ensinavam línguas específicas.

O contato com o mundo físico trouxe outro perigo ao homem. Além dos seres luciféricos, existem outros conhecidos geralmente pelo nome que lhes foi dado na época persa, Ahrimanicos ou Espíritos das Trevas.

Não é intenção aqui tratar do problema do bem e do mal ou da questão da redenção que inclui a missão de Cristo, mas alguma breve indicação dessas coisas deve ser dada no contexto do tema geral.

Enquanto as forças luciféricas afastariam o homem da Terra, as de Ahriman o prenderiam ainda mais a ela. O objetivo destas últimas é persuadir o homem de que o mundo material é o único que importa.

O homem deve lutar contra esses dois poderes. Para ajudá-lo a combatê-los, um poderoso Ser espiritual veio à Terra e encarnou em um corpo humano, trazendo poderes revitalizantes à atmosfera terrestre, por meio dos quais o homem pode fortalecer suas forças do ego, purificar seu astral e reconhecer o mundo físico como uma manifestação do espiritual. Este era o Cristo. Ele não buscou coagir. Nenhum poder superior pode forçar o homem a fazer o bem. O homem deve se erguer e ser livre por meio de seu próprio esforço e, eventualmente, redimir seus adversários.

Há outra conexão muito importante entre as Hierarquias e o homem, a saber, seu encontro, que ocorre durante o período de sono do homem e no período entre a morte e o renascimento. Há, ou deveria haver, uma troca de experiências mutuamente benéfica.

Um observador atento a essas questões pode ocasionalmente perceber uma certa sensação de desconforto ao acordar, algo semelhante a uma consciência pesada. Isso pode ser devido a um encontro insatisfatório com os seres superiores. A razão para isso pode estar no que foi dito no dia anterior. A fala e seu conteúdo não são importantes apenas na vida física, mas têm implicações muito mais amplas.

O que o ser humano disse durante o dia repercute no mundo espiritual durante o sono e deveria trazer alegria a certos membros das Hierarquias. Mas a fala desleixada e o conteúdo materialista não trazem prazer, o que, por sua vez, inibe os seres superiores de concederem certas forças revigorantes. Assim, o ser humano sofre uma forma de privação.

Além disso, as próprias Hierarquias sofrem de uma espécie de subnutrição. O que o ser humano absorve no mundo espiritual tem consequências para si. Não podem dar se não receberem, e isso é particularmente importante para o homem em sua jornada pelas esferas após a morte. É tarefa dos seres espirituais nas regiões celestiais transformar as ações humanas e transformar os resultados no novo carma que será experimentado em encarnações subsequentes. A Terceira Hierarquia se ocupa da formação do corpo; a Segunda implanta forças de atração e aversão, que são um guia para encontrar seres humanos relacionados; a Primeira Hierarquia ajuda a determinar o caminho que leva aos eventos e acontecimentos aparentes.

É preciso lembrar que o que o ser humano diz e faz não é problema somente seu e das Hierarquias, mas afeta o mundo em geral.

As Hierarquias na Natureza

Com nossa consciência normal, vivemos em um mundo físico, mas esta é apenas uma meia existência. O mundo físico é uma manifestação de forças espirituais. Se nossas mentes fossem suficientemente desenvolvidas, perceberíamos essas forças não como abstrações, mas como seres superiores.

Falamos de uma Terra física e de efeitos físicos, mas a Terra está sujeita a todos os tipos de influências que emanam do cosmos. Os efeitos do Sol e da Lua são bem reconhecidos e certas influências planetárias podem ser demonstradas, mas agora podemos pensar um pouco mais além, em fileiras inteiras de seres espirituais no espaço que também irradiam algo para a nossa Terra.

Quando consideramos o homem, vemos primeiro seu corpo físico. Há, no entanto, algo no corpo físico que o mantém vivo — um princípio ou corpo suprassensível conhecido como etérico. Há algo mais além que é a sede do impulso e da ânsia — o astral — e, além dele, o guia supremo que chamamos de ego.

Em relação à Terra, há um arranjo semelhante, mas o que chamamos de princípios ou corpos são seres. Esses seres são as Hierarquias e seus descendentes ou servos.

A Terra tem uma existência física óbvia. Na medida em que há vida no físico, ela tem um etérico. Uma força fornece impulsos e estímulos. Este é o astral, e há um certo poder orientador que podemos equiparar ao ego.

