Missão, Caráter, Vida
Missão de Vida, Caráter, Essência e
Grail Triptych /Tryptychon Graal,
Sonia von Homrich
Desde pequena eu tenho pouco interesse em diferenças de raça, linguagem
e nações. O que chama mesmo a minha atenção é o elemento humano universal. Sou
cidadã do mundo. Olhando para a evolução da humanidade até os tempos atuais, eu
me sinto conectada com o meu passado – e a Bíblia é uma maravilhosa explicação
desta evolução.
Mas como me sinto conectada com o
meu futuro?
Bem esta é uma longa história, complexa, em termos de Alfa e Ômega, a evolução da
consciência. Nos tempos de Abraão em 3. 000 AC,
ao receber os 10 Mandamentos, a nossa consciência livre como seres
humanos tornou-se unida ao cérebro. Com Moisés nós passamos a carregar em nossa
natureza o “Eu sou” (2.000
AC). Com Salomão, nós adquirimos a Sabedoria (1.000 AC). Ativamente
estávamos desenvolvendo a nossa consciência como indivíduos.
Porque em alguns países, algumas pessoas são contra o desenvolvimento de
individualidades, contra o pioneirismo, a inovação? O que sentem que os faz ser
contra? Que medo surge? Será que confundem desenvolvimento da individualidade
[egoidade] com egoísmo?
Com os Templários [Cavaleiros da Cruz de Cristo e o Descobrimento do
Brasil] – o Templo que imaginavam construir deveria conter os segredos do
universo na sua visão cósmica. Salomão e Abel são da mesma corrente, Hiram [Caim]
é de outra corrente. A corrente de Abel permite que as pessoas recebam
poderosas revelações sem ter que trabalhar por elas de forma independente.
Estas individualidades não tiveram que perder sua capacidade de clarividência
para receber as revelações. Os representantes de Caim e Hiram, no entanto, perderam a clarividência – tiveram que
trabalhar duro na terra e fizeram muitas descobertas, ao mesmo tempo desenvolveram os instrumentos
musicais. A corrente de Caim teve que
desenvolver um “Eu” da Terra através do trabalho árduo. A corrente de Abel no
início não tinha um “Eu” independente – era este um presente do mundo
espiritual.
A Rainha de Sabá
O Graal foi o cálice que na pedra,
a Rainha de Sabá deu ao rei Salomão – ela o visitou devido à sua
sabedoria. No entanto, foi de seu encontro com Hiram que ela concebeu um filho
e não noivou Salomão. Em Mateus 12:42 “a rainha do Sul irá surgir no julgamento
final com seus descendentes e os condenará”. A rainha de Sabá é a alma da
humanidade - a sabedoria da humanidade, ela nos relembra quem somos - individualidades
criativas na Terra como seres humanos e, simultaneamente, “transportando e carregando” os grandes
princípios cósmicos. A Rainha de Sabá tornou-se em Maria
Madalena nos Mistérios a qual acompanhou Cristo nos tempos de após-ressurreição
quando ele ensinava os Mistérios. Rudolf Steiner disse que Maria Madalena, [Sabá] representa a alma. Ela é a Virgem, a Repanse
de Shove, a única individualidade à qual foi permitido transportar o Graal.
Após o ano 1.000, o Mito da Rainha de Sabá começou a ter poder.
“Da mesma forma que a Rainha de Sabá deu seu corpo e sangue aos seus
discípulos, podemos compará-la ao irmão João no centro, ambos bebendo da fonte
da sabedoria na essência de Cristo (Honorius Von Augsburg)”.
De acordo com Steiner a chegada da Rainha de Sabá é eminente no
presente. Como conectar a ciência de Hiram e a Sabedoria de Sabá?
Em 2.000 D.C., o “ Eu sou o Eu
sou” da vivência de Moisés
passa a acontecer dentro dos seres humanos. Diferentes individualidades começam
a lutar pela independência de suas próprias vidas. Heréticos aparecem confrontando a autoridade da igreja com a sua
própria autoridade interior. Procuram na luz interior, a voz interior que diz “Eu sou o eu sou”. Em
3.000 DC, neste caminhar que ora fazemos, vivenciamos como a condensação do
cérebro iniciada na idade de Abraão, começa a perder-se. As diferentes
individualidades em geral se tornarão cada vez mais livres de seus próprios
corpos, o que não necessariamente é uma benção. Quando não iniciadas, apenas
com a consciência comum do dia a dia, ficando livres de seus corpos, as pessoas
são injuriadas em seu caráter decaindo sob as influências de Ahriman, se
corrompendo. Passam estas pessoas a perceber apenas a espiritualidade vazia e
se tornam cegas à espiritualidade verdadeira.
Encontrei em vários países pessoas sofrendo de nervosismo, como
conseqüência de sua cegueira à espiritualidade verdadeira, chegando às
fronteiras da esquizofrenia. Infelizmente sei que estas pessoas não constituem
uma exceção. Vivemos na consciência dos mistérios da Vida na Terra, passando
pela evolução do Velho Saturno, o Velho Sol, a Velha Lua, hoje a Terra, o
futuro-Júpiter, o futuro-Vênus e o futuro-Vulcão. Sabedores que passamos pela
época polar, a hiperbórica, a Lemúria, Atlântida, pós-Atlântida – que é a época
que ora vivemos e já estamos entrando na sexta época de desenvolvimento, depois
teremos a sétima época.
São 7 os estágios da época pós-Atlântida: Mistério do Abismo (Índia
muito antiga), Mistério do Número (Pérsia muito antiga), Mistério da Alquimia
(Antigo Egito), Mistério do Nascimento e da Morte (Grécia e Roma antiga),
Mistério do Mal (nossa época), Mistério do Logos (sexta época), época dos
deuses (sétima época pós-Atlântida). O evento de Cristo ocorreu na Grécia e
Roma antiga, em termos de nascimento e morte.
O imagético de Cristo representada na escultura de Rudolf Steiner, chamada atualmente de “Imagem do Ser
Humano”, mostra o Cristo [o ser
humano atual] na confrontação com o mal
- confrontando Lúcifer e Ahriman, tentando manter-se em equilíbrio, entre estas
forças opostas.
A sexta época cultural [Philadelphia], a idade da fraternidade e da espiritualidade,
a Era do Eu/Self-Espiritual –refere-se a
uma idade que está chegando. Laodicea é a sétima época cultural. Steiner diz
que este período (note-se: este período; existem outros períodos] findará com a
guerra de todos contra todos. O egoísmo correrá de forma selvagem através da Terra.
Vemos em nosso cotidiano algumas demonstrações deste egoísmo
selvagem, em nossas famílias, nas guerras – com muitos falando em nome da
solidariedade. Presenciei pessoas que se referiam a si mesmas como sendo
predestinadas a serem ruins ou agirem de forma errônea, como se a corrupção fosse uma necessidades de carma... Apenas no
corpo físico é que uma pessoa pode estar predestinada a ser boa ou ruim, ou seja, mesmo que o corpo físico esteja predestinado
para o mal, jamais a individualidade
estará predestinada para o mal. A
individualidade (Eu, self) tem o poder de transformar a situação de
predestinação. A individualidade que cresce, progride e se transforma como
fazemos claro em nosso enfoque, a partir
do querer individual.
Somos nós os empreendedores de nosso próprio destino. Corpo físico e
individualidade [criativa] irão separar-se mais e mais. A parte corpórea direcionada
para uma vida boa ou ruim com as conexões entre as individualidades cada
vez mais fracas – o que leva à transparência do corpo físico, o corpo transiluminado
através de transformações pessoais que se assemelham a transubstanciações.
O que é uma individualidade [criativa] no hoje?