Consideremos os reinos da natureza abaixo do homem, ou seja, mineral, vegetal e animal. O mineral é geralmente considerado matéria morta e, sob certo aspecto, isso está correto. Mas a matéria é algo que se cristalizou a partir do ser, e se pensarmos nas origens do Antigo Saturno, podemos perceber que o que se tornou matéria é uma parte da substância calorosa que emanou de um membro da mais alta Hierarquia, os Tronos. No caso do mineral, a substância não foi mais vitalizada, mas ainda possui forma e ser interior. Os metais têm características definidas; as rochas são compostas de várias substâncias que conferem a cada uma delas um caráter único. O mundo vegetal representa um estágio posterior de desenvolvimento. Possui uma gama infinita de formas e maneiras de crescimento. O mundo animal é mais avançado e possui igualmente uma infinidade de diferenciações.

Uma vez criada, a Terra precisou de um elemento sustentador e mantenedor. As forças ativas que deram ao mineral seu ser interior, à planta sua forma e movimento únicos, e a cada espécie animal sua característica particular, fluem das esferas celestes, as moradas das Hierarquias, mas para seu trabalho na Terra, as Hierarquias têm assistentes.

Na substância sólida, nas rochas e nos metais, encontram-se os chamados espíritos da terra. Na névoa, na nuvem e nos borrifos, encontram-se os espíritos da água. Estes últimos são os seres cuja tarefa é puxar a planta da terra para cima. Ao redor da flor e do fruto da planta, pairam os seres do ar, enquanto uma quarta categoria transmuta o calor do ambiente em forças de amadurecimento.

É a cooperação de todos os espíritos da natureza que forma o corpo etérico da Terra, e os espíritos da natureza são ajudantes e descendentes da Terceira Hierarquia. Assim como uma planta produz sementes, as Hierarquias podem produzir outros seres. A diferença é que uma planta crescerá como sua mãe, mas os descendentes da Hierarquia não alcançarão o mesmo status.

Por trás da atividade da Terceira Hierarquia está a da Segunda, que fornece estímulo. O fato de que tudo tem forma, o mundo e todos os seus habitantes, já foi mencionado. Há uma variedade infinita de formas. A forma, no entanto, muda no processo de crescimento. Basta pensar na metamorfose da planta, como a semente se transforma em folha, a folha em flor, a flor em fruto e o fruto em semente. No animal e no homem há mudança e crescimento, mas em todos esses desenvolvimentos há sabedoria inata.

Na criação, a Segunda Hierarquia se preocupou em conceder o astral ao homem, e a Segunda Hierarquia tem descendentes no mundo astral. Estes são as almas coletivas das plantas e dos animais.

(A alma grupal ou ego grupal pode exigir uma pequena explicação. No homem, reconhecemos um indivíduo e atribuímos individualidade humana ao ego. Cada pessoa é uma individualidade por direito próprio, mas isso não se aplica ao reino vegetal ou animal. Embora um único animal possa ter suas idiossincrasias, notamos que sua natureza e comportamento são muito semelhantes aos de todos os outros animais daquela espécie em fundamentos. No entanto, cada espécie é individual e, portanto, pode-se falar da individualidade de uma espécie, conhecida também como alma grupal ou ego grupal. O mesmo se aplica às plantas.)

Também na esfera astral, dando instruções aos espíritos da natureza, estão outros seres que são descendentes da Primeira Hierarquia.

A Primeira Hierarquia consiste — por assim dizer — de diretores, originadores. Assim como o ser humano vive em certos ritmos, por exemplo, a mudança rítmica entre o sono e a vigília, o mesmo ocorre com a Terra. Há forças que influenciam o florescimento e o murchamento das plantas, a alternância do dia e da noite, a mudança das estações, a duração da vida dos animais. Essas forças emanam da Primeira Hierarquia, mas são administradas por seus descendentes, conhecidos como os Espíritos da Rotação do Tempo. Esses seres governam tudo o que ocorre nos ritmos da natureza, tudo o que depende de acontecimentos repetidos.

Poderíamos então resumir a influência das Hierarquias na natureza da seguinte forma, lembrando os intermediários:

Nas forças dos elementos

Terceira Hierarquia

Na forma e metamorfose

Segunda Hierarquia

Nas origens das leis e dos ritmos

Primeira Hierarquia

Quando o ser humano utiliza seus sentidos (ou seja, visão, audição, olfato, paladar, tato), ele se torna consciente dos objetos no mundo físico. Ele pode formular pensamentos sobre esses objetos em relação às suas forças, leis e até causas, mas, em última análise, os objetos têm "ser", e esta é uma entidade espiritual. Em algum estágio futuro de sua evolução, o homem desenvolverá novas capacidades que lhe darão consciência das Hierarquias enquanto ainda for um habitante do mundo físico.

 

Michael e o Dragão. Rudolf Steiner

Michael (Arcanjo e Arqueu) não lança fortemente o dragão no inferno, mas sim nas cabeças (sistema neuro-sensorial) dos seres humanos

Rudolf Steiner

Tradução Sonia von Homrich

Trecho de uma série de Conferências GA 194

Bem, meus caros amigos, nos perguntamos sobre a origem da inteligência humana, sobre a origem do comportamento humano inteligente o que falando simplesmente, tem seu instrumento em nosso organismo da cabeça. E vimos que essa constituição inteligente de nossa alma provém daquele ato do Arcanjo Michael, comumente representado no símbolo da Queda, da expulsão do Dragão.  Este é, na verdade, um símbolo muito trivial. Pois, se realmente concebemos Michael e o Dragão, temos que visualizar, primeiro, o Ser de Michael e, em segundo lugar, o Dragão que, na realidade, consiste em tudo o que entra no que chamamos de razão, em nossa inteligência. Miguel não lança suas hostes opositoras no inferno, mas dentro das cabeças humanas; nelas esse impulso luciférico continua a viver. Caracterizei a inteligência humana como um impulso Luciférico real. Então, podemos dizer: se olharmos para trás, para a evolução da Terra, encontramos o ato-de-Michael, e a esse ato de Michael junta-se a iluminação do ser humano por sua razão. Os seres sub-humanos cujo caráter principal consiste no impulso que coincide fortemente com as forças de vontade (sistema metabólico) do ser humano, com o poder humano da vontade, agora aparece a partir do inferior, por assim dizer, enquanto as hostes de forças lançadas por Michael vieram de cima; e enquanto estas últimas tomaram posse da força de vontade humana, estas uniram-se à ela e são seres produzidos pelo reino do Ahriman.

 Influências ahrimânicas atuaram através daquelas consciências obscurecidas. Realmente, meus caros amigos, enquanto não se considerar essas forças como forças objetivamente existentes no mundo, assim como toma-se em consideração o que hoje chamamos de magnetismo, eletricidade e assim por diante, não obteremos um insight daquela natureza que, segundo o Hino (prosa) à Natureza de Goethe, consiste no ser humano. Pois a natureza, tal como é concebida na ciência natural atual, não contém o ser humano, mas apenas o self físico humano.

(Ser humano: corpo físico, corpo etérico, corpo astral, Eu)

 Rudolf Steiner. GA 194. A Missão do Arcanjo Michael. The Mission of the Archangel Michael. Conferência V. Lecture V

https://rsarchive.org/Lectures/MissMich/19191129p01.html

 V. The Michael Deed and the Michael Influence as Counter-pole of the Ahrimanic Influence

29/11/1919, Dornach

Only through a knowledge of the most important and essential laws of human evolution can man attain a real consciousness that supports his soul. He must learn to know the events of human evolution and make them part of his question of taking fully into account—I made this remark already a few days ago—that the evolution of mankind is itself an evolution of a living entity. Just as there is ordered growth in the single human individual, so is there ordered growth in the evolution of the whole human race. And since the present is the moment when we have to become conscious of certain things, and since the human being has participated, during his repeated earth lives, in the various configurations of humanity's evolutionary history, it is also necessary to develop an understanding for the different human soul moods in the various epochs of mankind's evolution. I have often stated that what we call history today is really a fable convenue, a fable agreed upon, for the reason that the abstract recounting of events and the searching for cause and effect in historical processes in an external sense does not take into account the transformations, the metamorphoses of human soul life itself. When, from this point of view, we make tests, we can easily show that it is a prejudice to believe that the soul mood of modern man prevailed also in the times to which the first historical documents reach back. This is not the case. Human beings, even the simplest, most primitive, of the ninth and tenth post-Christian centuries had a soul mood completely different from that of human beings after the middle of the fifteenth century. We can trace this right into the lower strata of the human race, but also into the upper levels. Try, for instance, to familiarize yourselves with Dante's curious work about “Monarchy.” If you read such a thing, not as an oddity, but with a certain cultural-historical sagacity, then you will notice that such a book of a representative of his time contains things which could not possibly have been spoken out of the soul of a modern human being.

In this book, which was intended as a serious treatise about the legal and political foundations of monarchy, Dante tries to show that the Romans were the most excellent people of the world, as far as it was known at that time, was the primeval right of the Romans. He tries to show that the conquest of the whole earth by the Romans constituted a right greater than for instance the right of independence of single, smaller peoples; for it was the will of God that the Romans should rule over the various smaller peoples, for the latter's own good. Dante offers many proofs, out of the spirit of his time, why the Romans were justified in ruling the earth. One of these proofs is the following: He says: The Romans descend from Aeneas. Aeneas married three times. First, Creusa; through this marriage he acquired the right, as progenitor of the race, to rule Asia. Secondly, he married Dido; through this marriage he acquired the right, as ancestor of the Romans, to rule Africa. Then he married Lavinia; through this he acquired the right for the Romans to rule Europe. Herman Grimm, who once discussed this matter, made the telling remark: How fortunate that at the time America and Australia were not yet discovered!