Individualidade e personalidade diferem. A personalidade hoje está
relacionada aos atributos derivados dos pais e da genética. As pessoas pensam com superficialidade ao
entenderem que compreendem através
da compreensão da genética. Em 1911 Steiner dizia que a
individualidade (Eu) não vive no corpo, mas ao redor do corpo. Está meramente
refletida no corpo e é esta reflexão que causa a ilusão de que o “Eu” [espírito
eterno] está neste corpo. O “Eu” vive sempre onde a nossa consciência está
presente. Quando estou saudável, meu corpo desaparece para mim. Quando não
estou saudável, eu “converso” o tempo todo com o meu corpo. Tornamo-nos conscientes da existência do
corpo físico e do que nos incomoda em nosso corpo. Quando eu observo as
estrelas estou muito mais com elas do que dentro de meus pulmões.
O “Eu” vive seu destino com outras individualidades. Quem está conectado
comigo? Como posso eu ver esta rede do destino? É exatamente aí que o
verdadeiro “Eu” vive. Após a morte, o “Eu” surge a partir do corpo como rede do
destino. “Os Anjos, Arcanjos e Arqueus recebem no tecer etérico a rede do
destino daquele que morre na Terra”.
As conseqüências socioculturais que vivenciamos nesta idade da
individualidade que vivemos hoje nos levam a compreender que as comunidades
apenas podem crescer a partir das conexões entre as pessoas. Nossas vivências
com cada um, com o outro, irão cada vez mais adquirir formas altamente
individualizadas. É este elemento individual que irá aliviar o sofrimento
interior do presente momento no qual vivemos .
Steiner diz que nós podemos até necessitar de estatutos para lidar com a
sociedade exterior porém dentro da vida em sociedade, de forma crescente,
[cada vez mais será] - o que
verdadeiramente conta é o relacionamento individual entre uma pessoa e outra.
A palavra é conviver – o convívio, o viver junto, familiaridade, intimidade,
companheirismo, intimidade...convivialidade, parceria. Nesta idade da individualidade,
é o individual, benéfico. Neste sentido,
quando vivemos com alguém sem convívio, não estamos exercendo a nossa
individualidade, na maneira que a apreendo.
Como considerar neste contexto que em alguns
países, nos meios onde a
individualidade não é considerada um benefício, como compreender e
fazer pontes onde as idéias bolchevistas, comunistas, difundiram tanto horror à individualidade? A Filosofia da Liberdade [Rudolf Steiner] retoma a
iniciação cristã no seu caráter universal do divino, no mais interior e íntimo
da verdadeira natureza da individualidade.
Qual é o relacionamento entre Cristo e a individualidade? Porque o mais
íntimo iniciado em torno de Cristo O chamou pelo seu verdadeiro nome “Eu sou”?
Na Lemúria, os Exusiai (Elohins) nos
deram a nossa individualidade. Eles sacrificaram parte de si mesmos para dar
individualidade aos corpos humanos, os quais então começaram a se diferenciar.
O Ser de Cristo originalmente era o Elohim que na Lemúria [Antigo Sol] era um
Arcanjo. Através do Ato do sacrifício sem fronteiras e sem fim, o Ser de Cristo
uniu-se ao Logos Cósmico. A palavra e
o Cristo tornaram-se um. O Ser de Cristo tornou-se Deus que inspirou e irradiou
o Elohim, trabalhando este seu presente da individualidade (Eu) para a
humanidade. O divino do “Eu sou” vive atrás de cada “Eu” humano. O “Eu sou”
irradia cada “Eu” com a luz divina. Cada noite ao adormecer passamos através de
todo o nosso passado, de todas as nossas encarnações anteriores, de volta ao lugar onde os Exusiai (Elohins)
eram fortalecidos pelo “Eu sou” divino em seus atos de sacrifício para a
humanidade.
Quando dois ou mais estão juntos em meu Nome... Steiner diz que as mais importantes sentenças do Evangelho
de Cristo para o presente momento neste progresso cultural que vivemos é “Quando
dois ou mais estão reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles”. Cristo está presente única e tão somente na esfera
que une seres humanos, uns com outros.
Na esfera do coração e do pulmão, no nosso sistema rítmico, onde cultivamos o
Eu-Espiritual [Self-espiritual]. O que vive quando duas pessoas estão reunidas
em Seu nome?