But this sort of conclusion was something quite self-evident for an enlightened spirit of the time of Dante, indeed, for the most outstanding spirit of that time. This was a juridical presentation at that time. Now I ask you to imagine that any lawyer of the present age would draw such conclusions. You cannot imagine it. And you can just as little imagine that the mode of thought which Dante employs in regard to other subjects could arise in the soul constitution of a man of the present age.

Thus a quite obvious fact shows that we have to take into consideration the transformation of the soul constitutions of human beings. To fail to understand these things was tolerable in a certain way up to our time. But it will no longer do in our time, and quite especially will it not do for mankind in the future, for the simple reason that mankind, right up to our time, or at least up to the end of the eighteenth century, had certain instincts; (since the French Revolution matters have gradually changed, but still, old remnants remained of the soul constitutions in question.) Out of these instincts mankind was able to develop a consciousness which supported the soul. But in the present state of the constantly changing organism of mankind these instincts no longer exist and man must consciously acquire the connection with the whole of humanity. This is, after all, the deeper significance of the social question in our present time. What people state in their party platforms are only superficial formulations. That which surges in the depths of human souls expresses itself in such formulas; mankind feels that it is necessary to acquire a conscious relationship of the individual to the whole of humanity, that is, to acquire a social impulse.

Now, we cannot do so without focusing our attention upon the law of evolution. Let us do this once more after having done so repeatedly in regard to other questions. Let us take the time from the fourth post-Christian century up to the sixteenth post-Christian century. We see how Christianity bears the character of which I spoke yesterday and on previous occasions. We find that great care is taken during this period to understand the secrets of Golgotha through human concepts and ideas as they had been transmitted by Greek culture. Then a changed form of evolution sets in. We know that it really set in at an earlier time, around the middle of the fifteenth century; but it became clearly discernible only in the sixteenth century. At that time the natural-scientifically orientated thinking began to take hold of the upper level of mankind and to spread further and further.

Let us focus our attention upon this natural-scientific thinking in regard to a certain quality. There are many qualities of natural-scientifically orientated thinking which might be mentioned, but today we want to emphasize one quality in particular. It is the following: If we are a really efficient, modern thinker in the present sense, we are unable to cope with the problem of the necessity of nature and human freedom. The natural-scientific thinking of the modern age pressed onward more and more toward conceiving of the human being as a member of the rest of nature, the latter being considered a stream of causes and effects determining one another. Certainly, there exist today many human beings who see clearly that freedom, the experience of freedom, is a fact of human consciousness. But this does not prevent them from being unable to cope with this problem as they steep themselves in the special configuration of natural-scientific thinking. If we think about the being of man in the way modern natural science demands we are unable to reconcile this thinking with the thinking about human freedom. Some people take it very easy in regard to human freedom, in regard to the sense of human responsibility. I knew a professor of criminal law who began his lectures on criminal law every time with the following remarks: Gentlemen, I have to lecture to you on criminal law. Let us begin by assuming the axiom that there is human freedom and responsibility. For, if there were no human freedom and responsibility, there could be no criminal law. However, criminal law exists, for I have to lecture on it to you; therefore, responsibility and freedom exist also.—this argumentation is somewhat simple, but it points to the difficulty that arises for human beings when they have to ask the question: How can the necessity of nature be reconciled with freedom? It shows, in other words, how the human being has been forced more and more through the evolution of the last few centuries to acknowledge a certain omnipotence of the necessity of nature. One does not express it in these words; nevertheless, a certain omnipotence of natural necessity is conceived of. What is this omnipotence of natural necessity?

We shall understand one another best if I remind you of something which I have mentioned frequently. Modern thinkers believe that they act—or, rather, think—without prejudice, merely as scientific researchers, when they assert that man consists of body and soul. People, all the way up to the great philosopher Wilhelm Wundt—who is great, however, merely through the graces of his publisher—people maintain: if we think without prejudice, we have to consider man as consisting of body and soul, if we ascribe any validity to the soul at all. And only timidly does the truth make its appearance, namely, that man consists of body, soul, and spirit. The philosophers who consider themselves unbiased in their belief that man consists of body and soul do not know that their concept is merely the result of a historical process which had its starting point in the eighth Oecumencial council of Constantinople when the Roman-Catholic church abolished the spirit by establishing the dogma that henceforth the orthodox Christian was to think of man as consisting of body and soul, the soul having some spiritual qualities. This was a church law; philosophers still teach it today and do not know that they are merely following a church law. They believe they carry on unprejudiced science. This is the situation today in regard to many things called “unprejudiced science.”

The matter is similar in regard to the necessity of nature. During the whole evolution between the fourth and the sixteenth centuries the concept of god took on a quite particular form. If one takes into account the more intimate aspects of the spiritual evolution of these centuries, one will become aware of the fact that a quite definite concept of God was more and more elaborated in human thinking, a concept of God which culminated in the dictum: God, the Omnipotent, the All-Mighty. Few people know that it would have had no meaning for human beings prior to the fourth post-Christian century to speak of God, the All-Mighty. My dear friends, we do not engage in catechism truths; there you will, naturally, find: God is all-mighty, all-wise, all-benevolent. All these are things which have nothing to do with realities. Prior to the fourth century, nobody would have thought of considering omnipotence as a fundamental quality of the Divine Being if he had an understanding of these matters and really lived with them. For at that time the after-effect of the Greek concepts still held sway. In thinking about the Divine Being, people would not have spoken of God, the All-Mighty, but of God, the Omniscient, the All-Wise.

God, the All-Mighty

(Previously: God the All-Wise)

fourth century sixteenth century

Wisdom was considered the fundamental attribute of the Divine Being. The concept of Omnipotence only gradually penetrated the idea of the Divine Being, from the fourth century onward. It continued to develop. The concept of personality was abandoned and the predicate was transmitted to the mere order of nature, which is conceived of more and more mechanically. And the modern concept of the necessity of nature, the omnipotence of nature, is nothing but the result of the evolution of the concept of God from the fourth to the sixteenth century. Only, the qualities of personality were abandoned and that which constituted the concept of God was taken over into the structure of thinking about nature.

Now, my dear friends, the genuine natural scientists of today would oppose such statements vigorously. Just as many philosophers believe they are thinking without prejudice about man by considering him as consisting of body and soul, whereas in truth they merely follow the eighth Oecumenical Council of Constantinople in 869,—just as these philosophers are dependent upon a historical stream, so all the Haeckeleans, Darwinists, physicists with their natural order are dependent upon the theological stream that developed in the period from St. Augustine to Calvin. These things have to be comprehended. It is the peculiar character of every evolutionary stream that it comprises evolution as well as involution or devolution. And while the concept “God the All-Mighty” developed, there existed a sub-current in the subconscious spheres of human soul life, which then became the leading upper current: the nature necessity. (See diagram, red) And since the sixteenth century there exists a new sub-current which prepares precisely in our time to become an upper current. (blue.)

Forma

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It is characteristic of the Michael age that that which has been prepared in the form of a sub-current of nature-necessity must henceforth become an upper current. But if we wish to acquire a possible concept of what it is that has thus prepared itself, we must understand the inner spirit of Earth evolution.

I recently drew your attention to the fact that what takes place in the evolution of the earth and of mankind in particular moves in a descending line. Earth humanity and the evolution of the earth itself is on the path of decadence. I drew your attention to the fact that this is today a recognized geological truth, that geologists who are to be taken seriously admit that the earth crust is in a process of decay. Mankind itself, in particular, is in a process of decay through the sensuous-earthly forces. And mankind, in its evolutionary process, must receive spiritual impulses which counteract decadence. Therefore a conscious spiritual life must enter mankind. We must be clear about the fact that we have already passed beyond the pinnacle of Earth evolution. In order that it may proceed, the spiritual must be taken up more and more clearly and distinctly.

At the outset, this seems an abstract fact. But for the spiritual researcher this is not an abstract fact. You know that we can trace the evolution of the Earth through the SaturnSun, and Moon states right into the Earth state. This evolution may also be characterized in the following way: if we speak of present mankind, we may consider the evolution of mankind through the SaturnSun and Moon periods as a preparation, as a pre-state. Only upon the Earth itself did man, as he received his ego, gain his true humanhood, and he will receive further elements into his true being during the subsequent evolutionary stages of the Earth.

Now you know that the so-called Archai, the present Spirits of Personality or Time Spirits, were in the Saturn state at the stage of evolution at which the human being is today, although in quite different forms, with a completely different outer aspect. I have expressed this in my books by saying: what we designate today as Archai, as Spirits of Personality, was man during the Saturn period. The Archangeloi were man during the Sun period, the Angeloi during the Moon period. During the Earth period we are man.