Amor - é a expressão do mundo espiritual na vida da Terra. O que
significa “juntos em Meu nome ”? Encontrar-se em nome do “Eu sou”.
Encontrar-se como uma individualidade. No interagindo de individualidades o
poder do amor está trabalhando. Vive a individualidade (Eu) em seu redor, em
sua rede/conexões de destino. Vive nos relacionamentos individuais onde as
pessoas encontram-se em nome da individualidade, do “Eu sou”, onde Cristo está.
Cristo tornou-se o Senhor do carma. Ele ordena (coloca ordem) o carma, assim a individualidade se beneficia para o
bem de todos. “Este é o início do “Último Julgamento” iniciou-se agora e continuará até o fim da
Terra. A Rainha de Sabá, a Maria Madalena, o Ser de Sofia, a Alma Sophia
(Antropos-Sofia) – é quem acompanha Cristo durante o Último Julgamento.
No futuro as religiões não irão misturar-se. Sua individualização é
válida, necessária e suas diferenças devem ser entendidas e reconhecidas – o
guardião do umbral para o Cosmos aparece em todas as religiões em muitas
fisionomias. Em cada religião as pessoas encontram o seu guardião quando se
aproximam do mundo espiritual, e tem suas diferentes imaginações criativas sobre este guardião.
Steiner fala de duas partes de Cristo. Uma parte de Cristo é o caminho
da vontade: idéias criadas pela própria individualidade e que jorram através
das iniciativas da individualidade. A outra parte é mais difícil de compreender:
“O que o menor de meus irmãos pensa, é minha individualidade (Eu). Cristo vive
em tudo que as pessoas pensam. Este caminho do pensar, refletir, meditar,
contemplar, não é um caminho fácil, mas desafiante, quando nos dispomos a dispender um único dia
nos permeando com este sentimento “Cristo fala em qualquer coisa que a
pessoa diz”.
Qualquer ser humano pode se encorajar
e ver Deus em qualquer lugar.
Ver, vivenciar a Deus. Independente de sua religião, mesmo que ela não
acredite em Cristo, ela pode vivenciar Deus como estando presente em tudo que a
pessoa diz. Gradualmente a religiosidade
independente irá crescer é quando isto acontecer, a Igreja como hoje é
concebida tornar-se há supérflua, pois as pessoas criarão o sagrado em si
mesmas. As igrejas são necessárias
enquanto as pessoas não são capazes de criar o sagrado em si mesmas, o que não
significa que estas tornar-se-ão deusas, mas sim dotadas de uma profunda
religiosidade.
Provavelmente algumas pessoas sentirão a conexão como sacramento no encontrar
com outro ser humano. Difícil é a prática desta ação como sacramento diante de
outro ser humano. Mais complexo isto se torna quando encontramos pessoas que não vivenciam mesmo o
encontro como um sacramento, quando não há reciprocidade. Para que este
sentimento surja a cada momento e em cada ser humano, este necessita nutrir-se
através do cultivo da compaixão nobre, destituída de interesses pessoais,
destituída daquele querer que as pessoas façam isto ou aquilo para satisfazer as nossas necessidades universais; de
forma genuína, qualquer que seja a religião na qual o nosso carma nos colocou -
“Eu me sinto confirmando no meu ser mais interior”. Esta confirmação
constante deve ser o nosso fortalecimento, encorajando a individualidade. É um
enorme erro pensar que Judeus ou Muçulmanos não podem entender isto ou que asiáticos
agem coletivamente sem uma individualidade - este é um tremendo preconceito
distorcendo as conexões de carma. Hoje temos que reconhecer o outro em seu mais
profundo ser.
“Conhecer a si mesmo é
conhecer o Cristo, encontrando o Cristo no outro e como conseqüência em você mesmo
– encontrar o “Eu sou” que vive em todas as pessoas é encontrar o Cristo no
outro, é conhecer a si mesmo no profundo sentido do “Conheça a si mesmo, não a
si, mas Cristo em si”.
Göppingen Set.2004/São Paulo Mai.2008
Pintura de Anna May, Graal