Our own evolution, of course, went on alongside all this, by way of preparation. If we go back to the Moon state we must say: Here the Angeloi were human beings, human beings, to be sure, with an appearance quite different from ours, for there were quite different conditions upon the ancient Moon. But alongside these Moon men, the Angeloi, we developed in a pre-state of the Earth evolution, in a very advanced state, so that we had to be taken into consideration by the Angeloi. Especially during the descending phase of the Moon evolution did we, at times, constitute a troublesome concern for the Angeloi. The same, however, is the case with us in descending Earth evolution: since the Earth evolution has entered its descending phases, other beings make themselves felt. My dear friends, it is a significant, an important result of spiritual-scientific research which is to be taken very, very seriously, that we have already entered the period of Earth evolution when certain beings make themselves felt who upon Jupiter—the next state of Earth evolution—will have advanced to the form of man, a different form of man, to be sure, but which, nevertheless, may be compared with the being of man. For we will be different beings on Jupiter. These so-to-speak Jupiter men exist already now just as we existed upon the Moon. They exist, of course not externally visible; but I explained to you recently what it means to be externally visible, and that man is also a super-sensible being. Supersensibily these beings are very decidedly present.

I emphasize once more: it is an extremely serious truth that certain beings make themselves felt which exist in the environment of mankind. They make themselves felt more and more since the middle of the fifteenth century. These beings possess chiefly the impulse of a force which is very similar to the human force of will, that force of will of which I told you yesterday that it exists in the deeper strata of the human consciousness. These invisible beings are related to that element of which ordinary consciousness thus remains unconscious today; but they already make themselves very strongly felt in the development of present-day humanity.

For the person who takes spiritual research truly seriously this is a problem of great magnitude. I was confronted with this problem especially strongly—at the time I spoke to a number of our friends about it in one or another form—I was confronted with this problem in a demanding fashion, as it were, when, in the year 1914, this war catastrophe broke in upon us. One had to ask oneself: How did an event overtake European mankind which it is impossible to gauge as to its causes in the way that is customary in regard to previous historical events? The one who knows that not more than thirty or forty people participated in Europe in the decisive events of the year 1914, and who also knows the soul condition in which most of these people were, will be confronted by this significant problem. For most of these people, as strange as it may sound today, my dear friends, most of these people had a dulled, obscured state of consciousness. During the last few years much has occurred that was caused by a dulled human consciousness. In the decisive places of the year 1914 we see everywhere that the most important decisions of the end of July and the beginning of August were reached with an obscured consciousness; and this has continued on right into our present day. This is a problem, terrifying in its nature. If we investigate it spiritual-scientifically, then we find that these obscured consciousnesses were the gateways through which precisely these will-beings were able to take possession of the consciousness of these men; they took possession of the obscured, veiled consciousness of these human beings and acted with their consciousness. And these beings who thus took possession, who are still sub-human beings, what kind of beings are they? We have to pose this question very seriously: What kind of beings are they?

Well, my dear friends, we have asked about the origin of human intelligence, about the origin of human intelligent behavior which, stating it simply, has its instrument in our head organism. And we have seen that this intelligent constitution of our soul stems from that deed of the Archangel Michael which is commonly presented in the symbol of the fall, the casting down of the Dragon. This is actually a very trivial symbol. For, if we really conceive of Michael and the Dragon, we have to visualize, first, the Michael Being, and, secondly, the Dragon who, in reality, consists of all that which enters into our so-called reason, into our intelligence. Not into a hell does Michael cast his opposing hosts, but into the human heads; there this Luciferic impulse continues to live. I have characterized human intelligence as an actual Luciferic impulse. Thus we may say: if we look back into the evolution of the Earth, we find the Michael-deed, and to this Michael-deed is joined the illumination of man by his reason.

The sub-human beings whose main character consists of an impulse which strongly coincides with human willing, with the human power of will, now appear from below, as it were, whereas the hosts of forces cast down by Michael came from above; and while these latter took possession of the human power of will; they unite themselves with it and are beings produced by the realm of Ahriman. Ahrimanic influences acted through those obscured consciousnesses. Indeed, my dear friends, as long as one does not take into consideration these forces as forces objectively existing in the world just as one takes into consideration what today is called magnetism, electricity, and so forth, one will not gain an insight into that nature which, according to Goethe's prose Hymn to Nature, comprises man. For nature, as it is conceived of in today's natural science does not contain man, but merely the human physical self.

At the beginning of Earth becoming we have to do with a downfall of Luciferic beings; today we have a rise of Ahrimanic beings. The former beings influence the Luciferic power of thought, the latter the human power of will; we have to recognize the arrival of these latter beings within the evolution of mankind. We have to realize that these beings arrive and that we have to reckon with a conception of nature which, to be sure, for the time being only includes man; for the animal kingdom will only be included later on in the Earth period. Upon the animal these beings have no influences as yet. We shall not comprehend the human race without taking these beings into consideration. And these beings, who are, as it were, pushed from behind, for behind them there stands the Ahrimanic power which endows them with their strong will power, which pours into them their directive forces,—these beings who as such are sub-human beings are controlled in their totality by higher Ahrimanic spirits and thus contain something which far surpasses their own nature and being. Therefore they show something in their appearance which, if it takes the human being captive, acts much more strongly, very much more strongly than that which the weak human being can control today, if he does not strengthen it through the spirit. What is the aim of this host? Well, my dear friends, just as the hosts which Michael has pushed down have aimed at human illumination, at human permeation with reason, so these hosts aim at a certain permeation of human willing. And what do they want? They burrow, as it were, in the deepest stratum of consciousness in which the human being is still asleep today in his waking state. Man does not notice how these beings enter his soul and also his body. Here they suck in, with their power of attraction, everything that has remained Luciferic, that has not become Christ-permeated. This they can reach: this they can take possession of.

My dear friends, our time raises these problems for us. We must no longer pass by these things. They are not convenient. For it has become convenient for human beings to think differently, that is, not to think at all about man, not to take him into consideration at all. And it is not without danger to speak about these things in complete truth at a time when many people do not at all love the sense for truth, quite apart from the fact that false sentimentality might find these things a psychic cruelty.

The result of the comprehension of these things, however, will be a thorough grasp of the necessity of the Christ impulse. One must recognize where the Christ impulse is lacking. Yesterday we showed that the Christ impulse takes hold of the middle stratum of consciousness; if man really permeates himself with the Christ, then these Ahrimanic powers cannot penetrate through this middle stratum, upward, and they cannot, with their spiritual forces, pull down the intellectual forces. Everything depends on that.

It is very necessary today that we recognize the nature of the influences which come to us from extra-human, sub-human beings which in turn are influenced by other beings. They are just as important as many influences which are only rooted in the world of man. A week ago I talked to you about the Michael influence. I have characterized this Michael influence for you. It is a very necessary one. For just as it is true that the Michael influence has brought about the Luciferic influencing of human intelligence, so true is it that now the counter-pole arises, namely, the appearance of certain Ahrimanic beings. And only through the constant activity of Michael is the human being armed against that which arises there. Even physiologically it is dangerous today to cling to mere nature necessity, to that kind of fatalism which is expressed in nature necessity. For education, through school and through life, in the concepts which are merely based upon nature necessity, upon the omnipotence of nature necessity, weakens the human head, and human beings become thereby so strongly passive in regard to their consciousness, that other forces are able to enter this consciousness, and human beings will fail to acquire the strength that is necessary for the reception into the human soul of the Christ impulse in its present form.

It is my duty, as it were, my dear friends, to speak at this time of the subject of which I have begun to speak today (I shall continue it tomorrow): of the appearance of certain Ahrimanic beings, which we have to take into account. Of this appearance numerous people upon earth are cognizant today. But they give it the wrong interpretation. They interpret it wrongly for the reason that they know nothing of the real triad of Christ-Lucifer-Ahriman, or do not wish to know anything about it, but jumble up Ahriman and Lucifer. Then discrimination is impossible; then it is impossible properly to recognize the true fundamental character of these Ahrimanic beings who now arise. Only if we clearly elaborate the Ahrimanic element and know the nature of the super-sensible influences which now arise as the counterpart, as it were, of Michael's casting down of the Dragon. It is like a lifting up, out of Ahrimanic depths, of certain beings. And these beings find special points of attack in the human being if the latter yields to unbridled instinctive impulses and does not strive for clarity in relation to them.

Now, there exists today a method I might call it an anti-method, of concealing the instinctive element, by putting down a concept and pushing another over it, so that it is impossible to form a proper judgment concerning it. Just think of the battle cry of the proletariat of the modern age. Behind this battle cry there stand very justified demands of mankind—I have often dealt with this. But these demands are not, to begin with, appealed to. In our idea of the three-fold social order they are appealed to for the first time. Something essentially different is appealed to: Proletarians of all countries, unite! What does this mean? It means: Foster your antipathy against the other classes, foster, as individuals, what resembles hate, and unite; that means, love one another, unite your feelings of hate, look for the love of one class, search among you for the love of the members of one class out of hate. Love one another out of hate, on the basis of hate.—There you have put down two concepts of opposing poles. This pushing back of instincts makes man's conceptions so nebulous, rendering him unable to know what he is dealing with in his own self. There actually exists a kind of anti-method, if I may use the paradoxical expression, in order to obscure, through present-day human thinking, the holding sway of an instinctive life which offers especially strong points of attack for the described Ahrimanic beings.

08 setembro 2025

Reinos e Auto-conhecimento. Rudolf Steiner.

 Reinos Espirituais e Autoconhecimento Humano, Rudolf Steiner

Tradução Sonia von Homrich

Através da memória, o ser humano contempla o espiritual em sua própria alma. Mas, na consciência comum, ele não chega a uma compreensão real daquilo que contempla.

Ele olha na direção de algo; mas seu olhar não encontra a realidade. A Antroposofia, a partir do Conhecimento Imaginativo, mostra o caminho para essa realidade.

Por meio dela, somos direcionados da sombra para aquilo que cintila e brilha.

A Antroposofia faz isso ao falar do corpo etérico do ser humano. Mostra como o corpo físico é ativo nas imagens de pensamento-sombra; mas como, no cintilar e no reluzir, o corpo etérico vive.

Com o corpo físico, o ser humano está no mundo dos sentidos; com o corpo etérico, ele está no mundo etérico.

No mundo dos sentidos, ele tem seu ambiente; no mundo etérico também. E a Antroposofia fala deste último ambiente (etérico) como o primeiro dos mundos ocultos em que o homem vive. É o reino da Terceira Hierarquia.

Abordemos agora a fala da mesma forma que consideramos a memória. Ela emana de dentro do ser humano, assim como a memória. Ela o conecta a um certo estado de ser, assim como a memória o une às suas próprias experiências.

Nas palavras, também, existe um elemento de sombra. Este é mais profundo do que a sombra dos pensamentos da memória. Quando o ser humano projeta interiormente a sombra de suas experiências (vivências) como suas memórias, seu próprio self oculto está ativo em todo o processo. Ele está presente quando a luz projeta a sombra.

Na fala, também há um processo de projeção de sombras. As palavras são as sombras. O que brilha neste caso?

Algo mais forte brilha, porque as palavras são sombras mais fortes do que são os pensamentos da memória. O elemento no self humano que, no curso de uma vida terrena, produz memórias, não pode criar palavras.

O ser humano deve aprendê-las em conexão com outros seres humanos.

Algo que reside mais profundamente nele do que aquilo que projeta a sombra da memória deve participar desse processo.

Neste caso, a Antroposofia fala a partir do Conhecimento Inspirado do corpo astral, assim como, no caso da memória, fala do corpo etérico. O corpo astral é adicionado aos corpos físico e etérico como uma terceira parte do ser humano.

Esta terceira parte também possui um ambiente cósmico ao seu redor. Esta é realizada pela Segunda Hierarquia. Na linguagem humana, temos um “fantasma” desta Segunda Hierarquia. Quanto ao seu corpo astral, o homem vive dentro da esfera desta Hierarquia.

Podemos ir ainda mais longe. Na fala, uma parte do ser humano está engajada. Quando ele fala, ele põe seu ser interior em movimento.

Aquilo que envolve esse seu ser interior permanece em repouso. O movimento da fala se desprende (é espremido) do ser humano enquanto ele permanece em repouso, mas o homem integral entra em movimento quando ele põe em atividade tudo o que pertence aos seus membros.

Neste movimento, o ser humano não é menos pleno de expressão do que na memória e na fala.

A memória expressa suas experiências. A natureza da linguagem consiste em seu ser na expressão de algo. Da mesma forma, o ser humano, cujo ser inteiro está em movimento, expressa algo.

A Antroposofia aponta que esse "algo" é uma outra parte do ser humano. A partir do Conhecimento Intuitivo, isto fala do "Self real" ou "Eu".

Este também, descobre-se, tem um ambiente cósmico, a saber, a Primeira Hierarquia.

...Desta forma, então, o verdadeiro autoconhecimento pode ser cultivado.

Mas, ao fazer isso, o ser humano não apreende o seu próprio Self sozinho.

Passo a passo, ele compreende as partes do seu corpo: o corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o Eu Real ou Eu (Self real).

E, ao compreender estas partes, ele também alcança, passo a passo, os mundos superiores nos quais os três reinos da Natureza, os reinos animal, vegetal e mineral, pertencem, como os três reinos espirituais, o todo Universo no qual SEU SER está SE DESENVOLVENDO.

Fonte: Rudolf Steiner. GA 26. Reinos Espirituais e Auto-Conhecimento Humano.  GA 26. Anthroposophical Leading Thoughts

https://rsarchive.org/Books/GA026/English/RSP1973/GA026_a04.html

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